O portal nas Ruínas de Valtor continuava a brilhar, emanando uma energia sombria que parecia consumir tudo ao seu redor. O ar estava pesado, e o céu acima de nós escureceu, como se o próprio mundo estivesse reagindo à ameaça que havíamos desencadeado.
"O que fizemos?" perguntei, olhando para Lyra, que estava ao meu lado, seu rosto pálido de preocupação.
"Não foi você", ela respondeu, segurando meu braço. "Foi ele. O guardião. Ele nos enganou."
Dorian, o mago experiente que liderava nossa equipe, aproximou-se, seu rosto sério. "Não temos tempo para culpas. Precisamos descobrir como fechar esse portal antes que algo pior aconteça."
Sariel, a especialista em magia de luz, examinou as runas ao redor do portal. "Elas estão instáveis. Se não fizermos algo rápido, o portal pode se expandir e liberar algo que não podemos controlar."
Kaelen, o jovem mago de combate, olhou para mim. "Você conseguiu interagir com as runas antes. Talvez possa tentar novamente."
Respirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade. Sabia que não tinha escolha. Se eu não tentasse, todos estaríamos em perigo.
Aproximei-me do portal, sentindo a energia sombria pulsando em minha direção. Fechar os olhos, tentei me concentrar, como havia feito antes. Senti a magia dos elementos ao meu redor – o fogo, a água, a terra, o ar – e tentei canalizá-los para as runas.
No início, nada aconteceu. Mas então, senti uma conexão, como se as runas estivessem respondendo à minha magia. As luzes começaram a piscar, e o brilho do portal diminuiu levemente.
"Está funcionando!" Lyra gritou, animada.
Mas, de repente, uma onda de energia sombria me atingiu, jogando-me para trás. Caí no chão, sentindo uma dor aguda em todo o corpo. O portal, em vez de fechar, começou a brilhar ainda mais intensamente.
"Não!" Dorian gritou, correndo em minha direção. "Algo está errado. O portal está se alimentando da sua magia."
"O que isso significa?" perguntei, levantando-me com dificuldade.
"Significa que não podemos fechá-lo com magia comum", ele respondeu, seu rosto sombrio. "Precisamos de algo mais poderoso."
Reunidos em um círculo, discutimos nossas opções. Sariel sugeriu que procurássemos um artefato antigo, uma relíquia capaz de selar portais mágicos. Segundo ela, havia uma lenda sobre um cristal chamado Luminária, que havia sido usado há séculos para selar uma brecha entre os reinos.
"O problema é que ninguém sabe onde ele está", ela admitiu. "Mas há rumores de que ele pode estar escondido nas Montanhas de Eldar, onde os antigos magos costumavam se reunir."
"Então é para lá que vamos", disse Dorian, decidido. "Mas precisamos nos apressar. Não sabemos quanto tempo temos antes que o portal libere algo terrível."
A viagem até as Montanhas de Eldar foi ainda mais difícil do que a anterior. O terreno era acidentado, e o clima estava instável, com tempestades frequentes que pareciam ser influenciadas pela magia sombria do portal.
Durante o caminho, tive a chance de conversar mais com meus companheiros. Descobri que Sariel havia perdido sua família para as criaturas das sombras, o que a motivava a lutar contra a magia negra. Kaelen, por outro lado, havia sido treinado desde criança para ser um guerreiro mágico, mas sua verdadeira paixão era a música.
"Um dia, vou compor uma canção sobre nossas aventuras", ele disse, com um sorriso brincalhão.
Lyra, como sempre, era minha âncora. Ela me ajudava a manter o foco e a acreditar que poderíamos vencer, não importasse o quão difícil fosse o desafio.
Quando finalmente chegamos às Montanhas de Eldar, o cenário era majestoso e assustador. Picos imponentes se erguiam em direção ao céu, e o ar estava frio e cortante. No topo da montanha mais alta, havia um templo antigo, parcialmente destruído, mas ainda impressionante.
"É lá", disse Sariel, apontando para o templo. "A Luminária deve estar escondida em seu interior."
Subimos a montanha com cuidado, evitando armadilhas naturais e mágicas que haviam sido deixadas para trás pelos antigos magos. Quando chegamos ao templo, encontramos uma grande porta de pedra, adornada com runas que brilhavam suavemente.
"Como abrimos isso?" perguntei, examinando as runas.
"Precisamos de uma chave", respondeu Dorian. "Algo que só um mago com afinidade para todos os elementos pode fornecer."
Todos olharam para mim, e eu entendi o que precisava fazer. Coloquei minhas mãos na porta, sentindo a energia das runas. Concentrei-me, canalizando minha magia para elas. A princípio, nada aconteceu, mas então, a porta começou a tremer, e as runas brilharam intensamente.
A porta se abriu, revelando um corredor escuro que levava ao interior do templo.
Dentro do templo, o ar estava pesado com a energia da magia antiga. As paredes eram cobertas por afrescos que contavam a história dos antigos magos e suas batalhas contra a escuridão. No centro do templo, havia um pedestal, e sobre ele, brilhando suavemente, estava a Luminária.
"É isso", disse Sariel, com um suspiro de alívio. "A chave para fechar o portal."
Mas, antes que pudéssemos nos aproximar, uma figura emergiu das sombras. Era o mesmo homem de capa negra que havíamos encontrado nas ruínas.
"Vocês são persistentes", ele disse, sua voz ecoando pelo templo. "Mas a Luminária não será sua."
"Quem é você?" perguntei, sentindo um frio na espinha.
Ele riu, um som frio e sem humor. "Eu sou o que resta daqueles que você chama de antigos magos. E eu não vou deixar que vocês destruam o que construímos."
Com um gesto rápido, ele levantou as mãos, e as sombras ao seu redor ganharam vida, avançando em nossa direção.
A batalha foi intensa. O homem de capa negra era poderoso, controlando as sombras como se fossem uma extensão de si mesmo. Nossa equipe lutou com tudo o que tinha, mas ele parecia estar sempre um passo à frente.
"Precisamos chegar até a Luminária!" Lyra gritou, enquanto lançava uma onda de fogo contra as sombras.
"Eu vou!", eu respondi, correndo em direção ao pedestal.
Mas, antes que eu pudesse alcançá-lo, o homem de capa negra apareceu na minha frente, bloqueando meu caminho.
"Não tão rápido", ele disse, com um sorriso maligno.