O retorno à Academia após a batalha na vila foi marcado por uma mistura de alívio e tensão. Embora tivéssemos derrotado as criaturas das sombras, todos sabíamos que aquela vitória era apenas temporária. A escuridão que assolava Elyndor estava se fortalecendo, e o Grão-Mago Altharion não perdeu tempo em nos alertar.
"O que enfrentamos na vila foi apenas um sinal", ele disse, reunindo os estudantes no grande salão. "A magia negra está se espalhando, e precisamos descobrir sua fonte antes que seja tarde demais."
Eu olhei para Lyra, que estava ao meu lado. Seu rosto estava sério, mas seus olhos brilhavam com determinação. Sabia que ela estava pensando o mesmo que eu: precisávamos nos preparar para o que estava por vir.
Nos dias que se seguiram, meu treinamento se intensificou. Mestre Kael me colocou em uma rotina rigorosa, focando não apenas no controle dos elementos, mas também na conexão entre eles.
"Você não pode dominar um elemento sem entender como ele se relaciona com os outros", ele explicou, enquanto eu tentava equilibrar uma esfera de água e fogo nas mãos. "A magia é como uma teia – cada fio está conectado, e puxar um pode afetar todos os outros."
Eu respirei fundo, concentrando-me na tarefa. A esfera de água girava suavemente em uma mão, enquanto a de fogo pulsava na outra. Mas, quando tentei uni-las, a energia escapou do meu controle, resultando em uma explosão de vapor que encharcou a sala.
"Melhor", disse Mestre Kael, com um aceno de aprovação. "Mas ainda há muito a melhorar."
Além das aulas com Mestre Kael, eu também começava a explorar outras formas de magia. Elara me ensinou o básico da magia de cura, enquanto Tharion me mostrou como usar a terra para criar barreiras e armadilhas. Lira, por sua vez, adorava me pregar peças com suas ilusões, mas também me ensinou a reconhecer quando algo não era real.
Uma noite, enquanto estudava na biblioteca da Academia, encontrei um livro antigo que falava sobre um artefato chamado Orbe Negro. Segundo o texto, o Orbe era uma fonte de poder imenso, capaz de amplificar a magia negra a níveis catastróficos. O que mais me chamou a atenção foi a menção de que ele havia sido criado por um mago que, assim como eu, tinha afinidade com todos os elementos.
"Lyra, você já ouviu falar do Orbe Negro?" perguntei, mostrando-lhe o livro.
Ela olhou para as páginas, seu rosto ficando sério. "Sim, mas é um assunto perigoso. Dizem que o Orbe foi destruído há séculos, mas se ele realmente existe... isso explicaria o aumento da magia negra em Elyndor."
"Precisamos contar isso ao Grão-Mago Altharion", eu disse, sentindo um frio na espinha.
Lyra concordou, e na manhã seguinte, nos reunimos com Altharion em seu escritório. Ele examinou o livro com atenção, seu rosto revelando preocupação.
"Se o Orbe Negro realmente foi reativado, estamos em perigo", ele disse, fechando o livro. "Precisamos descobrir quem está por trás disso e detê-los antes que seja tarde demais."
Altharion decidiu formar uma equipe para investigar o paradeiro do Orbe Negro. Além de mim e Lyra, ele incluiu Dorian, o mago experiente que havia nos liderado na batalha na vila, e duas outras estudantes: Sariel, uma especialista em magia de luz, e Kaelen, um jovem com habilidades excepcionais em magia de combate.
"Esta será uma missão perigosa", Altharion nos alertou. "Vocês precisarão trabalhar juntos e confiar uns nos outros. E, acima de tudo, precisarão ser cautelosos. O inimigo que enfrentamos é astuto e poderoso."
A missão nos levaria até as Ruínas de Valtor, um local antigo e abandonado onde, segundo o livro, o Orbe Negro havia sido criado. Era um lugar cheio de armadilhas e mistérios, mas também era nossa melhor chance de encontrar respostas.
A viagem até as Ruínas de Valtor foi longa e cansativa. Caminhamos por florestas densas, cruzamos rios turbulentos e escalamos montanhas íngremes. Durante o trajeto, tive a chance de conhecer melhor meus companheiros de equipe.
Sariel era quieta e reservada, mas sua magia de luz era impressionante. Ela podia criar barreiras luminosas que afastavam criaturas das sombras e até mesmo curar ferimentos leves. Kaelen, por outro lado, era extrovertido e brincalhão, mas quando se tratava de combate, ele se transformava em uma máquina de precisão.
"Você está indo bem", Lyra me disse uma noite, enquanto montávamos acampamento. "Seu controle sobre a magia está melhorando a cada dia."
Eu sorri, agradecido por suas palavras. Mas, no fundo, sabia que ainda tinha muito a aprender.
Quando finalmente chegamos às Ruínas de Valtor, o cenário era sombrio e assustador. As estruturas antigas estavam cobertas por trepadeiras e musgo, e o ar estava pesado com uma energia opressiva. No centro das ruínas, havia um grande portal de pedra, adornado com runas que brilhavam fracamente.
"Este é o lugar", disse Dorian, examinando o portal. "Mas cuidado. Algo não está certo."
Antes que pudéssemos investigar mais, um som de passos ecoou nas ruínas. Virei-me rapidamente e vi uma figura se aproximando. Era um homem vestido com uma capa negra, seu rosto obscurecido por um capuz.
"Bem-vindos", ele disse, sua voz ecoando como um sussurro. "Eu sabia que vocês viriam."
"Quem é você?" perguntei, sentindo um frio na espinha.
Ele riu, um som frio e sem humor. "Eu sou o guardião deste lugar. E vocês... são apenas peças em um jogo muito maior."
Com um gesto rápido, ele levantou as mãos, e as runas no portal começaram a brilhar intensamente. De repente, criaturas das sombras emergiram das trevas, avançando em nossa direção.
A batalha foi intensa. As criaturas eram numerosas e rápidas, mas nossa equipe estava preparada. Dorian e Kaelen lideraram o ataque, usando magia de combate para derrubar os inimigos. Sariel criou barreiras de luz para nos proteger, enquanto Lyra e eu usamos nossos poderes elementais para manter as criaturas à distância.
"Precisamos fechar o portal!" Lyra gritou, enquanto lançava uma onda de fogo contra uma criatura que se aproximava.
"Como?" perguntei, desviando de um ataque.
"Use sua magia!" ela respondeu. "Concentre-se nas runas e tente desativá-las!"
Respirei fundo, tentando me concentrar. Senti a energia das runas, uma força antiga e poderosa. Com um esforço concentrado, direcionei minha magia para elas, tentando interromper o fluxo de energia.
Foi então que algo inesperado aconteceu. As runas começaram a brilhar ainda mais, e uma onda de energia me atingiu, jogando-me no chão. Quando abri os olhos, vi que o portal estava começando a se abrir.
O homem de capa negra riu, um som que ecoou pelas ruínas. "Vocês são tolos demais para entender o que estão fazendo. O portal não pode ser fechado – ele já foi aberto."
"O que você quer?" perguntei, levantando-me com dificuldade.
Ele olhou para mim, e por um momento, senti que podia ver seus olhos sob o capuz – olhos que brilhavam com uma luz sombria. "Eu quero o que você tem. O poder de controlar todos os elementos. E eu vou conseguir, não importa o que custe."
Antes que pudéssemos reagir, ele desapareceu em uma nuvem de fumaça, deixando-nos sozinhos nas ruínas. O portal continuava a brilhar, e sabíamos que algo terrível estava por vir.