─ Não e nem quero saber. Cadê o meu mestre, eu vim busca-lo!
─ Se ele dominasse tamanho território, o seu filho de sangue César Augusto, teria terminado de conquistar a China e a Mongólia, depois tomaria facilmente a Rússia e os outros países. Sem citar as mudanças nos hábitos e culturas no mundo todo, idiomas, etc. César teria praticamente acabado com a mão esquerda de Lúcifer sobre o planeta. Sem a mão esquerda do Diabo, nos dando almas diariamente, não haveria como lutarmos pela Terra! Como vê, ele foi importantíssimo para que nós estivéssemos aqui hoje.
─ Ele morreu assassinado, se não me engano a menos de um mês de partir para a tomada da Partia, nada do que diz faz sentido! O mataram, então ele não era tão lendário assim!
─ Lúcifer o matou seu idiota! E ele estava desarmado contra centenas de soldados muito bem armados. Usamos um dos seus mais leais amigos do congresso, para feri-lo mortalmente no pescoço naquele dia. Mesmo com o sangue jorrando, ele tapou com a mão esquerda a ferida e com poucos segundos de vida… com apenas uma mão, ele desarmou um deles ao arremessá-lo para o alto, o pegando pela perna… ele levava várias perfurações em seu corpo, ainda assim matou dezenas e dezenas dos melhores soldados vestidos com as melhores armaduras, escudos e elmos, antes de cair morto com uma espada comum nas mãos.
─ Então, vocês o mataram para que ele não destruísse os planos de Lúcifer?
─ Sim, eu estava lá pessoalmente e o vi morrer, muito perto de realizar o seu sonho. O vi também escapar de várias armadilhas mortais e sempre por meio natural, nenhuma ajuda de entidades místicas, nem anjos, nem o próprio Deus!
Camus é muito bonita, ela está vestida com uma armadura negra feita de couro e metais também negros, possui uma bela espada que parece de esgrima, cabelos até os ombros e vermelhos, olhos castanhos, é baixa, possui algo em torno de 1,50 metros. Ela caminha suavemente, pois está habituada a usar a sua beleza para seduzir os homens.
─ É a mulher mais linda e perfeita que eu já vi! ─ César parece hipnotizado, de boca aberta contemplando a bela governadora do Inferno.
Ela se coloca de costas, olhando para ele por cima de seu ombro esquerdo, com um leve sorriso, como se o provoca-se de propósito empinando seus quadris.
─ Percebo que nem está concentrado na minha aula de história. Eu não vou ficar aqui falando com as paredes!
─ Camus… ─ ele a observa minuciosamente dos pés até o seu lindo rosto. ─ NÃO! Você é um demônio, esta deve ser apenas uma das suas formas! ─ apontando o dedo indicador de sua mão direita, seu semblante mudou e ele está bem sério.
─ Sim, eu posso mudar de forma. ─ ela vira-se de frente. ─ Posso inclusive me transformar em coisas que você teme. ─ mais uma vez um leve sorriso brota em seu rosto.
Envolta do seu corpo começa a subir uma fumaça, uma fumaça constante como se brotasse de baixo dos seus pés e jorrasse como água em direção ao céu. Em questão de segundos, o seu corpo fica todo envolvido por esta nuvem acinzentada e muda rapidamente para a forma de uma lacraia avermelhada gigantesca, ela deve ter uns doze metros de comprimento e fica em pé igual a uma cobra.
─ Eu prefiro mil vezes a outra forma! ─ ele fica visivelmente apavorado, e começa a olhar para todos os lados como se procurasse uma direção para fugir. ─ Não posso deixar que destrua meu psicológico, ou serei morto aqui. ─ ele risca um círculo mágico em volta dele com uma pedra do tamanho da palma da sua mão, existem várias delas espalhadas por todos os lados.
─ Eu não vou matá-lo agora! ─ a criatura fala na mente dele, ela recua sua cabeça e se ergue mais ainda, como as lacraias fazem quando estão acuadas e prestes a atacar com seu ferrão.
A fumaça volta a aparecer da mesma forma que anteriormente e em questão de segundos, o corpo daquele ser medonho muda para o corpo da bela mulher de cabelos vermelhos novamente.
─ Devo admitir que esta forma é muito agradável aos meus olhos! ─ ele parece muito aliviado agora.
─ O imperador quer que você veja isto. ─ ela bate palmas duas vezes seguidas e se abre uma imagem diante dele, como uma janela mágica, que mostra a alma do seu mestre aprisionada com quatro correntes negras, uma em cada membro. Ele parece sofrer muito, pois está preso em cima de um buraco cheio de lava fervente e tem seu corpo espiritual cheio de marcas de chicotes.
─ Arrrrhhhh! Ajudem-me! Alguém me ajude! ─ a alma de Josias clama por socorro nas imagens, enquanto ele leva chibatadas de um ser estranho, ele é uma espécie de humano gigante com cabeça de chacal, e deve ter uns três metros de altura.
─ SOLTEM ELE! ─ ele corre e ao se aproximar dela com os braços abertos como se fosse agarrá-la, bate em uma barreira invisível e cai de costas no chão.
─ Só há uma maneira de trazê-lo de volta. Entregue Dimitri ao meu senhor e impeça os seus amigos de tentarem interferir na abertura do Portal da Última Sombra. Faça isso e ele será bondoso com o seu mestre, ele o libertará. ─ se agachando e observando aquele ser tão frágil sofrendo de dor.
─ NÃO POSSO FAZER ISSO! ─ seus olhos se enchem de lágrimas.
─ Hum, lagrimas? ─ ela toca a cabeça dele, como se estivesse muito curiosa em relação ao que ele está sentindo.
Quando Camus toca a cabeça dele, ela usa o seu poder para sentir as suas emoções, entretanto algo estranho acontece com ela, que se levanta e afasta-se rapidamente cerrando seus punhos. Ela ficou visivelmente abalada e com a respiração muito ofegante.
─ Como é intenso os seus sentimentos! ─ ela diz bem baixo, enquanto se lembra novamente do momento exato em que o tocou, e por um instante o seu coração bateu no mesmo ritmo do coração dele. O tempo parece que se passa em câmera lenta em suas lembranças.
─ Por que eu?! ─ ele está de joelhos agora, tentando relaxar o seu corpo, sentado em cima de seus pés. Pega duas pedras e começa a apertá-las com as mãos, uma em cada.
─ Dimitri está muito doente, ele morrerá em breve com certeza. Sua doença não possui cura ainda em seu mundo. ─ ela voltou ao seu estado normal, falando com seriedade enquanto olha para ele.
─ Não… não posso fazer isso! ─ ele esmaga as duas pedras que esfarelam como se fossem areia. ─ Eu vou salvá-lo com minhas próprias mãos! ─ levantando-se do chão.
─ Não seja um completo idiota! Mesmo que por milagre consiga chegar até o Inferno, jamais conseguirá salvá-lo sozinho.
─ Tem algo errado aqui, isso só pode ser um sonho, ou um pesadelo. Claro! Acabei de destruir com as minhas próprias mãos dois pedaços de rocha maciça! ─ ele lembra de segundos atrás, enquanto observa as palmas de suas mãos intactas, que ainda tem farelo de pedra escorrendo por entre os seus dedos. ─ Ah, ah, ah, ah, ah. ─ olhando para Camus sorrindo, enquanto saca sua espada lentamente.
─ Quem você pensa que é, para sacar a sua espada contra um dos seres mais poderosos do Inferno?! Eu vou lhe ensinar a ter mais respeito, quando estiver em minha presença. ─ ela se concentra de olhos fechados por alguns segundos e… ─ TUFÃO DO INFERNO! ─ lança um poderoso tufão de vento, que vai a toda velocidade na direção dele.
─ LIÇÃO?! ─ ele guarda a sua espada na bainha, cruza os braços e fica parado esperando o impacto. Camus começa a rir, pois, seu poder mágico irá matá-lo em segundos, porém César desaparece antes do tufão acertá-lo. Ele fica girando parado naquele local por uns dez segundos, antes de começar a perder as forças e sumir.
─ Isso não é possível! Onde ele está? ─ ela olha a sua volta, seus cabelos vermelhos esvoaçam em câmera lenta, pode se observar em seu lindo rosto a surpresa por não sentir nem a presença dele. ─ APAREÇA COVARDE! ─ ela está totalmente desorientada, tentando provocá-lo.
─ Não me faça rir. ─ ele aparece exatamente no mesmo local. ─ Camus, não duvido que seja a mais poderosa e bela de todo o Inferno, mas com certeza, não é a mais inteligente! Ah, ah, ah. ─ ele fecha os olhos e ri, demonstrando estar completamente à vontade agora, ao contrário de pouco tempo atrás. ─ Não percebe… ─ ele é interrompido.
─ CALE-SE! VOU LHE APLICAR O MEU MAIS… ─ ele a interrompe também…
─ Não há nada que possa fazer, nem para me atingir e nem para fugir! Será minha prisioneira, para sempre. ─ fazendo um movimento com o braço direito, ele o aponta para o chão e o levanta lentamente, enquanto abre a mão. Imediatamente surge por debaixo de Camus uma esfera transparente enorme, parece uma bolha de sabão gigante, que vai subindo e gradualmente cobrindo todo o corpo dela.