Chapter 5 - Hora dos Experimentos

Então, como um bom cientista, ele começou seus experimentos. Invocando a energia que estava marcada, agora ele sabia, no núcleo de sua alma, sentindo-a pulsar como um segundo coração, um coração místico. No começo, com dificuldade, cada tentativa era como tentar levantar um peso colossal com músculos atrofiados. Mas, a cada vez que ele invocava a energia azul, ele sentia-a fluir com mais facilidade, como um rio que, a princípio, é apenas um filete d'água, mas que, com o tempo e a persistência, se torna uma correnteza poderosa. O símbolo do infinito, que antes surgia como um flash fugaz, agora permanecia visível por mais tempo, como uma tatuagem luminosa, um lembrete constante de sua nova natureza, de sua nova realidade. E a sensação de formigamento, antes sutil, se intensificava, como se cada célula de seu corpo estivesse despertando para um novo tipo de energia, para um novo tipo de vida. Ele notou que, com a energia, vinha um leve aumento em sua força, uma força que, embora ainda minúscula em termos absolutos, era colossal para um bebê. Seus movimentos, antes completamente descoordenados, espasmódicos e aleatórios, ganhavam um mínimo de controle, uma pitada de propósito. Ele conseguia virar a cabeça com mais precisão, em direção a um som ou a um objeto que chamasse sua atenção. E mexer os braços com um pouco mais de propósito, como se estivesse tentando alcançar algo, tocar em algo, explorar o mundo ao seu redor.

Mas havia um preço, um limite para aquela nova força. O uso da energia o deixava exausto, esgotado, como se cada invocação drenasse suas reservas vitais. Após cada "sessão de treinamento", cada tentativa de controlar a energia, cada pequeno movimento conquistado, Vargo caía em um sono profundo, um sono sem sonhos, um mergulho na inconsciência, como se seu corpo minúsculo estivesse se recuperando de um esforço extremo, de uma maratona olímpica. Ele logo percebeu que havia um limite, uma espécie de reservatório interno de energia, como uma bateria que se descarrega com o uso. Se ele ultrapassasse esse limite, se ele tentasse usar mais energia do que seu corpo podia suportar, o desmaio era inevitável, um mecanismo de defesa de seu novo corpo.

É como mana, pensou Vargo, fazendo uma analogia com os jogos de RPG que, ironicamente, agora pareciam ter alguma base na realidade, jogos que antes eram apenas um passatempo, uma forma de escapar da rotina do laboratório, agora se mostravam estranhamente proféticos. Um recurso limitado que se regenera com o tempo. Essa era a sua nova realidade, e ele a estudaria como qualquer outra variável em um experimento. E, aparentemente, o uso constante aumenta a capacidade máxima, a quantidade total de energia que ele podia armazenar e utilizar. A hipótese era animadora, excitante. Se ele continuasse a "treinar", se ele persistisse em invocar e controlar a energia, ele poderia, talvez, acelerar seu desenvolvimento físico e, quem sabe, até mesmo controlar a magia de forma mais efetiva, de forma mais consciente. Então o tempo, antes uma constante familiar para Aureus, agora se comportava de maneira estranha, distorcida, como se estivesse sujeito às leis de um universo diferente. As horas passaram rápido no berço, marcadas apenas pelo ciclo de desmaiar, despertar e a frustrante, mas instigante, tentativa de controlar seu novo corpo naquela noite que parecia se estender infinitamente. Mas, dentro dessas horas, dentro desse ciclo repetitivo, Vargo sentia uma progressão sutil, uma melhora gradual, como se estivesse, gradualmente, dominando a arte de ser um bebê com poderes mágicos.