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Chapter 12 - DUAS MOSCAS PRESAS NO JARRO

"Ahh, só estou brincando, Dr. Kim…" Ela balançou os ombros de maneira coquete, abrindo um enorme sorriso. "Eu sei que o senhor queria pedir desculpas, só não leva jeito pra isso."

"Mas o que há com essa mulher?!" Ele se agitou, e olhando para o lado, perguntou para ninguém em específico, para que ela ouvisse seu desgosto. Ye Rim mantinha um sorriso condescendente no rosto, apesar da postura rígida do corpo na cadeira, das pernas e braços cruzados.

"Srta Nam, por favor ajude meu neto a ser um cavalheiro", disparou o Sr. Go, aproveitando a deixa para colocar seu misterioso plano em prática.

"Quem disse que eu não sou um cavalheiro, quando eu quero ser um?"

"Achei que você queria se desculpar… com a Srta. Nam e comigo. Comigo, desculpas duplas." O tom ominoso do idoso fez o neto olhar desconfiado. Mas que pesadelo é esse? Como foi que isso começou a ficar assim?

"O que...?"

Ye Rim começou a ficar preocupada e constrangida, o momento do triunfo estava escapando rapidamente de suas mãos e, ela intuía em breve as coisas ficariam ainda mais embaraçosas. Ela não estava realmente disposta a ver o Sr. Kim levar uma bronca do avô ou algo assim, na sua frente.

"Bom, cavalheiros, eu devo voltar em br.." Ela começou a se levantar, mas o gesto de mão do Sr. Go, pedindo para que ela se sentasse novamente, a impediu de deixar a mesa. Ela segurou o ar, esperando o que viria. O Sr. Go demorou um pouco, para se arrumar novamente no assento e tirar pomposamente algo de dentro do casaco, que colocou sobre a mesa. Ela teve que se inclinar para a frente, assim como Kim Jun Hyeon, para ver do que se tratava.

Era um par de convites para um badalado musical, cujo elenco estrelado e sucesso de crítica mantinham a casa cheia e ingressos esgotados por meses. Ye Rim arregalou os olhos.

"O que o senhor está fazendo com esses convites, Sr. Go?"

"Eu iria nesta sexta-feira assistir a um espetáculo com meu neto, se ele tivesse a agenda livre. A secretária dele sugeriu esta data á um tempo atrás, então eu joguei com a sorte."

Jun Hyeon ficou surpreso e emocionado, que o avô quisesse ir com ele ver o musical, e sabia o motivo. Rapidamente checou sua agenda no celular, e sorriu:

"Vai ser muito bom ir com o senhor ver este musical na sexta. Estou livre para o senhor. Que sorte ter conseguido esses ingressos! Soube que a fila de espera para ingressos deste show é bem grande."

"Eu sei o quanto você gosta de musicais, filho. Fiz o meu melhor para nos divertirmos juntos dessa vez."

Junheyon deu um largo sorriso, acostumado com o temperamento sentimental do avô, e fez um gesto de coração com os dedos, direcionado a ele, que sorriu de volta.

"Ah, que delícia! Que inveja!" Ye Rim exclamou sinceramente. Os assuntos na mesa mudavam o rumo tão rapidamente que ela sequer sabia se não estava agindo como uma boba, entre os dois. Não estávamos quase brigando, aqui?

"Infelizmente, estarei no funeral do meu amigo Byung Chul na sexta a noite." O Sr. Go mal disfarçou o sorriso, antes de ficar solenemente sério e deixar cair a revelação.

Ye Rim e Jun Hyeon piscaram em uníssono, atordoados.

"Então, acho que devo fazer como a Srta Nam e as rosas", o Sr .Go continuou, acariciando os ingressos, "e ficar com a lembrança do que teria sido. Mas a Srta. Nam pode ir no meu lugar, assim eu divido o amor! Meu neto vai entretê-la e levá-la para jantar e ao espetáculo, como um cavalheiro que sabe pedir desculpas."

Kim chutou o pé do avô por debaixo da mesa. Ye Rim engoliu em seco:

"Ahhhh, bem, eu gostaria muito, mas veja bem, o Dr. Kim não precisa se esforçar para pedir desculpas. As flores já foram o suficiente. Sério! Sério mesmo!"

"Acho que o Sr. está constrangendo a Srta Nam, avô…"

"Ye Rim-ssi!" O Sr. Go levantou-se, agitado."O que aconteceu ontem foi um acidente causado por mim. Eu também tenho responsabilidade nisso. E meu neto é um homem educado e gentil, apenas aparentemente anda enferrujado e ranzinza sem motivo. Eu gostaria que vocês não tivessem uma má impressão um do outro."

O homem e a mulher se olharam, tentando disfarçar a desconfiança mútua. Até que Kim percebeu que não podia deixá-la recusar sem uma boa luta. Seria ofensivo e pouco cavalheiresco:

"Srta Nam, meu avô talvez tenha colocado as coisas de uma maneira diferente da que eu colocaria, mas de fato eu sinto que ainda lhe devo, depois do cartão com as flores… Não recuse, por favor, se não tiver nenhum outro compromisso para sexta a noite. Além disso, meus amigos que já assistiram não param de falar neste musical."

Ye Rim também não queria ser ofensiva, mas, francamente, como poderia ir ao musical com aquele homem?

"Oh, Dr. Kim, é que...de fato…" Com o canto de olho ela viu a Sra Song fazendo sinais para que ela voltasse a cantar, então levantou-se. "Sim, eu tenho…"

"Tem um compromisso? Sério?" Na mesma hora em que falou, Kim se arrependeu do tom que usou, de quem esperava essa resposta. Ele viu o rosto da cantora mudar, ficar roxo.

"Ah, bem, entenda, não é que eu não queira, é…" A Sra. Song gesticulando no plano de fundo não ajudava a pensar numa resposta educada. Ela se virou para o Sr. Go, apologética:

"Sr. Go, tem certeza que o seu amigo morreu? Erm…Quer dizer, tem certeza que não pode ir com seu neto? Eu adoraria, mas é que..."

"Uhn, sim eu tenho certeza que ele morreu. Pelo menos é o que diz no comunicado. Teria sido bom se não fosse assim, não é?"

"Claro, sim. Escute, eu tenho que voltar ao palco…" Ela se voltou para Jun Hyeon, que piscou com o movimento brusco da cantora tão perto dele. "Dr. Kim, obrigada pela flores. De verdade. Não era necessário nada disso, e…"

"Bom, então o que devo fazer? É uma pena que não possa. Sinto que deveria te pagar um jantar, então, em algum momento." Ele sorriu, dessa vez pela primeira vez sinceramente, erguendo os olhos para ela.

Ye Rim não pôde deixar de sentir o coração falhar uma batida: "Er, bem, então nos vemos. Aproveite o show."

Ela se virou, seguindo para o palco. Á suas costas, ela ainda ouviu o Sr. Go resmungar num tom ríspido para o Dr. Kim: "Você sequer estava tentando?"

'Ele se considera superior demais para essas coisas, Sr. Go. Sinto muito, seu neto é só um idiota.' Ela pensou, se afastando.

Ela sentiu seu pulso ser agarrado repentinamente, por trás, e virou-se por reflexo, atônita. Kim Jun Hyeon afrouxou o aperto. Sentindo que perdia o controle da situação, e sua face, ele desesperadamente decidiu que devia usar um pouco de charme masculino para reverter o jogo. Se inclinou para ela, ainda mantendo o pulso frágil entre os dedos (que batia muito forte, aliás, tanto que ele pensou que deveria começar a contar). Porém o olhar dela não era emocionado, e sim indignado. Ele percebeu que era melhor não tentar ser galante ou teria o coração comido cru na frente de todos.

Respirando fundo, inclinou-se mais, para que somente ela pudesse ouvir, e falou quase ao ouvido dela:

"Escute, Ye Rim-ssi. Vamos resolver isso pelo meu avô. Ele apenas não quer se sentir responsável. Vamos ao musical, e ele estará apaziguado. Vamos fazer isso por ele, tudo bem?"

Ye Rim suspirou, e disse:

"Largue meu pulso, Dr. Kim."

Jun Hyeon obedeceu imediatamente, mas não demonstrou constrangimento por aquilo. Pelo jeito, a melhor maneira de tratar com essa raposa era ser direto e frio:

"E então? Podemos tirar selfies como prova. Tudo será resolvido em poucas horas."

"Okay." Ye Rim concordou, num tom displicente. "Podemos fazer assim, se isso vai encerrar o assunto."

Jun Hyeon se afastou, e ela chegou até o palco, tentando decidir se estava irritada ou ansiosa. 'O que foi que eu fiz? Eu vou mesmo sair com esse cara?'