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Chapter 13 - Mortos Vivos

César imita a postura e em seguida começa a movimentar lentamente a espada, imitando os movimentos dele.

─ Isso mesmo, vá aumentando a velocidade gradualmente enquanto tenta girá-la desenhando no ar o símbolo do infinito. Lembrem-se de poupar energia com o braço direito, sempre explore o auxílio do braço esquerdo, o direito precisa estar sempre preparado para os ataques rápidos e se necessário, mudar a pegada para defesas mais fortes. Agora chega, deixe para treinar outro dia, a final estamos em uma festa não é mesmo? ─ caminhando em direção a festa.

─ Tem razão. ─ continua treinando.

─ Vamos para a festa rapaz. ─ Dimitri já um pouco distante.

─ Daqui a pouco eu vou. ─ ele vê uma peça de roupa no chão e a pega, trata-se do sutiã de Patrícia, ele o guarda no manto próximo ao peito.

De volta a festa…

─ Pai, minha mãe mandou o motorista me levar embora! Só porque eu estava beijando um garoto! ─ Amanda corre em direção do seu pai ao vê-lo chegar, ela está inconformada ao falar com ele, cruza os braços e faz bico com a boca.

─ O que aconteceu Márcia? O que Amanda aprontou agora? ─ sentando em seu trono.

─ Eu pedi ao motorista para ver onde ela estava, ele me contou que a viu alcoolizada e se agarrando a um rapaz atrás de uma árvore. Eu fui lá e a trouxe para cá. ─ responde mentalmente.

─ Pode levá-la para casa e volte para nos pegar. ─ ficou visivelmente irritado.

─ Pai, eu não sou mais uma criança! ─ gesticulando bastante com os braços, enquanto anda de um lado para outro.

─ Em casa conversamos, leve-a embora agora! ─ apontando para a saída.

─ Sim senhor. ─ o motorista a pega pelo braço e cumpre a sua ordem.

─ Me solta, eu sei o caminho!

No Caju, em um altar no meio do cemitério, o Mestre das Sombras está fazendo reverências ajoelhado. Ele faz uma oração em latim e depois uma oferenda…

─ Ó senhor do mal, aceite esta oferenda e em troca me dê um exército de guerreiros, para que eu possa recuperar o meu medalhão mágico! Ó senhor, ofereço a te não só esses dois corações, mas as duas almas de minhas vítimas. ─ de joelhos se mantendo com a testa no chão, após fazer a oferenda.

No altar os dois corações ainda batem, eles estão dento de uma bandeja de alumínio.

─ Quem ousa a me invocar?! ─ uma voz estrondosa e medonha, logo o ambiente fica envolto de uma densa névoa acinzentada.

─ Eu, seu antigo servo senhor!

─ Para que quer um exército?

─ Para retirar o amuleto feito do poderoso fragmento do cristal de Denna, das mãos de Dimitri nosso inimigo!

─ Gostaria de saber como ele recuperou o cristal que estava em sua guarda! ─ neste instante enquanto a criatura fala, a névoa acinzentada próxima ao bruxo toma a forma de uma cabeça de bode gigante, bem encima dele e dá uma cafungada de fumaça muito forte, o bastante para o virar de costas no chão.

─ Meu senhor, uma criança o arrancou por acidente do meu pescoço. Um jovem o encontrou antes de mim, e o amuleto o protegeu quando eu fui recuperá-lo! Dimitri acabou encontrando o garoto e pegou o medalhão. ─ ele está com muito medo, e volta a ficar de joelhos lentamente enquanto a cabeça de bode vai se afastando, indo para trás e se desfazendo lentamente.

─ Seu incompetente! ─ rosnando de raiva. ─ Posso sentir que o cristal está perto daqui. Tome vinte dos meus melhores soldados, recupere o cristal intacto. Você entendeu?

─ Sim, meu senhor!

Os corações da oferenda param de bater, neste exato momento as energias vitais dos dois são engolidas pelo chão.

─ Você tem exatamente uma hora antes que os vinte guerreiros retornem ao Inferno. ─ o poderoso demônio termina de falar e a névoa começa a se dissipar, desaparecendo em seguida.

─ Sim, meu senhor! ─ ele levanta-se, após sentir que o poderoso demônio foi embora.

O Mestre das Sombras espera por pouco mais de um minuto e nada do exército aparecer.

─ Onde está o meu exército? ─ ele procura suas tropas olhando para todos os lados, quando de repente ele sente um terremoto estremecer tudo. ─ Venham meus guerreiros, temos pouco tempo e muito a fazer!

─ TÓK. ─ ele vira-se na direção do barulho. ─ KRAAK. ─ o vitral enorme de um belo jazigo foi quebrado por algo que está lá dentro, de repente sai de lá um morto-vivo caindo aos pedaços e de vários pontos do cemitério se levantam os outros que somam vinte ao total.

─ Excelente! Será mesmo que estão em condições de cumprir com a missão? ─ ele observa as condições dos corpos podres ali diante dele.

─ Não duvide do poder do nosso senhor, pois ele está em nós! Pegamos os corpos com mais energia deste local. ─ diz um dos mortos-vivos, ele está posicionado bem à frente dos outros.

─ Quero que recuperem meu amuleto mágico… ─ ele foi interrompido.

─ Já sabemos disso, nós que sustentamos estes corpos podres, já fomos instruídos sobre a missão. ─ o mesmo morto que falou antes.

─ Então sabem que se trata de um dos maiores artefatos mágicos do planeta! ─ coçando o queixo enquanto observa um por um, os mortos-vivos.

─ Só conseguiremos se manter em seu mundo por uma hora. ─ novamente o morto-vivo que está à frente fala, ele parece ser o líder deles.

─ Vão e tragam meu amuleto, agora!

Imediatamente os mortos-vivos correm em grupo e vão pulando os muros que veem pela frente. Pulam para dentro do cemitério Memorial e continuam correndo, até que finalmente pulam o último saindo na Avenida Brasil, bem na altura da passarela dois.

O pânico toma conta de algumas pessoas que estavam no ponto de ônibus. Elas começam a correr e atravessar a via expressa, pondo em risco as suas vidas.

─ Para que lado chefe? ─ um morto-vivo.

─ Nós podemos sentir o poder do medalhão! ─ o líder deles fecha os olhos por um instante e se concentra. ─ Sigam esta grande estrada. ─ apontando.

Duas viaturas da polícia se aproximam pela pista central...

─ O que houve com aquela gente? Atravessar a pista daquele jeito, parece até que viram fantasma! ─ o policial que está dirigindo a viatura que vai à frente.

─ É muito estranho, eles olham para trás a todo o momento, mas não tem nada naquela direção. Encosta aí delegado que eu vou perguntar. ─ um jovem policial desce da viatura. Ele pergunta a um dos homens que estava parado na divisória da pista central, olhando fixamente para dentro do cemitério. ─ Ei, o que aconteceu?

─ Cara, não é possível! Os mortos estão se levantando, vários deles pularam o muro do cemitério e começaram a correr na nossa direção! ─ o homem gordo se senta no chão, ele está visivelmente abalado e cansado.

─ Eles foram para onde?

─ Eles foram para lá. ─ aponta. ─ Deve ter uns 30 mortos!

─ Obrigado. ─ o jovem policial acena para o homem e entra no carro.

─ Vamos logo Paulo, vamos ver se alcançamos estes moleques! ─ o delegado fala e atravessa a divisória da pista, passando para a pista da direita. Ele acelera o carro e a outra viatura que estava parada atrás deles faz o mesmo.

─ Na escuta? ─ o rádio da viatura.

─ Segue. ─ Paulo atendendo.

─ O que aconteceu? ─ o piloto da outra viatura que vem atrás.

─ Fábio, o gordinho disse que eles viram os mortos do cemitério pulando o muro, e correndo nesta direção! Ah, ah, ah. ─ ele não se conteve ao contar ao seu colega.

─ Porra! Será que eram drogados?! ─ Fábio, com um riso sínico brotando espontaneamente na face.

─ O que é aquilo. ─ o delegado aponta para a calçada a direita, bem mais a frente.

─ São eles. ─ Paulo fala ao rádio, enquanto a viatura acelera mais ainda.

─ Como são tão rápidos?! ─ Fábio assustado com a velocidade em que estão correndo.

─ Provavelmente estão todos drogados. ─ o delegado liga a sirene, enquanto a viatura fica emparelhada com eles.

As pessoas saem da frente deles conforme eles passam a toda velocidade correndo pelos pontos de ônibus. Muitos ficam apavorados e desorientados, enquanto outros se questionam o que está acontecendo, outros ainda tentam filmar o máximo que podem deles, mas fica um brilho intenso na tela do celular e nada além deste brilho é registrado.

─ PAREM, É UMA ORDEM! ─ Paulo usa o megafone para que todos possam escutar.

─ Continuem, mais rápido! ─ o líder corre a frente deles, acelerando mais ainda a velocidade e os outros o seguem.

─ Caramba! Eles devem estar correndo a uns 50 km por hora! ─ o delegado olhando o ponteiro do velocímetro subir enquanto acelera, ele já marca 45 km por hora e subindo.