- A Invasão -
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Algumas horas se passaram, e enquanto conversavam, um som estrondoso ecoou perto da vila, como se o próprio chão tremesse sob os impactos. Os ruídos pareciam disparos de armas, cortando a calmaria da noite.
Ambos se levantaram rapidamente, alertas.
- É um ataque dos caçadores - disse o Alfa, sua expressão se tornando séria.
- Como você sabe disso? - perguntou Samuel.
- Esses sons... são das armas daqueles caçadores - respondeu o Alfa, seu olhar fixo no horizonte.
Sem perder tempo, alguns humanos montados em seus cavalos correram em direção ao som. Samuel observou o Alfa desaparecer em um instante, sem dizer uma única palavra. "Ele sumiu? Tenho que fazer algo. Não vou ficar aqui parado", pensou.
Samuel entrou apressadamente em sua cabana e pegou sua mochila. Ao sair, encontrou Alaric correndo em sua direção, com a respiração ofegante.
- Estão atacando a alcateia da Lua. Precisamos ir rápido, salvar os habitantes de lá. Vamos! - exclamou Alaric, o desespero em sua voz.
Sem hesitar, Samuel se juntou a Alaric, e montados em seus cavalos, avançaram em direção à alcateia. À medida que se aproximavam, o cenário se tornava mais caótico. Lobos fugiam em desespero, e muitos outros estavam caídos, vítimas de uma chacina brutal. O cheiro de sangue e fumaça invadia o ar, enquanto os gritos de dor e desespero ecoavam.
- Não dá mais para continuarmos a cavalo. Temos que ir a pé, rápido! - gritou Alaric, sua voz cortando através do tumulto.
No meio da confusão, algo quicou no chão e rolou em direção a eles.
- PULA! - gritou Alaric, o terror estampado em seu rosto.
Era uma bomba. A explosão os lançou para longe, como se fossem folhas levadas pelo vento. Samuel foi arremessado para dentro da floresta, rolando morro abaixo, enquanto Alaric, desacordado, foi lançado contra uma árvore, o impacto fazendo um som agonizante.
Samuel se levantou, desnorteado. A visão estava turva, e os ouvidos zumbiam com o som distante de gritos. Ele levou a mão à cabeça, sentindo o sangue quente escorrendo pelo rosto. " O que foi aquilo? Droga, espero que Alaric esteja bem." O barulho das explosões e tiros se tornava cada vez mais próximo, forçando-o a agir.
Ele procurou por Alaric, mas não o encontrou. Sem tempo a perder, decidiu avançar e acabou se deparando com um grupo de caçadores. Eles estavam tão focados em sua brutalidade que não o viram. Atacavam um grupo de lobos que lutavam desesperadamente, mas sem sucesso. Ali estava a Alfa da alcateia, e sua família, lutando com bravura. Dois lobos já estavam caídos, mortos, enquanto a Alfa permanecia de pé, defendendo seus dois filhotes sobreviventes.
Em um momento de descuido, a Alfa foi atingida. O coração de Samuel disparou. Ele tentou se aproximar para ajudar, mas foi interceptado por um caçador que tentou arrastá-lo até o grupo. Samuel, em um movimento rápido, se soltou e tomou a arma do homem, disparando contra ele. O caçador caiu, um olhar surpreso no rosto. O barulho chamou a atenção de outros três caçadores, que ao se virarem, também caíram mortos em questão de segundos sob os disparos de Samuel.
Enquanto os últimos caçadores capturavam um dos filhotes, a Alfa, usando suas últimas forças e magia, lançou um feitiço que atingiu alguns inimigos próximos. Ela jogou um de seus filhotes para longe e gritou:
- Corra, Alex! Corra!
A mãe caiu ao chão, quase morta, mas com um sorriso triste no rosto enquanto observava seu filhote pela última vez. Samuel viu o pequeno lobo correndo e, por um breve momento, uma conexão poderosa fluiu entre eles, como se o destino estivesse entrelaçado. Sem perder tempo, disparou contra os últimos caçadores, eliminando-os rapidamente. Apenas um conseguiu escapar, levando consigo o filhote capturado.
Samuel se aproximou dos lobos, mas encontrou todos mortos - ou quase. A Alfa ainda respirava, embora à beira da morte. Ele se ajoelhou ao lado dela.
- Senhora, consegue me ouvir?
Ela não respondeu, a boca cheia de sangue e os olhos gradualmente perdendo a cor.
- Sinto muito, cheguei tarde.. .- Samuel disse, sentindo a impotência consumi-lo.
Ele olhou na direção em que o filhote havia corrido e murmurou:
- Eu vou atrás dele. Vou salvá-lo. Aguente firme.
A Alfa olhou para Samuel com lágrimas nos olhos, uma expressão de gratidão e desespero misturados, e com seu último fôlego, murmurou:
- Alex... cuide dele, por favor...
- Eu vou, eu prometo. - respondeu Samuel.
Seus olhos se apagaram; ela estava morta. O peso da perda caiu sobre Samuel como uma tempestade. "Humanos, sempre sendo humanos. Não sei o que aquela luz viu em mim. Me escolheu para quê? Para assistir ao meu mundo ser destruído pela minha própria espécie?" pensou, cheio de culpa e dor.
Ele estava farto de tanto sofrimento. A dor imensa ameaçava consumi-lo, mas algo o trouxe de volta à realidade. Ele ainda tinha um motivo para seguir em frente, uma última pessoa - ou, no caso, um lobo. Ele havia feito uma promessa àquela loba, e mesmo que não tivesse mostrado emoção no momento, sabia quem ela era e, principalmente, quem era aquele filhote.
"Eu não vou deixar que machuquem seu filhote. Isso é uma promessa." Samuel se levantou, e entrou na floresta novamente, agora em busca do filhote Alex.
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