─ Você não falou nada sobre aquela garota, falou? ─ preocupado.
─ Não, você pensa que eu sou louco?! ─ responde franzindo as sobrancelhas.
Todos comentam sobre o que ouviram de César ou sobre o que viram Dimitri fazer, em quanto isso Wadramór se aproveita que todos estão distraídos e…
─ Vento, vento, vento. ─ ele lança os seus dedos indicador e médio na direção das costas de César, enquanto sussurra.
Ele é empurrado por trás pelo poder de Wadramór e sem poder apoiar os pés no chão, pois seus cadarços estão presos, ele cai. A espada que ele escondeu embaixo do seu manto está a mostra, e o poderoso medalhão também. Todos ali presentes fixaram seus olhos na espada, pois os raios dourados que emana dela brilha muito. Dimitri e Almir que estão mais próximos do medalhão o veem ali no chão.
─ Que espada linda! ─ diz um jovem.
─ É maravilhosa! ─ Wadramór de boca aberta.
─ Adoraria colocá-la na parede de minha sala. ─ Saulo.
─ Realmente é uma peça única! ─ Cassandra.
─ Cara! A espada estava com você esse tempo todo? Ela é linda! ─ Juninho olhando para o seu amigo estatelado no chão.
César levanta-se, após desamarrar o nó feito por Wadramór, acerta seus cadarços, apanha a espada e vira-se para pegar o medalhão.
─ Como veio parar aqui? Eu não entendo! ─ Dimitri abaixa-se para pegar ele.
─ NÃO! SE AFASTE DELE! ─ César o empurra com todas as forças, ele cai no chão. ─ É o meu medalhão. ─ pega o objeto mágico e sai correndo pelo Aterro do Flamengo.
Quatro policias correm atrás dele.
─ Peça para que eles parem de persegui-lo, por favor. ─ Dimitri levanta e depois limpa as suas roupas com as mãos.
─ Sinto muito, mas não vai dar não. ─ Almir cruza seus braços e assisti à cena, pois ele sabe que em pouco tempo os policiais vão pegar o garoto.
─ Se é assim… ─ ele levanta os dois braços e junta as mãos. A sua mão direita fica mais alta e seu dedo médio curvado no meio do indicador (como se fizesse uma cruz) ─ ÔMMM ZARAM DU ZARAM ÔMMMMM. ─ fazendo um movimento com o braço direito, como se estivesse dando um corte com a mão, um corte na horizontal partindo da esquerda para a direita. De repente algo como uma corda invisível se estica na frente dos policiais e eles tropeçam, caindo feio no chão.
Todos viram o que fez Dimitri Dormen e se espantaram com o seu poder, inclusive o inspetor Almir. Os guardas se levantavam lentamente e se preparavam para correr de novo.
─ VOLTEM TODOS! VAMOS PARA A DELEGACIA! ─ ele dá a ordem em voz alta. ─ Deixem que resolvam seus próprios problemas, se não querem ajuda da polícia o que posso fazer. ─ Almir olha nos olhos de Dimitri e vai em direção da sua viatura. ─ Droga! Eu já vi muita coisa estranha por hoje, gente estranha, histórias estranhas. ─ ele anda gesticulando e balançando a cabeça.
─ Almir ainda são 03h30 da manhã. Cara, por falar nisso, há uns quinze minutos, a nossa central passou algo sobre um crime bárbaro no centro da cidade. ─ o policial que estava colhendo os relatos do roubo do livro.
─ Não quero nem saber Francisco, toda noite é a mesma coisa, mais um crime, mais um corpo se cala diante da violência desta cidade maravilhosa. Enquanto não acabarem com o tráfico de drogas essa violência não terá fim. ─ deitando a cabeça no banco do carro enquanto seguem para a delegacia, os outros dois carros o seguem em fila.
─ Chefe, eu acredito que enquanto houver gente querendo consumir, vai haver drogas para vender de um modo ou de outro. Eu acredito que só investindo em educação mesmo, conscientizando a garotada, por exemplo. ─ ele dirige a viatura.
─ Francisco, você tem toda a razão. Ensinando e mostrando o que as drogas fazem com eles, antes deles experimentarem, a longo prazo resolveria a maioria dos nossos problemas. Muitas das vezes o vício nasce ali, na primeira dose. ─ tentando relaxar, para tirar uma soneca.
─ Claro que o governo tem que fazer a sua parte também, vistoriando melhor as nossas fronteiras e aeroportos.
─ Claro. Como foi o crime que você ouviu há pouco?
─ Olha chefe, pelo que eu ouvi no rádio esse crime parece mais coisa de magia negra. Arrancaram o coração de uma menina de aproximadamente 12 anos. ─ Almir abre os olhos e levanta novamente a cabeça. ─ O delegado disse que nunca viu nada igual, que não havia vestígio de nem um instrumento de corte, era como se o coração tivesse sido arrancado com a mão de dentro do peito da menina. ─ diz o policial.
─ Onde Francisco?! ─ pergunta eufórico.
─ No centro, bem na rua sete de setembro, próximo da av. Rio Branco.
─ Toca para lá agora! ─ Almir acende um cigarro, em seguida faz uma ligação pelo celular.
Em quanto isso…
─ Acredito que ninguém está me seguindo, que bom. Estou muito cansado… Ops! ─ César corria olhando para trás, quando esbarra em alguém que mais parece uma parede a sua frente, e ele cai no chão.
─ Não tenha medo, eu só preciso que me diga algo.
─ Dimitri Dormen precisando de mim, um mero iniciando? ─ ele se levanta, bem lentamente.
─ Pelo que contou apouco, você não me parece um simples iniciando qualquer. Nenhum iniciando teria conseguido se livrar dos cipós de um Athothykamô! ─ ele sorri.
─ Tem razão, eu não teria conseguido sem ajuda dele. ─ mostrando o medalhão.
─ O meu medalhão mágico. ─ ele voa até a mão do seu dono. ─ Não pode ser?! Ele está muito mais poderoso, o seu poder está pelo ao menos três vezes mais forte, eu posso sentir. ─ olhando para o objeto, que está brilhando em sua mão direita.
─ Como assim o seu medalhão? ─ César se afasta com receio.
─ Calma, pelo que vejo devemos explicações um ao outro. Podemos começar com você. Como meu medalhão foi parar em suas mãos?
─ Não me diga que não se lembra?
─ Vamos nos sentar ali, de frente para a praia, aí você me conta tudo. ─ eles dois caminham até a areia da Praia do Flamengo, e sentam de frente para o mar.
Em quanto isso, no centro da cidade do Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa…
─ Cara, se tem uma coisa que me impressiona até hoje nessa minha profissão, é a velocidade em que estes fotógrafos e jornalistas chegam ao local de um crime. Eles parecem até urubus. ─ diz, seguindo com Almir na direção dos policiais que fazem contenção da cena do crime, impedindo a entrada dos fotógrafos no local demarcado com a fita amarela.
─ É Francisco, nós sabemos que alguns policiais tiram algum por fora ocasionalmente.
─ O salário baixo acaba facilitando isso.
─ Será? Será que esses que se vendem nas menores coisas e nas grandes, não se venderiam se ganhassem os melhores salários do mundo?!
─ É, pode ser.
─ Inspetor Almir da 10.ª DP. ─ ele mostra a sua carteira para os policiais que estão próximos à fita.
─ O senhor pode passar, mas ele não. ─ diz o policial.
─ Pode deixar passar, eu conheço o inspetor. ─ diz um senhor gordo, careca e baixo, que usa um terno azul.
─ Obrigado. ─ Francisco vai entrando seguindo seu chefe.
─ Como vai Mario? ─ estende a mão.
─ Bem e você inspetor? ─ eles se cumprimentam.
─ Gostaria de estar dormindo agora, mas fora isso estou muito bem.
─ Vamos aos fatos, a final pelo telefone você demonstrou um interesse muito grande nesse caso. ─ ele vira-se para o corpo, que está tapado com uma lona preta. ─ A pobre menina teve uma morte quase que instantânea, ao ter o seu coração arrancado pelas mãos do criminoso. ─ levantando a lona.
─ Meu Deus! ─ Francisco, imediatamente põe as mãos no peito.
─ Aparentemente não houve sinal de briga, mas o que nos intriga é a força que esse homem possui. Para fazer o que ele fez só com as mãos, é preciso ter uma força fora do comum.
─ Podemos levar o corpo delegado? A perícia já acabou de examiná-lo. ─ pergunta um rapaz vestido de branco.
─ Podem levá-lo direto para a autópsia.
─ Encontraram alguma pista até agora? ─ Almir.
─ Não, por enquanto não temos nada. Vamos investigar a família da garota, os amigos e verificar todas as câmeras do entorno.
─ Em nome da nossa amizade me mantenha informado de tudo, do resultado da perícia até os relatos que irão colher! Olha, pode me enviar tudo por e-mail, toma. ─ ele dá um cartão para o delegado.
─ Olha Almir, eu te conheço desde que entramos para a polícia. Você sabe de algo?
─ Não, mas gostaria. Eu só acredito que possamos nos unir para chegar até o criminoso. ─ se retirando do local. ─ Posso contar com você? ─ ele para, acende um cigarro e pergunta.
─ Lógico, se Deus quiser nós vamos achar alguma pista. ─ o delegado se agacha e fica analisando o chão, como se buscasse por algo que possa ter passado despercebido.
─ Olha chefe, eu nunca vi nada parecido! ─ Francisco, caminhando ao lado dele em direção ao carro.
─ Isso me parece coisa de um daqueles lunáticos. Se eu descobrir quem foi o maldito, pode ter certeza, não vai ter poder de bruxo grande o bastante para se livrar disso! ─ Almir puxa sua magnum 44 cano longo, toda cromada, por debaixo do seu paletó e a olha minuciosamente, isso antes de entrar no carro e seguir para a delegacia.