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Chapter 4 - Me Dê O Livro Ou...

─ Oh não! Tenho um péssimo pressentimento sobre isso! ─ de repente ele para de caminhar e fecha seus punhos, protegendo o amuleto. Ele está com muito medo de ver o modo como aquele ser o olha, agachado e movendo seu corpo de um lado para o outro, como um animal prestes a dar o bote.

─ Me dê o amuleto e pouparei a sua vida. ─ ela fica de pé e fala com uma voz assustadora.

─ Será que ela é a mulher dele? Não faz sentido, ele não roubaria o próprio livro! ─ pensa. ─ EU QUEM DIGO, ME DÊ O LIVRO OU TEREI DE TIRÁ-LO DE VOCÊ! ─ grita com firmeza engrossando a voz. ─ Nossa! Em que eu estou me garantindo? Em um medalhão que nem sei se vai funcionar quando precisar dele?! ─ César mantém uma pose de mago poderoso, afinal agora é tudo que lhe resta.

A mulher abre o livro e o folheia rapidamente, acha uma página, sussurra algumas palavras em uma língua desconhecida e em seguida um nome:

─ Athothykamô. ─ diz enquanto aponta para ele, com suas unhas enormes e negras.

Em poucos segundos o chão em volta dele começa a estremecer de maneira nunca vista, ele tenta ficar de pé, mas é em vão, e quando para de estremecer, ele se levanta rapidamente.

─ Poxa, estou vivo! ─ um sorriso intenso brota em seu rosto. ─ Ela não é tão medonha assim, acho que… ─ ele limpa-se batendo com as mãos nas roupas que estão cheias de areia, quando de repente, dois cipós verdes se enroscam em seus braços e o puxam para trás. Com esse movimento o amuleto cai de sua mão. ─ Droga! Não me lembro dessa árvore aqui antes! ─ vendo seu corpo sendo amarrado pelos cipós da estranha árvore, que está atrás dele.

─ Cadê sua confiança? É uma pena, mas não tenho mais tempo para brincar com você. ─ ela abre o livro, o lê novamente sussurrando e diz um nome. ─ Algurmidomdranín. ─ apontando o livro aberto para frente.

Uma mão feminina graciosa segurando uma espada que possui um cristal preso ao cabo, sai de dentro do livro, e neste instante uma ventania muito forte sopra naquele local, enquanto raios dourados brilham percorrendo do cabo até a ponta da lâmina. A mão abre e solta a espada, ela cai no chão. A bruxa então fecha o livro fazendo com que aquele braço gracioso desapareça, ela agacha-se e pega a espada, em seguida fica em pé a erguendo bem ao alto.

─ Ah não! A minha única chance é o medalhão, mas ele está tão longe. ─ tentando relaxar e usar seus poderes mágicos.

─ Vai morrer, com essa espada vou cortá-lo em vários pedaços. ─ ela começa a correr na direção dele com a espada em punho.

─ Vem, vem, por favor… vem… VEEEEM! ─ ele imagina o medalhão vindo para si e acaba explodindo uma mistura de medo, ansiedade e ódio, o grito sai espontaneamente. O medalhão voa em altíssima velocidade e bate nos cipós da árvore que o prendem, caindo aos pés dele.

─ É inútil, vai morrer! ─ ela se aproxima.

─ Fiz de tudo para trazer o amuleto para mim, do que adiantou se estou preso não consigo nem mover um dedo das minhas mãos. Acho que é o meu fim! ─ ele abaixa a cabeça e fecha os olhos, ao mesmo tempo em que a bruxa negra levanta a espada e…

… Os cipós da árvore libertam César e se sacodem muito, atingindo assim a bruxa em cheio no meio dos peitos, ela cai no chão após soltar a espada, que está agora fincada bem na frente dele, como se estivesse predestinada a isso. A árvore começa a se petrificar e em alguns segundos depois vira pó, sendo levada completamente pela enorme ventania que se iniciou e só parou quando o resto dela desapareceu.

César pega a espada e vai para cima da bruxa, ele a golpeia, mas ela se esquiva, mesmo assim acaba ferida no antebraço. Ela se afastou com o livro em mãos com auxílio de seus poderes mágicos, que a fazem se unir com a sua bela capa negra e voar. Ele fica observando os movimentos daquela capa se distanciando sem nada poder fazer para alcançá-la, ao se afastar no ar ela faz vários movimentos como o de uma bela dança.

─ Quando menos esperar… ─ a capa toca o chão e o seu corpo reaparece. ─ … ele virá buscá-lo. ─ ela vira-se de costas, corre e desaparece por entre as árvores.

─ ESTAREI ESPERANDO! ─ grita erguendo a espada. ─ Nunca me senti tão bem, tão confiante! Mais uma vez você me salvou, quando tocou na árvore deve tê-la enfeitiçado, por isso ela veio a virar pedra e depois pó. ─ relembrando do momento exato em que o medalhão tocou a árvore e emitiu um pequeno brilho azul. ─ Eu gostaria muito que a Patrícia tivesse me visto. Ela com certeza ficará comigo se eu me tornar um mago poderoso. ─ ele guarda o medalhão, a espada e segue em direção ao evento.

Quando César chega próximo a grande tenda vê os policiais investigando o local, estava ele tão exausto daquela corrida alucinante que não conseguiu pensar que era no momento o maior suspeito de ter roubado o livro. Ele entra na tenda.

─ Por acaso, eu posso saber onde estava o senhor a esta hora da madrugada? ─ Josias cruza os braços ao vê-lo.

─ Eu saio para ir ao banheiro mestre, quando de repente as luzes se apagam e… ─ ele é interrompido por um dos mestres convidados do evento.

─ É, só falta ele dizer que não sabe de livro algum, que foi só uma coincidência ele está lá fora no momento do roubo! Eu quero saber onde fica esse banheiro que você usou, deve ser longe não é mesmo?! ─ Wadramór cruza os braços e faz cara de louco, não precisou de muito esforço, bastou fazer algumas caretas.

─ Garoto, o meu nome é Almir, eu sou o inspetor encarregado de investigar o sumiço do tal livro, portanto, eu faço as perguntas por aqui. ─ Almir encara Wadramór. ─ Já colhi relatos de todos só falta você, então pode começar falando por que resolveu ir ao banheiro lá de fora e onde esteve até agora. ─ ele fala enquanto seu companheiro de polícia toma nota.

─ Bem, como estava dizendo antes do velho me interromper. ─ César olhando bem na cara de Wadramór que fica furioso. ─ Eu estava indo ao banheiro quando senti uma vontade de dar uma olhada no livro, passei pela tenda dele e saí, deixando para contemplá-lo depois na volta. Foi quando de repente faltou luz e a tenda toda se apagou logo em seguida, ouvi um barulho como de vidro quebrando, o livro, pensei! Corri ao local e vi alguém correr com ele debaixo dos braços. Perseguindo a pessoa por algum tempo com muita dificuldade, descobri que se tratava de uma mulher, ela usava um manto daqueles com gorro não dava para ver seu rosto e tinha uma linda capa negra como nunca vi antes! O inacreditável é que ao correr seu corpo parecia ser tão leve que ela conseguia dar saltos de mais de três metros e cair de uma maneira suave no solo, era

impressionante! ─ todos ouvem atentos. ─ Eu gritei para que devolvesse o livro e ela virou-se lentamente, abril o livro e pronunciou algumas palavras. De repente um terremoto estremeceu a terra, ele era tão forte que não consegui com todo meu esforço ficar de pé. Ao me levantar quando menos percebi, estava preso em uma árvore medonha que emitia um barulho muito chato e estava me perturbando as ideias. Ela apareceu por detrás de mim e me envolveu com seus cipós. Novamente a mulher abre o livro folheia-o e pronuncia outras palavras em uma estranha língua e de dentro dele sai uma mão com movimentos bem suaves e um enorme bracelete dourado em seu pulso, ela segurava uma espada muito brilhante, mas a jogou no chão próximo a ela e desapareceu. Eu tentava me soltar, mas não conseguia se quer mover as mãos, pois a árvore parecia estar viva e quanto mais lutava para me soltar mais ela me apertava. Meu desespero foi completo quando vi a estranha mulher pegar a espada e dizer que iria me cortar em vários pedaços.

Com ajuda… (ele sabe que se falar sobre o medalhão irão tirá-lo dele) … com muito esforço, consegui me libertar na hora em que aquela mulher ia me cortar em dois. Por sorte a árvore se sacudiu e os cipós dela bateram na bruxa, fazendo-a largar a espada. Consegui pegá-la e a ataquei com todas as minhas forças, consegui ferir seu braço direto, mas ela possuía uma capacidade de se movimentar como se seu corpo não fosse físico. Como posso explicar?! Eu a teria ferido bem mais gravemente com a espada e recuperado o livro, se seu corpo não entrasse na sua capa, se afastando de mim em uma velocidade que ser humano nenhum consegue se mover, ainda voando e fazendo vários movimentos circulares no ar de um lado ao outro.

─ O garoto tem imaginação. É uma pena que magos com poderes tão extraordinários não existam mais. ─ um iniciando muito arrogante fala com ar de deboche.

─ Diga-me, era mais ou menos assim? ─ Dimitri faz o mesmo movimento saltando por todos em altíssima velocidade, e só a capa dele fica visível voando em círculos por uns dez segundos, até ele cair atrás de todo o pessoal e reaparecer. ─ Foi assim que a mulher fez? ─ ele pergunta enquanto caminha para o lugar onde estava antes, e todos o observam sem se quer piscar, inclusive o jovem que debochava de César.

─ Isso é impossível! ─ o jovem arrogante está sem palavras agora.

─ Garoto, o ser humano comum não sabe de nada, vive preso em seu mundo de mentiras contadas como verdades, de tudo o que sabem quase tudo é falso. Me admira um iniciando na magia com a mente tão fechada. ─ Josias.

─ Sim, foi desse jeito o movimento. ─ César não sabe o que pensar, está confuso

com tudo que está acontecendo.

─ Conseguiu se livrar sozinho de um demônio das trevas de terceira categoria. Não faz sentido, nenhum dos mestres presentes nesta sala poderia se libertar de um espírito como esse em tão pouco tempo. Sozinho levaria horas até conseguir realinhar sua concentração, pois este demônio emite um som produzido pelas suas folhas, que age direto no cérebro humano e confunde os pensamentos. Ele está escondendo algo sobre um medalhão, preciso saber o que é! ─ Dimitri pensando enquanto tenta olhar nos olhos dele.

─ Isso é tudo garoto? ─ Almir.

─ Antes de fugir, ela me ameaçou dizendo algo como que seu mestre voltaria ou algo parecido.

─ Eu sinto muito, vou ter que levá-lo para a delegacia você é o principal suspeito do roubo. Siga-me. ─ Almir segura-o pelo braço e vai caminhando em direção à viatura policial.

─ Você precisa mesmo que eu vá até a delegacia?! ─ César parece preocupado.

─ É procedimento de rotina apenas, vai ser batido o seu depoimento. Vamos chamar seus pais e após conversar com eles, você estará liberado, coisa rápida.

─ É porque minha mãe já sofre tanto com o meu irmão problemático, eu não queria que ela sofresse constrangimento por minha causa, entende?

─ Não. ─ Dimitri segura o outro braço do jovem e o inspetor solta-o. ─ Eu retiro qualquer tipo de queixa, não foi ele quem o roubou.

─ Ufa! ─ ele vai caminhando aliviado em direção aos seus amigos.

─ Tem certeza disso? ─ Almir.

Enquanto Dimitri e Almir acertam sobre a retirada da queixa, Wadramór que ainda está chateado, arma uma brincadeira de mau gosto para César.

─ Quero ver a sua cara pirralho, quando se espatifar no chão! ─ Wadramór pensa, enquanto desamarra os cadarços do sapato dele e amarra-os juntos, só com o seu poder mental.

─ Você está bem? ─ Juninho pergunta a seu amigo, que acena com a cabeça em sinal de afirmativo. ─ Cara, isso tudo aconteceu mesmo? ─ pergunta em um tom bem baixo.

─ Você acredita em mim não é Juninho? ─ pergunta no mesmo tom.

─ É claro, ainda mais depois do que eu vi com meus próprios olhos… Haaarg! Não gosto nem de lembrar!