O fechamento do portal nas Ruínas de Valtor trouxe um alívio momentâneo, mas também levantou novas questões. A Luminária, o artefato que nos permitiu selar o portal, estava agora rachada e sem brilho, sua energia quase completamente esgotada. Segurei-a em minhas mãos, sentindo o peso de sua importância e o vazio que sua perda representava.
"O que acontece agora?" perguntei, olhando para Lyra, que estava ao meu lado, seu rosto ainda pálido pela exaustão.
"Precisamos voltar à Academia", ela respondeu, colocando uma mão no meu ombro. "O Grão-Mago Altharion precisa saber o que aconteceu. E precisamos descobrir como evitar que a escuridão volte."
Concordei, mas sabia que a jornada de volta não seria fácil. O fechamento do portal havia nos deixado exaustos, e o caminho até a Academia era longo e perigoso. Além disso, o homem de capa negra ainda estava por aí, e eu não tinha dúvidas de que ele não desistiria tão facilmente.
A viagem de volta foi silenciosa, cada um de nós imerso em seus próprios pensamentos. O peso da batalha ainda estava fresco em nossas mentes, e a Luminária rachada era um lembrete constante do preço que tínhamos pago.
Quando finalmente chegamos à Academia, fomos recebidos pelo Grão-Mago Altharion, que nos esperava no grande salão. Seu rosto estava sério, mas seus olhos brilhavam com um misto de orgulho e preocupação.
"Vocês fizeram bem", ele disse, examinando a Luminária rachada. "Mas isso foi apenas o começo. A escuridão que enfrentamos é persistente, e precisamos nos preparar para o que está por vir."
"O que você quer dizer?" perguntei, sentindo um frio na espinha.
Altharion suspirou, olhando para o artefato em minhas mãos. "A Luminária era apenas uma parte do quebra-cabeça. Há outros artefatos, outras fontes de poder que podem ser usadas para combater a escuridão. Mas também há aqueles que buscam usá-los para o mal."
Nos dias que se seguiram, meu treinamento na Academia se intensificou. A magia da luz que havia despertado dentro de mim era poderosa, mas também difícil de controlar. Mestre Kael, meu instrutor, me guiou através de exercícios que me ajudaram a entender melhor essa nova habilidade.
"Magia da luz não é apenas sobre brilho e pureza", ele explicou, enquanto eu tentava criar uma barreira luminosa. "É sobre equilíbrio. Você precisa entender como ela se conecta com os outros elementos e com o mundo ao seu redor."
Eu respirei fundo, tentando seguir suas instruções. A barreira começou a se formar, sua luz suave e reconfortante. Mas, quando tentei fortalecê-la, a energia escapou do meu controle, resultando em uma explosão de luz que iluminou toda a sala.
"Melhor", disse Mestre Kael, com um aceno de aprovação. "Mas ainda há muito a melhorar."
Enquanto eu continuava meu treinamento, Sariel e Dorian começaram a pesquisar outros artefatos que poderiam nos ajudar na luta contra a escuridão. Eles descobriram uma menção a um artefato chamado Espelho de Elyndor, que supostamente tinha o poder de refletir e amplificar a magia.
"Segundo as lendas, o Espelho de Elyndor foi criado pelos antigos magos para proteger o reino de ameaças externas", explicou Sariel, mostrando-nos um livro antigo. "Mas ele foi perdido há séculos, e ninguém sabe onde está."
"Precisamos encontrá-lo", disse Dorian, seu rosto sério. "Se a escuridão está se fortalecendo, precisamos de todas as vantagens que pudermos conseguir."
A busca pelo Espelho de Elyndor nos levou até o Vale das Sombras, um local conhecido por sua magia obscura e perigos ocultos. A viagem foi longa e cansativa, mas sabíamos que não tínhamos escolha.
Quando chegamos ao vale, o cenário era sombrio e assustador. As árvores eram retorcidas e sem folhas, e o ar estava pesado com uma energia opressiva. No centro do vale, havia um lago escuro, cujas águas pareciam refletir o próprio vazio.
"O Espelho deve estar aqui", disse Sariel, examinando o lago. "Mas precisamos ter cuidado. Este lugar é perigoso."
Antes que pudéssemos investigar mais, uma figura emergiu das sombras. Era uma mulher vestida com uma túnica negra, seus olhos brilhando com uma luz sombria.
"Vocês não deveriam estar aqui", ela disse, sua voz ecoando pelo vale. "O Espelho de Elyndor não é para vocês."
"Precisamos dele para proteger o reino", respondi, sentindo a energia da magia da luz fluir através de mim.
A mulher riu, um som frio e sem humor. "Proteger o reino? Ou usá-lo para seu próprio benefício?"
"Precisamos dele para combater a escuridão", disse Lyra, seu cajado brilhando com uma luz intensa. "E não vamos deixar que você nos impeça."
A mulher olhou para nós, seu rosto revelando uma mistura de raiva e tristeza. "Então, vocês vão ter que me enfrentar."
A batalha foi intensa. A mulher, que se revelou ser uma guardiã do Espelho, era poderosa, controlando as sombras como se fossem uma extensão de si mesma. Nossa equipe lutou com tudo o que tinha, mas ela parecia estar sempre um passo à frente.
"Precisamos trabalhar juntos!" Dorian gritou, enquanto lançava uma onda de energia contra a guardiã.
"Eu vou tentar distraí-la!" Kaelen respondeu, avançando em direção a ela com sua magia de combate.
Enquanto isso, eu me concentrei no lago, sentindo a energia do Espelho de Elyndor. Sabia que precisava agir rápido. Com um esforço concentrado, canalizei minha magia para as águas, tentando ativar o artefato.
Foi então que algo inesperado aconteceu. As águas do lago começaram a brilhar, e o Espelho de Elyndor emergiu, sua superfície refletindo uma luz intensa.
A guardiã gritou, uma mistura de raiva e desespero, antes de desaparecer em uma nuvem de fumaça. O Espelho de Elyndor estava agora em nossas mãos, sua luz brilhando suavemente.
"Conseguimos", disse Lyra, com um sorriso de alívio. "Mas precisamos nos apressar. A escuridão não vai esperar."