Chapter 12 - Um Homem Implacável

Aria respirou fundo, forçando-se a se manter calma apesar da tensão no ar. Inclinando-se levemente, ela murmurou, "Obrigada."

"Uh huh." Sua resposta curta soou como um tapa, pingando insatisfação. Seu olhar, afiado e penetrante, a perfurava enquanto ele se recostava preguiçosamente, a mão descansando displicentemente sobre a empunhadura de sua espada.

O leve sorriso em seus lábios estava desprovido de humor, apenas enfatizando o perigo que o cercava.

"Me pergunto," ele começou, com voz fria e deliberada, "onde foi parar a confiança daquela noite?"

Suas palavras, apesar de pronunciadas casualmente, soavam como uma acusação. O tom carmesim de seus olhos parecia escurecer enquanto se fixavam nos dela, carregando uma intensidade poderosa e quase predatória. Ele inclinou levemente a cabeça, estudando sua reação com uma mistura de diversão e desdém.

O cenho de Aria se aprofundou com o peso de sua pergunta sobre ela. Confiança? Onde ela tinha ido parar? Ela mordeu o lábio, lembrando-se da noite em que o havia confrontado com uma defiança descarada, acusando-o de ser um ladrão. Naquela noite, sua raiva a cegara para a enormidade de seu erro.

Mas agora, diante dele, cada instinto gritava para que ela fosse cautelosa. Sua aura era esmagadora, sufocante até, e a deixava se sentindo completamente exposta.

'Apenas se desculpe,' ela se disse firmemente. 'Peça desculpa e certifique-se de nunca mais cruzar caminho com ele novamente. Ele é poderoso demais.'

Endireitando sua postura, ela forçou as palavras a sair. "Eu... erm... peço desculpas pela outra noite." Sua voz vacilou ligeiramente, mas ela continuou, esperando que fosse suficiente.

No entanto, antes que seu pedido de desculpas se assentasse, sua voz cortou o ar como uma lâmina. "O que foi feito não pode ser desfeito." Seu tom era plano, quase entediado, mas havia um toque inconfundível que enviou um calafrio pela espinha dela.

Ele levantou um único dedo enluvado e tocou a superfície polida da mesa diante dele, o som agudo ecoando na quietude. Seu olhar nunca deixou o dela, e o brilho perigoso em seus olhos carmesins se aguçou. "Você me ofendeu. Apenas saiba disso."

Ofendê-lo? Seu estômago revirava de desconforto enquanto as palavras dele ecoavam em sua mente. Aquela noite havia sido um erro, um erro terrível e impulsivo. Se ela soubesse quem ele era, nunca teria ousado falar tão imprudentemente.

Além disso, o que ele estava fazendo no palácio naquela noite se ele não havia chegado oficialmente? Não era culpa dele por estar se esgueirando daquela maneira?

Incapaz de se conter, ela disparou, "Você! Se eu te ofendi, então por que você me ajudou?"

Mas a questão que ardia dentro dela se recusava a ficar em silêncio.

"Se eu te ofendi," ela disparou, sua frustração momentaneamente superando seu medo, "então por que você me ajudou?"

Seus lábios se curvaram em um leve sorriso, embora sem calor algum. "É aí que você se engana," ele respondeu, sua voz calma, mas salpicada de uma ameaça silenciosa. "Eu não te ajudei."

Sua expressão se crispou em confusão. "Mas—"

"Eu intervim," ele continuou suavemente, cortando-a. "Não por sua causa, mas para garantir que a situação não escalasse ainda mais. O caos teria perturbado meu descanso, e eu não tenho paciência para tais aborrecimentos."

Enquanto ele falava, seus dedos retomavam o bater constante, cada som um lembrete de sua irritação. Suas palavras eram cortantes, não deixando espaço para interpretações erradas.

Então era isso. Ele não a tinha ajudado por bondade ou preocupação; fora puramente por interesse próprio. Seus lábios se comprimiram em uma linha fina à medida que a indignação crescia dentro dela. Que homem egoísta e arrogante.

"Então esse é o tipo de homem que ele é," ela pensou amargamente. "Egoísta. Implacável. Um homem que não levantaria um dedo a menos que isso lhe beneficiasse de alguma maneira."

Como se para confirmar seus pensamentos, sua voz soou novamente, "E agora," ele disse, sua voz assumindo um tom comandante, "você está perturbando meu descanso mais uma vez. Saia. Agora."

Suas palavras eram absolutas, uma demissão que carregava o peso de sua autoridade. Seu olhar penetrante nunca vacilou, e o ar ao redor dele parecia ficar mais pesado, pressionando-a até que ela não tivesse escolha a não ser obedecer.

Aria cerrou os punhos, engolindo os insultos que queimavam na ponta de sua língua. "Perturbar seu descanso? Hmph que homem grosseiro!" ela ferveu internamente. "Que grosseiro! Como absolutamente insuportável!" Ela queria gritar com ele, dizer-lhe das suas arrogâncias, mas sabia melhor. Ele era um homem poderoso, alguém que até seus pais temiam ofender... e alguém com quem ela não podia se dar ao luxo de se indispor ainda mais.

Rangendo os dentes, Aria virou-se nos calcanhares e saiu da sala, seus passos ecoando pelo corredor. Mesmo enquanto se afastava, ela podia sentir seu olhar em suas costas, como se ele estivesse zombando dela silenciosamente.

'Que homem insuportável,' ela pensou amargamente, com as mãos se fechando em punhos.

'Grosseiro, arrogante e completamente egocêntrico.'

Suas bochechas queimavam com uma mistura de embaraço e raiva, mas ela se forçou a afastar o encontro de sua mente.

Depois de vagar sem rumo por um tempo, ela se encontrou nos jardins do castelo. O ar fresco da noite e o leve aroma de flores desabrochando ajudaram a acalmar seus nervos. Sentada em um banco de pedra sob um carvalho imponente, ela deixou seus pensamentos se assentarem, jurando evitar ele a todo custo a partir de agora. Ela tinha cometido o erro de ofendê-lo quando não sabia sua identidade, mas agora que sabia, ela não ousava...

Finalmente, ela voltou para seus aposentos, o esgotamento alcançando-a. Ela se lavou, deixando a água fresca cascatear sobre suas mãos como se pudesse limpar as frustrações do dia. Justamente quando começava a relaxar, uma batida aguda interrompeu sua paz.

Aria congelou, o coração saltando uma batida. Quem poderia ser a essa hora? Ela hesitou por um momento antes de atravessar a sala e abrir a porta. Ela prendeu a respiração ao ver a Rainha Seraph parada ali, sua presença real tão intimidadora quanto sempre.

Um lampejo de esperança brilhou no peito de Aria. Poderia ser? Poderia sua mãe finalmente ter vindo vê-la, para reconciliar-se após anos de negligência? Talvez ela tivesse percebido que Aria não era o fardo que ela sempre acreditou ser. Talvez ela tivesse vindo se desculpar, oferecer o amor e o carinho que Aria ansiava por tanto tempo.