- A Luz Na Escuridão -
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Em algum lugar distante, além dos limites do tempo e da memória, existe um fim - um lugar sombrio conhecido como Letárnia, ou Édris Sombrio. Ali, tudo o que um dia foi esquecido encontra seu repouso final: pessoas, memórias, universos e até mundos inteiros, tragados pelo Esquecido. Aquele reino sombrio é marcado pela desolação, onde as almas vagam, presas em sonhos lúcidos e atormentadores, desejando apenas uma coisa: o fim da dor e o renascimento de uma nova esperança.
E então, algo improvável aconteceu. Uma luz emergiu em Letárnia, brilhando o suficiente para desafiar a escuridão. Aquela luz, tão poderosa e inesperada, despertou um pressentimento de perigo no Esquecido. Antes que ele pudesse consumi-la, a luz desapareceu, deixando apenas um sussurro de promessa - um recomeço aguardava em algum lugar.
Distante dali, em um mundo como o nosso, devastado pela ganância e pela violência humana, uma única pessoa ainda carregava uma centelha de bondade. A luz encontrou seu caminho até ele, um garoto solitário, a última fagulha de esperança em um mundo à beira do colapso.
Quando a luz tocou seu espírito, o garoto despertou, como se fosse arrancado de um sono profundo. Ele se levantou lentamente, caminhando até a janela e encarando o vazio que consumia o horizonte. O cenário tremia como um sonho febril, e uma sensação de urgência crescia dentro dele. "Ficar aqui não é seguro... Preciso sair e encontrar um propósito para seguir em frente."
Ao sair do quarto, a casa ao seu redor parecia um refúgio solitário. As janelas estavam obstruídas, as portas trancadas, como se o próprio lar tentasse afastar o mundo exterior. O garoto respirou fundo e caminhou pela sala vazia, onde restos de vidas antigas estavam espalhados pelo chão. Cada objeto abandonado carregava uma história, uma memória de tempos melhores. Na cozinha, ele encontrou algo para comer, alimentando-se em silêncio enquanto seu olhar recaía sobre um retrato antigo, o qual ele segurou por um momento antes de guardá-lo no bolso. "Tanta saudade... Tanta falta de vocês..."
Após uma última olhada na casa vazia, ele deu as costas e caminhou para as ruas desertas. O silêncio era opressor, e as memórias o perseguiam a cada passo. "Essas ruas eram cheias de vida. Agora são apenas sombras do que a humanidade um dia foi."
De repente, um barulho distante fez seu coração acelerar. Abaixando-se instintivamente, ele se escondeu atrás de um entulho. Não muito longe, um sobrevivente lutava contra uma criatura grotesca, seu corpo torcido e deformado pela praga. O garoto observou horrorizado enquanto o infectado dominava o homem, que foi lentamente transformado. A pele do infectado era coberta de uma gosma viscosa, pulsando como se tivesse vida própria. "Essas criaturas... são muito piores do que zumbis. São algo além, algo abominável."
Decidido a evitar um encontro direto, ele desviou o caminho e correu em direção à floresta. Porém, sons macabros ecoaram ao redor dele, e logo ele se viu cercado. Um grupo de infectados o seguia, avançando com passos lentos, mas determinados. O garoto não pensou duas vezes, correu apressadamente pela floresta até alcançar uma casa em ruínas. Ele entrou silenciosamente, fechando a porta e se escondendo nas sombras. O interior da casa era um cenário de pesadelo, com corpos humanos e de infectados espalhados pelo chão, todos parcialmente cobertos pela gosma que contaminava tudo que tocava.
Ele examinou rapidamente o local, sentindo o cheiro acre da decomposição misturado ao azedo da praga. "Esses corpos... essa gosma... eles não são apenas vítimas da doença. Eles parecem dominados, parte de algo maior e mais sombrio."
Enquanto avaliava a situação, um som baixo e arrastado indicou que um infectado havia entrado na casa. Ele respirou fundo, sacou sua faca e esperou que a criatura se aproximasse. Assim que o infectado estava a poucos passos, ele agiu rápido, atacando com precisão o seu pescoço e matando a criatura. O infectado caiu para fora da casa com um grito rouco e aterrorizante.
Sem perder mais tempo, ele fugiu pelo fundo da casa, desaparecendo novamente na escuridão, um vulto em meio à vastidão desolada.
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