Enquanto isso na casa, César e Dimitri comem bife com arroz e feijão.
─ A sua mãe estava muito preocupada. ─ comendo feito um animal, parou um instante para beber um gole de guaraná. ─ Nossa! Que comida deliciosa! ─ respira fundo e volta a comer feito um animal, ele chega a soluçar várias vezes.
─ Meu irmão vive se metendo em encrencas, por falar nisso, será que ele fez algo lá na festa? ─ após engolir a última garfada de arroz e feijão. ─ Parece que eu venci! ─ diz de boca cheia e se levanta sorrindo. Ele põe o prato na pia, termina de engolir a comida e bebe o seu guaraná.
─ Desta vez você deu sorte César. ─ terminando de comer, logo em seguida bebe o refrigerante.
─ Deixa eu pôr isso na pia. ─ César pega o prato e o copo dele. ─ Eu vou tomar um banho e já volto. Fica aqui na sala vendo televisão enquanto a isso, ok? ─ ele liga o aparelho e deixa o controle no sofá.
─ Ok. ─ sentando-se e assistindo à programação.
Algum tempo depois Almir chega na casa de César.
─ É meu jovem, desta vez você não me escapa. ─ parando o carro bem devagar, enquanto olha o número da casa e confirmar que é a certa. Ele olha para os dois lados após descer do carro e pegar a sua magno.
O inspetor está certo que vai pegar César com as mãos na massa, pois para ele o jovem bruxo é um suspeito agora, e pode sim, ser o assassino das crianças. Ele abre o portão bem devagar, sem fazer nenhum barulho.
─ Tok, tok. ─ Dimitri ao sentir uma presença do lado de fora da casa, vai até o banheiro e bate na porta.
─ JÁ ESTOU ACABANDO! ─ grita ele, pois ainda está com o chuveiro aberto, terminando de lavar a cabeça.
─ César, tem alguém lá fora! ─ falando baixo.
─ Oi? ─ desliga o chuveiro e sai do boxe.
─ Alguém acabou de entrar no seu quintal. ─ falou baixo novamente, bem próximo à porta.
─ Sabe quem é?
─ Não, não consigo ver a pessoa é como se fosse uma sombra negra na minha visão. ─ fazendo careta e gesticulando.
─ Já estou saindo. ─ responde com a voz baixa, terminando de secar-se com a toalha.
─ Precisamos pegá-lo antes que ele nos pegue. ─ Dimitri coçando o seu queixo, pensando em algo.
─ Você consegue nos tornar invisíveis? ─ enquanto veste uma bermuda e em seguida a camisa.
─ Posso sim. Vamos dar uma grande lição nele!
─ Minha mãe tem uma arma, talvez eu consiga encontrá-la. ─ diz ao abrir a porta.
─ Sem armas de fogo. Você é um bruxo, não precisa de armas. ─ responde com o dedo indicador apontando quase na cara dele.
─ Você tem razão.
─ Pegue a sua espada e me siga em silêncio, eu vou render ele. ─ Dimitri usa os seus poderes para ficar invisível e deixa o jovem invisível também.
─ Nossa, isso é incrível! ─ ele ficou em êxtase, ao tentar ver o seu rosto no espelho da sala e não conseguir.
─ César venha, abra a porta.
─ Ainda bem que eu posso vê-lo! Não é bem o mesmo que ver com os olhos, mas vejo uma sombra toda borrada aí perto da porta e tem um formato de corpo humano. ─ pega a chave.
─ É por que estamos em outro plano, um dos planos metafísicos. Estamos conectados nos dois planos agora em energia, mas o nosso corpo físico está no plano metafísico e a nossa energia e consciência estão aqui na Terra.
─ Dimitri, não é por nada não, mas isso que você disse bugou o meu cérebro. Depois me explica melhor, por favor! Eu preciso entender isso.
─ Até hoje eu mesmo não entendo direito, e você acredita que vai entender?! ─ rindo enquanto balança a cabeça.
─ Todas as janelas estão fechadas! ─ o inspetor resmunga ao tentar abrir a última. Ele segue andando bem lentamente envolta da casa, pois o chão está repleto de folhas secas, que caíram de uma mangueira enorme que tem no quintal.
─ Parado aí, se não quiser morrer! ─ Dimitri reaparece, após colocar a lâmina da sua espada bem no pescoço, abaixo do queixo dele.
Almir arregala os olhos e fica nas pontas dos pés, ele está com o queixo erguido, como se olhasse para o céu. Nesse momento César reaparece também.
─ Solte a arma. ─ Dimitri.
─ É o policial. ─ César, ao reconhecer o homem.
─ O que pensa que está fazendo César?! ─ diz Almir, ao largar a sua magno cromada no chão.
Neste instante Dimitri retira a espada do pescoço dele.
─ O senhor é quem está querendo invadir a minha casa, eu deveria lhe perguntar isso!
─ Você está certo. Eu pensei que você havia sequestrado ele. ─ se abaixa, pega a sua arma e põe no coldre.
─ Ele só está me fazendo um favor. Não havia mais necessidade para eu ficar no hospital. ─ guardando a sua espada na bainha.
─ Gente está ficando tarde, é melhor entrar e conversar lá dentro. ─ César guarda a sua espada e segue em direção a porta da casa.
─ Me desculpem pelo mal-entendido, eu tenho que ir. Se precisarem de mim ou souberem de algo sobre o assassino de crianças, é só me ligar, ok? ─ ele dá um cartão de visitas para cada um e vai embora.
─ Acho melhor eu chamar um táxi para mim.
─ Nada disso, você pode ficar aqui hoje. Liga para a sua filha e diz que amanhã cedo você vai para casa.
─ Tem certeza que a sua mãe não vai se importar?
─ Tenho, pode ficar tranquilo.
São 23h12 da noite, eles dormem tranquilamente na casa de César, mas na casa do Juninho alguém parece não ter conseguido dormir…
─ Eu vou mostrar a eles do que eu sou capaz! Ninguém dá nada por mim, mas sou eu quem vai salvar o mestre! ─ Joshua pensa enquanto se levanta da cama com muito cuidado, ele não quer acordar os seus amigos que dormem no mesmo quarto. Ele pega a sua mochila e sai de fininho, indo até o quintal, onde tem uma garagem de madeira usada para guardar utensílios diversos.
23h50…
─ Não pode ser! ─ Dimitri levanta de repente, ele está com a face branca. ─ César, César acorda. Um dos seus amigos corre grande perigo! ─ diz ele enquanto sacode o jovem.
─ Como assim? Quem corre perigo?! ─ pula da cama assustado, caminhando de olhos fechados.
─ Aquele garoto loiro de óculos, que anda com a mochila cheia de livros. Ele está tentando evocar Astaroth, um dos governadores do Inferno, sozinho!
─ Joshua?! A casa dele é muito longe, teremos de chamar um táxi.
─ Engraçado, ele não parece estar tão longe daqui, parece estar a dois quarteirões. ─ Dimitri se concentrando de olhos fechados.
─ A casa do Juninho, ele só pode estar lá! ─ pega a sua espada sagrada e a coloca na cintura.
─ Vamos, não temos muito tempo. ─ os dois saem apressadamente do quarto.
─ Eu tenho uma bicicleta velha, que eu quase não uso, porém eu não sei levar na garupa. ─ erguendo a sobrancelha e os ombros.
─ Eu sei, vamos logo.
Os dois vão saindo de bicicleta, bem no instante em que a mãe de César vem chegando no carro da sua amiga.
─ Aquele lá não é o seu filho? Quem é aquele cara que está levando-o de bicicleta? ─ pergunta Carla ao parar o carro.
─ É ele mesmo. Aquele é Dimitri um novo amigo. ─ Cristina desce do veículo enquanto observa o seu filho saindo na garupa da bicicleta. ─ FILHO, O QUE ACONTECEU?
─ NADA NÃO MÃE, EU JÁ LIGO PARA TE EXPLICAR. ─ ele se segura firme com as mãos para trás, agarrando no ferro da garupa. ─ Tem certeza que você sabe andar de bicicleta?! ─ ele está com medo de cair.
─ Eu já fui muito bom nisso, só estou pegando a prática novamente. Pelo ao menos do chão a gente não passa, fica tranquilo. ─ eles acabam de descer a calçada e vão pelo asfalto.
─ Está difícil de ficar tranquilo aqui! ─ está fazendo uma careta muito feia, por que Dimitri vez ou outra quase perde o controle e fica perto de cair.
─ Vai me dizendo as ruas. ─ pedalando a toda velocidade, depois que conseguiu estabilizar o guidão da bicicleta.
─ Está bem, mas vai mais devagar!
─ Meu Deus! O que será agora? ─ Cristina abraça a sua amiga. ─ Muito obrigada Carla!
─ Qual é mãe? Você sabe que o César é maluco. Obrigado Carla, se não fosse por você eu passaria a noite na cadeia. ─ ele faz o sinal de joia para ela.
─ Nós demos sorte que o Felipe correu para contar a versão dele, na delegacia, isso sim! Aqueles dois marginais é que estarão encrencados após a perícia do canivete encontrado lá no local da confusão. Me diz uma coisa, é verdade o que o Felipe disse? Que se você não chegasse naquela hora, ele estaria morto?
─ Sim, mas o que eu fiz por ele eu faço por qualquer um. Eu nem vi canivete na hora, só vi que eram dois contra um e ainda mais, um deles era uma jamanta segurando aquele magricela do Felipe! Aí eu fui para cima deles, e deu no que deu.
─ É, mas você deu sorte! Tome mais cuidado quando estiver nessa situação, tudo bem?
─ Tudo bem Carla, boa noite. ─ Vander se despede e entra em casa.
─ Eu juro que eu não sei mais o que fazer com os meus filhos! Um é vagabundo, não gosta de estudar e nem de trabalhar, o outro só fala em magia. Vive cercado de gente estranha, sabe? No mundo da lua! ─ ela chora.
─ Não fica assim não amiga, isso tudo vai passar você vai ver. ─ Carla põe a mão no ombro dela. ─ Agora levanta essa cabeça e vai dormir um pouco, vamos coragem. ─ ela entra em seu carro e liga o motor.
─ Meu filho César sempre foi diferente, ele sempre dizia que seria o maior bruxo do mundo. Eu me lembro da primeira vez que ele me disse isso…