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Chapter 24 - Doença Que Não Tem Cura Ainda Na Terra

Enquanto isso do lado de fora do hospital…

─ Espero ter chegado a tempo. ─ olha no relógio. ─ 18h55. ─ Almir estaciona a sua caminhonete do outro lado da rua. ─ Ainda bem que comprei estes biscoitos, estou cheio de fome e esta noite poderá ser longa, muito longa. ─ ele come um biscoito enquanto observa a entrada do hospital. ─ Ué!? De quem será aquele táxi parado próximo à entrada? É melhor ficar de olhos bem abertos. ─ pensa, enquanto come. ─ Nossa! É bom este negócio hein! ─ virando a embalagem na boca.

César passa pela recepção do hospital e dá tchau para a recepcionista, que está comendo doces de brigadeiro.

─ Como está o seu tio?

─ Está bem, ele só está muito sonolento devido aos medicamentos. Muito obrigado por me deixar vê-lo. ─ ele para e fala com ela.

─ Venha aqui um instante, por favor.

─ Fala. ─ indo em direção ao balcão, meio desconfiado.

─ Só deixei vê-lo hoje, devido ao seu estado delicado de saúde. O resultado de um exame que foi feito nele, diz que o câncer de pulmão se espalhou por todos os seus órgãos internos!

─ Meu Deus! ─ fala baixo. ─ Você sabe quanto tempo de vida ele ainda tem?

─ Os médicos dizem que ele deve ter no máximo um mês de vida. Eu sinto muito!

─ Tudo bem, eu preciso ir. ─ ele vira-se em direção a saída e segue andando.

─ Não esquece a minha caixa de bombom hein?

─ Ok. ─ ele acena com a mão e segue o seu caminho. ─ Não me admira que esteja tão gorda, só pensa em comer. ─ fala baixo, balançando a cabeça. ─ Então Camus disse a verdade, quando falou que ele estava para morrer por uma doença que não tem cura ainda na Terra. ─ pensa ele, enquanto se aproxima do táxi.

─ Não pode ser! ─ fica muito surpreso ao ver César se aproximando do táxi. ─ Se bem que aquele garoto é meio esquisito e não está livre de ser suspeito, ainda mais depois do que eu vi lá no clube. ─ lembrando do momento em que ele cortou a calda do monstro. ─ Ele está sozinho! Mas por que diabos abriu a porta de trás do carro?!

─ Vamos César, preciso comer algo. Minha nossa! Como eu odeio comida de hospital! ─ Dimitri fala bem baixo, ele está entrando no táxi e continua invisível.

─ Está bom, está bom já estamos indo. ─ responde no mesmo tom, fechando a porta do carro.

─ Não sabia que você está namorando a fofinha da recepção! Já estava indo te buscar.

─ Cala a boca, ele vai escutar. ─ ele abre a porta do carona e entrar.

─ Falou comigo? ─ o taxista ouviu César murmurando algo e olha para ele.

─ Não, eu estava pensando alto só isso! He, he. ─ ri sem graça, fechando a porta.

─ Por que abriu a porta de trás? ─ o taxista olha para o banco de trás desconfiado, e olha bem para a cara dele de sobrancelhas em pé.

─ É que eu ia no banco de trás, mas de repente, mudei de ideia. ─ diz fazendo careta, enquanto coça a cabeça.

─ Vamos para onde? ─ ligando o carro. ─ Que garoto doido! ─ pensa balançando a cabeça.

─ Vamos para a Pavuna, mesmo local que você me pegou.

Almir anota a placa do táxi e o nome da empresa em um bloco de notas.

─ Pavuna, aí vamos nós. ─ o taxista manobra o carro.

─ Como eu previa, alguém tentaria fazer algo com Dimitri, se aproveitando que ele está sob efeito de remédios. Aposto que ele tentou executá-lo, mas preciso ter certeza antes de pegá-lo. ─ ele desce do carro e liga para alguém, ele passa os dados que pegou sobre o táxi. ─ Veja se descobre para onde está indo, daqui a pouco eu te explico tudo.

Almir fecha seu carro e atravessa a rua, indo em direção a entrada do hospital. Ele segue andando rapidamente até a recepção.

─ Oi! ─ mostrando a carteira policial.

─ Oi! Como eu posso ajudá-lo? ─ a recepcionista mascando chicletes, nem se abalou com a carteira, olhando diretamente para ele.

─ Não vou tomar muito do seu tempo, é só uma informação sobre um paciente chamado Dimitri Dormen. Ele já teve alta? Pois acabei de vê-lo sair do hospital, com um rapazinho que está todo vestido de preto.

─ O sobrinho dele não faria isso! Faria? ─ ela pega o telefone e liga para a enfermeira de plantão. ─ Clarice, você viu se algum paciente saiu a revelia?

─ Não. ─ ela está sonolenta, pois estava dormindo debruçada em sua mesa.

─ Tem como você ir até o quarto 312-1 e verificar se está tudo bem com o paciente?

─ Claro, te ligo em um minuto. ─ a enfermeira sai da sua sala e sobe de elevador.

─ Ela vai ligar daqui a pouco, foi verificar o paciente. ─ pondo o telefone no gancho. ─ O senhor conhece aquele garoto, o César? ─ a recepcionista está desconfiada.

─ Isso é uma longa história, prefiro não comentar nada. ─ ele encosta no balcão.

─ Tudo bem, o senhor aceita um docinho de brigadeiro?

─ Não muito obrigado, estou de dieta.

─ O senhor tem um corpo bonito para que se privar das coisas boas da vida?

─ A idade já está começando a me derrubar, cada vez fica mais difícil perder esta barriga de chopp. ─ ele incha a barriga e dá dois tapas nela com as duas mãos.

─ Trinnn, Trinnn.

─ Fala Clarice. O quê? Sumiu?! ─ ela arregala os olhos e fica perplexa por alguns segundos.

─ Muito obrigado querida, só precisava mesmo confirmar se ele estava aqui ainda. Pode deixar que vou localizá-lo. ─ Almir se despede e corre para a saída.

─ Ok, tchau! ─ a recepcionista ainda perplexa com a descoberta da fuga do paciente.

─ Será que estes bruxos conseguem ficar invisível? Àquela hora em que César abriu a porta de trás do carro, aquilo foi meio estranho! ─ ele pega o seu smartphone e liga para o delegado Mario.

─ Alô. ─ Mario atende o telefone da sua mesa.

─ Conseguiu descobrir para onde o táxi está indo?

─ Não foi fácil fazer eles revelarem, estes dados são confidenciais e o que estamos fazendo é ilegal!

─ Vamos Mario, temos pouco tempo.

─ Eles estão indo para a Pavuna, o local exato eles conseguem verificar após a corrida, para não constranger o passageiro.

─ Ok, eu vou indo para a Pavuna, só me arruma o telefone do motorista do táxi. ─ Almir desliga e guarda seu smartphone, em seguida saí a toda velocidade com a sua caminhonete.

─ Eu não sei por que ainda ajudo este maluco. ─ Mario desligando o seu telefone.

O táxi chega até o seu destino…

─ Quanto é a corrida? ─ César desce do carro e abre a porta de trás.

─ Para que isso? ─ ele vira-se para trás e observa o jovem em pé ao lado da porta, como se estivesse esperando alguém sair. ─ a corrida deu trinta reais.

─ Aqui, obrigado. ─ ele dá o dinheiro e acena.

─ O taxista pensa que você é louco. ─ Dimitri ficando visível novamente, ele observa o carro indo embora.

─ Eu já estou acostumado, você não? Eu também estou cheio de fome! Vamos entrar. ─ abrindo o portão do quintal.

─ Sua mãe não vai se importar? Eu não quero incomodar. ─ ele está meio sem graça.

─ Vamos Dimitri, minha casa é igual a uma pousada, minha mãe já está acostumada. ─ ele o puxa para dentro.

─ César? ─ a mãe dele saindo de um dos quartos, ela está terminando de se arrumar. ─ Meu filho, tenho que sair, o seu irmão foi preso. Acabei de receber um telefonema do delegado. Você sabe de algo? ─ ela põe os brincos indo em direção do quarto.

─ Não mãe, não sei de nada não. O que será que ele fez desta vez?

─ Eu acredito que foi outra briga. ─ saindo do quarto.

─ Mãe, esse aqui é o Dimitri. ─ apontando com a mão esquerda, depois vira-se e vai direto nas panelas que estão em cima do fogão.

─ Muito prazer, meu nome é Cristina. ─ apertam as mãos. ─ Me desculpe, mas preciso ir, outro dia nos falamos melhor. ─ ela abre a porta da casa, está toda envergonhada pela situação constrangedora.

─ Não se preocupe, vai dar tudo certo. Tenho certeza que foi só um mal-entendido. ─ Dimitri tenta ser gentil.

─ Você diz isso por que não conhece o meu filho mais velho! ─ ela faz uma careta enquanto fala. ─ Meu filho serve o Dimitri, ele deve estar com fome. Esquenta no micro-ondas.

─ Quer que eu vá com você mãe?

─ Não precisa não, a Carla vai comigo e por falar nela, ela acabou de chegar. Tchau!

─ Tchau! ─ Dimitri e César.

─ Deixa eu ligar para a minha filha, antes que o hospital ligue para ela. ─ Dimitri senta-se à mesa da cozinha e liga para o celular da Amanda.

Cristina fecha a porta pelo lado de fora e corre até o carro, que está parando em frente à sua casa.

─ Amiga, desculpa por te dar mais este trabalho. ─ ela abre a porta do carona e entra.

─ Amigas são para estas coisas, minha querida. Quantas vezes você não ficou com o meu filho? Em todas às vezes que eu preciso, hein? Você já conhece o delegado, vai ser mais fácil desta vez. ─ Carla manobra o carro enquanto conversa.

─ É, este é o problema, estou ficando conhecida na delegacia e isso não é bom!

─ Não fica assim não, nós vamos sair dessa e rápido, você vai ver. ─ concentrada na direção do veículo.