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Chapter 30 - A Mão Esquerda Do Diabo Sobre a Terra

─ Quanto mais ajuda melhor. ─ Joshua.

─ Por falar nisso, acho que tenho uma ideia. Que tal espalharmos na internet o confronto do bem contra o mal? ─ Samantha se empolga.

─ Poucos levariam a sério. Ninguém terá coragem de enfrentar o inimigo face a face, como nós teremos de fazer. ─ Cláudio abaixa a cabeça.

─ Talvez tenha razão, mas lembre-se que conhecemos muita gente, estes anos todos de pratica da magia pelo Brasil. ─ César fica pensativo.

─ Talvez a Kelly possa convocar o pessoal, ela é fera em redes sociais e internet, além do mais, ela tem uma quedinha pelo César! Tenho certeza que não vai recusar um pedido seu meu amigo. ─ Juninho e os outros dão aquele riso com o canto da boca.

─ Tudo bem, eu peço ajuda a Kelly, mas pare de falar estas besteiras Juninho! Você confunde a amizade dela com outros sentimentos. ─ ele disfarça enquanto segue andando, depois pega o telefone, liga-o e disca um número.

─ César? ─ ela atende o celular, estava assistindo um vídeo na internet.

─ Oi Kelly, como vai?

─ Que milagre é esse você me ligando? Eu tentei te ligar há pouco e não consegui, seu celular só dava desligado. Aconteceu alguma coisa?

─ Algo terrível está para acontecer na Terra, tem a ver com um grande eclipse que vai acontecer em alguns dias. A Via Láctea estará completamente alinhada na hora.

─ Nossa! Isso está me lembrando de todas as previsões de fim do mundo que já rolaram! Mesmo assim, ainda estamos aqui.

─ Kelly, eu estou segurando uma poção mágica capaz de abrir um portal para o Inferno, e precisaremos da maior quantidade de bruxos possíveis para guardar este portal. Se algo poderoso tentar passar para cá, eles fecham o portal e o planeta estará a salvo. Quanto mais gente mais seguro, será.

─ E se realmente vocês conseguirem, se este portal abrir. Vocês só terão como voltar por ele, correto?

─ A princípio sim, mas deve haver outro jeito, sempre há.

─ Eu vou enviar uma mensagem explicando tudo aos covens do Brasil e do mundo. Poucos terão como vir, mas acredito que alguns virão sim.

─ Faça isso, quando tiver alguma resposta me ligue ok? Iremos para casa agora descansar um pouco e mais tarde nos reuniremos. Você lembra daquela fabrica abandonada na Dutra, que está caindo aos pedaços?

─ Aquela construção toda ferrada quase que de frente ao Shopping Via Brasil?

─ Sim, não consigo pensar em outro lugar melhor. O que você me diz?

─ É o lugar perfeito! ─ no mesmo instante ela visualiza no Google Maps. ─ Só que de repente vocês terão de expulsar alguns mendigos de lá. Com certeza deve haver vários deles.

─ Então é para lá que devemos direcionar as pessoas, ok? Estaremos lá por volta das 16 horas. Sobre os mendigos… daremos um jeito neles.

─ César.

─ O que foi?

─ Tome muito cuidado!

─ Pode deixar, tchau.

Ele vai até o carro da mãe do Juninho e explica sobre o local onde vão se encontrar para a abertura do portal, depois segue para o carro do Almir.

─ Gente, vamos indo? ─ Almir ao ver César entrar em seu carro.

─ O Joshua ainda está lá. ─ ele coloca a cabeça para fora da janela e faz movimentos com as mãos chamando-o.

─ Por que será que o César é assim? ─ Samantha, olhando seu amigo gesticulando para Joshua.

─ Assim como? ─ Juninho.

─ EU JÁ VOU, SÓ UM SEGUNDO! ─ grita Joshua, enquanto gesticula para César e Almir para esperarem.

─ Assim, tão solitário! Desde quando eu o conheci que percebi a solidão que ele parece atrair para si próprio. Ele se fecha para o mundo de tal forma que não dá para entender. Só agora com todos estes acontecimentos é que ele está se abrindo um pouco com agente, na verdade ele está começando a se comportar como um líder agora. ─ Samantha.

─ O César sempre foi assim caladão, meio antissocial. Ele sempre disse coisas do tipo que só nasceu aqui na Terra por acidente ou então que tem alguma missão muito grandiosa para cumprir um dia. Ele nunca se sentiu uma pessoa normal na verdade, sua infância foi muito presa dentro de casa. O que levou ele naturalmente a ler muitos livros, principalmente livros de magia de todos os tipos. Culpa do pai dele, que lia bastante livros de ocultismo.

Ele é um cara incrível! Mas eu não sabia que ele tinha toda essa coragem e nunca presenciei todo o seu poder. Parece que os últimos acontecimentos acabaram libertando um pouco do que sempre esteve preso dentro dele. ─ Juninho diz para os seus amigos que estão dentro do carro da sua mãe e para Joshua que está do lado de fora, pendurado na janela ouvindo.

─ Antes de ir me diz uma coisa, ele já tinha demonstrado alguma vez esse tipo de poder, que ele vem demonstrando agora?

─ Boa pergunta Joshua. Na verdade, aos sete anos César já tinha um poder mágico muito grande, só que naturalmente por causa da sua infantilidade não detinha um total controle. Sua mãe mesmo me contou vários fatos, me contou por exemplo que certa vez pegou ele em completo transe em seu quintal. Ele estava com os braços para cima e parecia controlar o vento. Ela via tudo de dentro de casa, pois havia acabado de chegar da rua. Ela ficou perplexa ao ver que em pouco tempo começou a ventar, cada vez mais forte até que as árvores na frente do seu filho começaram a balançar de um lado para o outro e parecia que o vento se concentrava totalmente nelas. Ela conseguiu se aproximar dele e gritar o seu nome, foi o bastante para despertá-lo do transe e parar toda aquela ventania, quase que instantaneamente. Depois desse dia ela passou a se preocupar de verdade com o que ele se autodenominava… um bruxo. ─ Juninho imaginando a cena em sua mente.

─ Hei Joshua, vamos logo! ─ Almir desce do carro.

─ Poxa! Legal cara! Depois você me conta mais. ─ se dirigindo até o outro carro.

─ Filho, esse negócio aí de controlar o vento é mentira. ─ a mãe dele não acredita.

─ Mãe, se você soubesse as coisas que Dimitri pode fazer, as coisas que já vimos com os nossos olhos nestes anos todos.

─ Sei… ─ ela liga o carro.

─ Vamos indo, que o tempo está fechando. ─ Almir olhando para o céu. ─ eu ainda tenho de tentar conseguir uma coisa para levar ao Inferno!

Os dois carros dão partida e vão saindo.

─ O local que eu escolhi para abrir o portal, é aquela fabrica abandonada na Avenida Dutra, aquela bem em frente ao shopping Via Brasil. Só que tem um problema. ─ César fala com Almir.

─ Eu sei qual é a fábrica, mas qual o problema?

─ Parece que invadiram lá, acho que alguns mendigos.

─ Sim, aquilo lá é cheio de morador de rua, mas deixa comigo que uma ligação e aquilo lá vai ficar vazio para vocês a tarde. ─ ele pega o smartphone, disca um número e coloca o aparelho em viva voz. ─ Alô, Mario meu amigo. Eu preciso de um favor seu.

─ O que é dessa vez Almir?

─ Nada demais, eu preciso esvaziar uma fábrica abandonada na Avenida Dutra, ela é enorme, fica bem de frente ao Shopping. O problema é que moradores de rua parece que invadiram lá. Mas tem que tirar o pessoal e avisar que se voltar eles vão em cana, eu vou precisar do lugar por uns dias, no máximo uma semana.

─ Putz! Você fala uma coisa destas como se fosse tão fácil! Você sabe o que é à esquerda? Já ouviu falar em direitos humanos?! Se descobrem que eu coloquei mendigos para dormir nas ruas, a esquerda acaba com a minha carreira para sempre! ─ Mario se exalta.

─ Qual é Mario, eu preciso mesmo do lugar vazio para esta tarde. Bate uma denúncia falsa aí de venda de drogas, crimes no local e etc. Não vai dar em nada não, é que eu preciso mesmo do lugar.

─ Olha Almir, espero que depois dessa você não me peça mais nada, ouviu? Eu vou bater aqui a denúncia e mais tardar, por volta das 13 horas, envio duas viaturas para limpar a área e colocar as fitas amarelas no entorno da fábrica. Agora, espero que não faça nada aí que vá me prejudicar, só isso. ─ desliga o telefone.

─ Ele disse esquerda não foi? ─ César pensativo.

─ Sim, ele acompanha política, inclusive ele é conservador dos bons costumes, luta contra a esquerda e a dominação mundial dela. Ele diz que a esquerda é o Diabo querendo dominar a Terra. Que basta ver; direitos humanos, ideologia de gênero, feminismo, socialismo, comunismo, nazismo, fascismo e etc. Cara é muita coisa, até a Ordem das Nações Unificadas é da esquerda.

─ Então é isso! Mas porque Camus ia me dizer uma coisa destas?! Então a esquerda é a tal mão esquerda do Diabo na Terra! ─ ele fica pensativo, enquanto observa o outro carro passando por eles.

─ O que você disse César? ─ Joshua, que está sentado atrás.

─ Nada não.