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Chapter 31 - Dimitri Vai Ao Inferno

No outro carro.

─ Juninho, por que ele nunca disse ou demonstrou nada sobre todo esse poder que ele possui? ─ Cláudio.

─ Por volta dos seus 12 anos, César se apaixona e tenta se afastar um pouco da magia, pois apesar de estar ficando muito poderoso e começar a ter quase tudo o que desejava, sentia-se só e a solidão o estava enlouquecendo. Ele viu na menina mais linda do colégio, a sua única chance de largar a magia e manter sua sanidade.

─ Nossa! Para você falar assim, parece que ele estava para cometer suicídio por praticar magia! ─ Samantha faz uma careta enquanto gesticula com os braços.

─ Ele me dizia que estava cada vez mais mergulhando nos mistérios e indo mais profundamente em cada mergulho que dava! Não tem como… você passa a ficar visível para seres milenares de outras dimensões, que podem ajudar com magias poderosíssimas, mas também deixá-lo louco ou fazê-lo pagar o preço por interferir em algo que não poderia. O universo tem suas leis, todo o bruxo sabe disso. Se fizer o mal ele pode voltar três vezes mais forte para você, se fizer o bem ele pode voltar três vezes mais forte. Existe também uma lei que diz; que todo ato deve ser muito bem pensado. Digamos que um bruxo descubra os números de um jogo como a Megasena, através de magia. Ganhar o jogo com este número vai alterar o futuro não só de uma pessoa, mais de todas as pessoas que este ganhador irá mudar ao longo da sua vida, ou mesmo, todas as pessoas que ele mudou o destino, apenas tirando o prêmio de quem iria ganhar. Se mudar o destino de uma pessoa as vezes já traz consequências severas para o bruxo, imagine nesse caso aonde vários destinos são alterados, o preço será caro demais, para qualquer um!

─ Não devia ser tão ruim assim, ter todo esse poder! ─ Cláudio.

─ Tudo na vida tem o seu preço. Vocês já leram histórias sobre grandes magos? ─ Juninho.

─ Várias! ─ Cláudio e Samantha.

─ Em quantas dessas estórias o mago era uma pessoa feliz, que levava uma vida no mínimo próximo do normal?

─ É, tem razão! Só agora entendo o que quer dizer. ─ Samantha.

─ Realmente não se fala muito de sua vida particular, fala-se mais de seus grandes feitos, por exemplo não lembro de um que tenha tido uma família, um trabalho ou mesmo uma vida comum, a maioria deles para começar se isolam do mundo e assim seguem por longos períodos. ─ Cláudio.

─ Só agora entenderam. César se dedicava a magia do acordar ao dormir, vocês sabem o que é isso?! Vocês sabem a força do desejo que ele tinha de ser o maior mago do mundo para realizar tal feito? Não, não sabem e nem conseguiriam realizar o mesmo. A mente dele trabalhava todos os dias em função de aumentar os seus poderes, para isso se isolou não em uma caverna ou em uma floresta, mas em si mesmo. Ele não tinha amigos e fugia ou amedrontava os que tentavam se aproximar dele. A única que tinha um contato mais normal com ele era a sua mãe, e mesmo assim era complicado as vezes.

Voltando ao assunto dos seus 12 anos, César conseguiu conquistar a Raiana, ela com os seus 14 anos fez César passar noites inteiras pensando nela. Ele a conquistou usando o seu magnetismo pessoal, em pouco tempo passou a sair de casa e aos poucos foi esquecendo da magia, aos poucos também os seus poderes foram diminuindo. Vocês sabem como é, não é? A magia como ele mesmo diz é como um jogo de RPG, quanto mais se pratica mais poderoso fica e quando se deixa de praticar o seu poder vai diminuindo até sumir de uma vez por todas. Isso nos leva a crer, que aqueles que afirmam que o nosso cérebro é como um músculo, até que de certa forma eles tem razão!

Mais ou menos um ano durou o namoro com a Raiana, ela o trocou por um cara bem mais velho. Nossa! Ele disse que foi um choque, tentou voltar a praticar magia, mas não tinha muita paciência para as mentalizações e tão pouco para os rituais, ele se esforçava mas progredia em um ritmo muito lento, foi aí que nos conhecemos quando a Omus veio para o Brasil abrir uma filial, nos conhecemos durante os teste.

Ele tinha perdido o caminho para recuperar os seus poderes, mas por algum motivo, hoje ele está conseguindo recupera-los. ─ Juninho.

Na mansão onde está hospedado Dimitri…

─ Pai, por favor não me diga que vai desaparecer como fez da última vez que colocou esta roupa?! ─ Amanda com os olhos cheios d'água, ela pegou no braço dele e perguntou.

─ Minha filha, eu tenho uma missão muito difícil pela frente. É o meu pior desafio e as chances de eu retornar são mínimas. Por isso preciso contar com você, não deixe a nossa ordem mágica morrer, ao contrário, faça da Omus a maior de todas! ─ neste instante ele olha um escudo na parede com as iniciais da ordem e o seu nome completo; Ordem da Magia Universal Suprema.

─ Eu nunca deixarei a Omus morrer meu pai! Por que você tem que ir sozinho? Por que não chamamos toda a ordem mágica para ajudá-lo?! ─ diz, enquanto leva as mãos até a cabeça.

─ Não quero envolver mais ninguém nisso, além do mais, os anciões da ordem estão em missão, tentando evitar a abertura do Portal da Última Sombra. ─ Dimitri desenha com um giz no chão, envolta de si; um círculo mágico, o portal dentro do círculo e um triângulo fora dele.

─ Pai, tome muito cuidado!

─ Eu trago a sua mãe de volta, nem que seja a última coisa que eu faça nesta vida! ─ ele aponta para o círculo mágico, faz uns movimentos com a mão direita como se estivesse desenhando dentro do pentagrama e neste instante, aparecem símbolos em azul, derivados do poder mental dele. Na sequência ele faz uma evocação e exige que a entidade abra um portal no Inferno também, e assim o demônio o faz. De repente, Dimitri cai dentro do círculo magico que ele traçou no chão e desaparece, ao mesmo tempo em que o demônio evocado por ele some também.

─ O que houve Amanda? ─ Alan, que passava próximo ao quarto, ouve o seu choro e vai ver o que aconteceu.

─ O meu pai, ele se vestiu com aquela roupa que ele adora!

─ Isso significa? ─ Alan vira-se para a direção de onde fica guardada a espada do seu mestre.

─ Isso mesmo! Ele quis ir sozinho tentar resgatar a minha mãe, você precisa ajudá-lo Alan! ─ ela chora nos braços dele.

─ Talvez haja um jeito, lembra daquela vez em que o mestre nos ensinou como fazer magia de visões? Lembra de como se fazia para achar um objeto perdido, ou mesmo roubado? ─ ele sorri enquanto levanta o rosto dela.

─ Nossa! Você se lembra daquela época?

─ Claro que me lembro, inclusive que era preciso ter um pedaço de alguma coisa que esteve em contato com o objeto que se deseja encontrar!

─ É exatamente assim. ─ Amanda faz cara de quem ainda não compreendeu o porquê do sorriso, no rosto dele.

─ O livro, eu preciso achar o livro, é o único meio de ir ajudar o seu pai! ─ Alan começa a revirar as coisas de Dimitri em seu guarda-roupa.

─ Não temos nada ligado ao livro. ─ revirando as gavetas.

─ Lembra-se daquela caneta dourada? ─ ele está revirando tudo.

─ Lembro, e acho que sei onde está. ─ dirigindo-se até um dos lados do guarda-roupa e tenta empurrar. ─ Ajude-me. ─ imediatamente ele corre para ajudá-la a empurrar.

─ Um cofre! Você sabe a sequência?

─ Não me faça rir Alan, nem parece que é um dos mais poderosos dos nossos! ─ ela põe a mão próximo a catraca, parece sentir as vibrações numéricas e imagina a mão do seu pai girando-a, imediatamente ela repete os movimentos.

─ Abriu! ─ ele fica muito surpreso.

─ A mentalização voltada para a clarividência sempre foi o meu forte. Veja, aqui está! ─ pegando a bela caneta.

─ Vamos preparar o ambiente, acender incensos de jasmim para acalmar e ativar melhor os trabalhos do sono, vou pegar os itens necessários espere aqui. ─ ele vai em busca dos itens.

Minutos depois, Alan retorna com a Soraia, que imediatamente vai acendendo alguns incensos…

─ Eu precisarei da ajuda de vocês para garantir que eu vou conseguir me projetar, não temos tempo para falhas. ─ Amanda então deita-se de barriga para cima, relaxa e fecha os olhos. Ela segura a caneta do seu pai na mão direita.

─ Tudo bem, só tome muito cuidado! Se ele perceber a sua presença, retorne imediatamente para o seu corpo. ─ Alan fala e depois, ele e Soraia colocam a sua mão direita aberta, próximo a cabeça dela, cada uma na direção de uma orelha.