A noite caiu sobre Elyndor, e o céu se transformou em um espetáculo de cores vibrantes. Estrelas cintilantes pareciam dançar ao redor de duas luas brilhantes, uma prateada e outra dourada. A floresta, que antes parecia tão misteriosa e assustadora, agora tinha um ar quase mágico, como se cada árvore e cada folha estivessem vivas e observando.
Lyra e eu estávamos sentados ao redor de uma fogueira que ela havia criado com um simples gesto de sua mão. As chamas dançavam suavemente, iluminando nossos rostos enquanto eu tentava processar tudo o que havia acontecido.
"Então, você está dizendo que eu sou... especial?" perguntei, ainda incrédulo.
Lyra sorriu, seu rosto iluminado pela luz do fogo. "Especial é uma palavra pequena para o que você pode ser. Ter afinidade com todos os elementos é algo que só ouvi em lendas. Você pode ser a chave para restaurar o equilíbrio em Elyndor."
"Restaurar o equilíbrio?" repeti, sentindo o peso das palavras. "O que está desequilibrado?"
Ela suspirou, olhando para as chamas. "Há muito tempo, Elyndor era um reino de paz e harmonia. A magia fluía livremente, e todos viviam em sintonia com a natureza. Mas algo aconteceu. Uma força sombria surgiu, corrompendo a magia e espalhando caos. Agora, criaturas como a que você enfrentou hoje são apenas um sinal de que algo está muito errado."
Eu olhei para minhas mãos, ainda sentindo o eco da magia que havia fluído através delas. "E você acha que eu posso consertar isso?"
"Eu sei que você pode", ela respondeu, com convicção. "Mas primeiro, você precisa aprender a controlar seus poderes. E para isso, precisamos ir até a Academia de Magia de Arcanis."
No dia seguinte, partimos em direção à Academia de Magia de Arcanis. Lyra explicou que era o lugar onde os maiores magos de Elyndor haviam estudado e que lá eu poderia aprender a dominar minhas habilidades.
A jornada foi longa, mas fascinante. A cada passo, eu descobria algo novo sobre esse mundo. As árvores pareciam sussurrar segredos antigos, e os animais que cruzavam nosso caminho tinham uma inteligência quase humana. Em um momento, vimos um cervo com chifres que brilhavam como cristais, e em outro, um pássaro cujas penas mudavam de cor conforme ele cantava.
"Elyndor é um lugar de maravilhas", disse Lyra, percebendo meu encantamento. "Mas também é um lugar de perigos. Você precisa estar sempre alerta."
Eu concordei, mas minha mente estava ocupada com outras questões. "Lyra, por que você está me ajudando? Por que se importa tanto comigo?"
Ela parou por um momento, olhando para mim com um olhar sério. "Porque eu acredito em você. E porque... eu também tenho um papel a desempenhar nisso tudo. Mas isso é uma história para outro dia."
No terceiro dia de viagem, algo aconteceu. Estávamos atravessando um vale estreito quando um grupo de homens apareceu, bloqueando nosso caminho. Eles estavam armados até os dentes, com espadas e arcos, e tinham um ar ameaçador.
"Bem, bem, o que temos aqui?" disse o líder, um homem alto com uma cicatriz que atravessava seu rosto. "Dois viajantes perdidos?"
Lyra ficou em alerta, segurando seu cajado com firmeza. "Não queremos problemas. Deixe-nos passar."
O homem riu, um som áspero e desagradável. "Problemas? Oh, nós adoramos problemas. E parece que você tem algo que queremos."
Ele apontou para mim, e eu senti um frio na espinha. "Eu? O que eu tenho?"
"Seu poder", ele respondeu, com um sorriso maligno. "Nós sentimos sua magia de longe. E magia como a sua vale uma fortuna no mercado negro."
Lyra não hesitou. Com um movimento rápido de seu cajado, ela lançou uma onda de energia que derrubou dois dos mercenários. "Corra!" ela gritou para mim.
Mas eu sabia que não poderia simplesmente fugir. A magia que havia sentido antes começou a surgir novamente, e eu sabia que precisava usá-la. Concentrei-me no ar ao meu redor, sentindo a brisa que soprava pelo vale. Com um gesto, criei uma rajada de vento que atingiu os mercenários, fazendo-os perder o equilíbrio.
Lyra aproveitou a oportunidade, lançando uma série de feitiços que mantiveram os homens ocupados. Juntos, conseguimos afastá-los, mas sabíamos que não seria o último encontro desse tipo.
Finalmente, após dias de viagem, chegamos à Academia de Magia de Arcanis. O edifício era imponente, com torres que pareciam tocar o céu e paredes feitas de uma pedra que brilhava suavemente. Estudantes vestidos com túnicas coloridas caminhavam pelos jardins, e o ar estava cheio de uma energia palpável.
"Bem-vindo à Academia", disse Lyra, com um sorriso orgulhoso. "Aqui, você aprenderá a controlar seus poderes e descobrirá o verdadeiro potencial da magia."
Eu olhei para o edifício, sentindo uma mistura de empolgação e medo. Sabia que minha jornada estava apenas começando, e que havia muito mais por vir.
Dentro da Academia, fui apresentado ao Grão-Mago Altharion, um homem idoso com uma barba longa e olhos que pareciam ver através de você. Ele me examinou com um olhar penetrante antes de falar.
"Então, você é o escolhido", ele disse, sua voz grave e cheia de autoridade. "Lyra me contou sobre você. Ter afinidade com todos os elementos é algo que não via há séculos."
"O que isso significa?" perguntei, sentindo o peso de seu olhar.
"Isso significa que você tem um grande poder, mas também uma grande responsabilidade", ele respondeu. "Aqui, você aprenderá a controlar sua magia, mas também aprenderá sobre o equilíbrio do mundo e o papel que você deve desempenhar."
Ele me entregou uma túnica azul, a cor dos novatos, e me levou até meu quarto. Era simples, com uma cama, uma mesa e uma estante cheia de livros antigos. Mas para mim, era o começo de uma nova vida.
No dia seguinte, meu treinamento começou. Fui levado até uma sala circular, onde outros estudantes estavam reunidos. No centro da sala, havia um círculo de pedra com runas gravadas.
"Este é o Círculo de Invocação", explicou o instrutor, um mago alto com uma voz que ecoava pela sala. "Aqui, você aprenderá a invocar e controlar os elementos."
Quando chegou minha vez, senti um frio na espinha. Coloquei meus pés no círculo e fechei os olhos, tentando me concentrar. No início, nada aconteceu, mas então, senti a energia fluir através de mim. Chamas surgiram em minhas mãos, seguidas por uma brisa suave e depois por gotas de água que flutuavam no ar.
Os outros estudantes ficaram boquiabertos, e até o instrutor pareceu impressionado. "Incrível", ele murmurou. "Você tem um dom raro, mas precisa aprender a controlá-lo."
Eu sabia que ele estava certo. Minha jornada estava apenas começando, e havia muito mais por vir.