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Chapter 15 - GAROTA ENCONTRA GAROTO

Ye Rim conseguiu chegar em segurança até o carro do Dr. Kim estacionado do outro lado da rua. Ele aguardava do lado de fora do veículo, e o casal se cumprimentou de maneira estranha.

"Olá."

"Olá."

"Pronta?"

"Pronta."

O médico abriu a porta do passageiro para ela, antes de tomar seu lugar no banco do motorista. Ye Rim usou a luz do celular para checar se ela estava prendendo o cinto de segurança direito, já que ela não queria ter nenhuma outra situação vexatória dentro do carro do Dr. Kim. Ele percebeu isso, e para ajudá-la, ligou as luzes internas do carro enquanto ligava o motor.

Ele notou pelo retrovisor que sua companhia da noite estava sem maquiagem e com um olho bastante vermelho.

"Desculpe o atraso". Ela finalmente falou, dobraram a primeira esquina. "Aconteceram mil coisas."

"Tudo bem. Ainda temos tempo para jantar antes do espetáculo, se não demorarmos para escolher os pratos." Kim soou tranquilo. "Já avisei o maitre do nosso atraso."

"Vai dar mesmo tempo?" Ye Rim ficou surpresa. Ela estava preparada para comentários ácidos e alguma cobrança, considerando os encontros anteriores dos dois, mas ele parecia que realmente não ia tocar no assunto. Mas sua mente ainda suspeitava do Dr. Kim. "Isso é bom."

"Blackouts acontecem sempre no seu bairro?" Ele perguntou casualmente assim que entraram em uma zona com energia elétrica normalizada.

"Ahn… Não ultimamente. Mas nem me lembre." Ela ainda estava com o olho dolorido, e sentindo-se exposta e horrível sem maquiagem. Sua roupa não estava perfeita e sentia-se descabelada. Teria mil vezes preferido não sair assim, mas não iria ser a que volta atrás dos dois.

Já o Dr. Kim estava impecável, agora visto de relance enquanto dirigia, com roupas de bom gosto, um perfume másculo e discreto, e com uma expressão de quem tem o controle de tudo.Cerca de dois minutos se passaram em silêncio até que Kim perguntou:

"Algum problema?"

"Não…" ela falou olhando pela janela, tentando entender a mudança em Kim Jun Hyeon.

"Tenho certeza que aconteceu algo."

'Aigoo, que irritante…' ela pensou. 'Se é assim, ele precisa mesmo que eu diga, vou dizer.'

"Só achei engraçado… Você abrindo o carro para mim, Dr. Kim. É um pouco…"

Ele tentou adivinhar. "Antiquado?"

"Uhn.. Só não parece combinar com o Dr. Kim."

"Só estou tentando fazer o serviço completo." Ele falou num tom confessional. "Tenho certeza que meu avô tem um checklist de cada passo para esta noite ser perfeita, eu creio que devo tentar cumprir pelo menos 80% dos quesitos para ter certeza que agradei a ele e a você, como forma de pedir desculpas sinceras."

O que ele disse fazia sentido e era engraçado, mas Ye Rim não quis baixar a guarda para ele, e apenas sorriu levemente. Um novo silêncio caiu entre eles, ela sentiu o olho machucado lacrimejar involuntariamente, limpou depressa a bochecha com a palma da mão.

Ela notou que ele estava encostando o carro ao lado da via, e se virou, fungando, para perguntar o motivo. Ele estava desligando o carro e tirando o cinto de segurança. " O que foi? Por que paramos?"

Dr. Kim ligou a luz interior e segurou o ombro dela com firmeza. "Fique parada."

"Uhn?!" Ye Rim ficou atônita, 'O que esse maluco quer fazer? Se ele tentar me agarrar eu vou matar ele', ela agarrou sua clutch de metal com as duas mãos, nervosa. Enquanto pela cabeça da cantora passavam estas coisas, Jun Hyeon se inclinou e alcançou o porta-luvas, pescando de lá uma pequena lanterna, que num movimento ágil, ligou e apontou para o olho machucado dela. Naturalmente, sua pupila dilatou e ela foi cegada por um momento.

"Quieta, quieta." Seu tom calmante teve efeito sobre ela, que enfim entendeu que o instinto médico devia estar latejando desde que ligou o carro. " Só mais um pouquinho. Se você continuar indo pra trás eu não vou conseguir ver nada."

"Ah, eu… Eu quase furei meu olho enquanto tentava aplicar máscara. Esse foi um dos motivos do meu atraso." ela se justificou- se sentindo imediatamente uma boba por falar do atraso, e por parecer que estava se esforçando para parecer bonita para este encontro. Não era realmente um encontro, afinal. Que nome ela podia dar para isso, então?

Ele balançou a cabeça em descrença, segurando o queixo dela entre dois dedos e virando seu rosto para lá e para cá enquanto tentava examinar o olho de Ye Rim dentro do ambiente exíguo e condições precárias disponíveis. "Uhn, parece mesmo uma irritação por lesão mecânica. Não deve ser grave, mas precisa de mais limpeza e um agente calmante. Vamos passar numa farmácia. Se amanhã não estiver melhor você deve ir a um especialista."

Ye Rim ficou confusa com os próprios sentimentos. 'Quando você espera quase nada da pessoa e ela… Parece se importar… O que é isso, Ye Rim? Ele só estava sendo um profissional e seguindo o juramento dele. O jeito terno, o toque dos dedos dele em seu queixo… era só uma avaliação médica.' "Não é necessário passarmos na farmácia, Dr. Kim. Já está passando."

"Vai passar mais rápido com um colírio. Se isso for fazer você não discutir sobre isso, apenas pense que nós devíamos estar tentando dar uma boa impressão um ao outro."

Foram as palavras dele, que se virou voltando a sua posição no banco do motorista, desligando a lanterna e ligando o carro novamente, como se aquilo fosse nada.

Porém... Ele pareceu não resistir a tentação e, ao puxar a marcha, pareceu olhar de novo para as pernas dela, como da outra vez. Ele até mesmo pareceu estreitar os olhos e depois voltar-se para frente como quem lembra que tem que fingir que não estava espiando.

'Sério? Ele não perde uma chance. Quando você acha que a pessoa realmente é diferente da impressão ruim que te passou, ela faz isso…'

"Hmpf!" Ela cruzou os braços ostensivamente, virando o rosto, demonstrando que tinha percebido. Kim rapidamente a checou, e chegou a conclusão que ela possivelmente tinha interpretado mal o que tinha capturado a atenção dele lá embaixo.

"Você novamente pensando mal de mim…" ele ralhou mansamente.

"Uhn?" Ye Rim olhou na mesma direção, para checar o que ele tinha visto, afinal não estava com uma roupa particularmente curta. Mas então ela percebeu o que ele percebeu, um átimo antes de coincidentemente _ ou não _ o motorista desligar a luz interior.Os sapatos trocados. Um era prateado e o outro era o que ela tinha escolhido, azul royal, combinando com a roupa. 'Eu vou morrer…'

"Meus sapatos!" Ela instintivamente colocou os pés para trás, tentando escondê-los.

"Eu estava pensando se era uma nova moda… Eles são ambos bonitos, acho que eu também ficaria indeciso se fosse você." Ele falou, embora prestasse atenção no trânsito.

"Aigoo, como isso foi acontecer…? Meus sapatos… Dr. Kim, eu não posso ir. Eu coloquei os sapatos no escuro, e... Desculpe."

Kim do seu banco acionou a busca do GPS por uma farmácia, e desviou a rota para a mais próxima. Ele comentou casualmente, ignorando o tom aflito das palavras dela:

"Uma vez eu fiz isso. Troquei os sapatos antes de um evento importante. Eu era um garoto e fiquei bastante envergonhado. Mas como eu disse, eu era um garoto muito bobo, não a mulher que saiu desfilando com uma camisa como saia. Além disso, podemos entrar com as luzes apagadas e sair rapidamente depois do espetáculo. O que acha?" ele apresentou uma alternativa, aparentemente ignorando que ela esperava que ele a levasse de volta para casa.

"Eu não sei…"

"Deixe-me dizer algo: o Sr.Go, meu avô, é um velho adorável, porém aqui estou eu, pagando minhas dívidas. Não queira ser você a dever para ele. Não pense que haverá exceção para você, só porque você é a queridinha dele. Um dia eu também fui o queridinho dele." Ele falou enquanto manobrava para estacionar na farmácia, num tom provocativo e brincalhão.

Esse comentário foi realmente engraçado e Ye Rim riu. "Omo, não fale assim. O Sr. Go é adorável."

"Sim, ele é. E todo mundo tem duas faces."

"Uhn…" Ela demonstrou pensar sobre o assunto. 'Ah, claro. Olhe só você. Por que não pode se comportar assim mais vezes do que do outro jeito?' Ela pensou, espiando o médico enquanto ele dirigia.