Chereads / O Herói Dos Esquecidos: [O Sopro da Aurora] / Chapter 10 - ○ Capítulo 10 ⭐️

Chapter 10 - ○ Capítulo 10 ⭐️

- Uma Ajuda Inesperada -

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Samuel novamente escutou uma voz suave chamando-o e, ao abrir os olhos, se viu de volta em seu quarto. "O quê? Minha cama? Como vim parar aqui?" questionou-se, confuso. A porta se abriu de repente, e uma luz resplandecente iluminou o ambiente.

- Percebo que você está começando a entender seu propósito aos poucos, não é? - A luz falou suavemente. - Graças a você, uma nova luz pôde ressurgir. Fiquei admirado com suas palavras que trouxeram paz e essência àquela alma esquecida, algo que ele tanto merecia.

- Quero que continue nesse caminho, trazendo luz para aqueles que a perderam. E como agradecimento por salvar aquele esquecido, vou te dar algo que o ajudará em toda a sua jornada.

De repente, uma luz intensa e prateada surgiu no ar, flutuando lentamente até repousar nas mãos de Samuel. A energia pulsava como se tivesse vida própria, aquecendo sua pele enquanto ele a segurava. Assim que seus dedos se fecharam em torno do brilho, a luz foi absorvida pela palma de sua mão, desaparecendo completamente.

Samuel fitou sua mão, perplexo. — O que é isso?

A voz serena respondeu, carregada de sabedoria:

— Não são apenas seres vivos que foram esquecidos ou perdidos. Objetos, memórias, sonhos... Tudo o que foi deixado para trás também pode ser trazido de volta por você.

Samuel olhou para suas mãos, ainda sentindo o calor que a luz deixara.

— Então, eu posso trazer de volta o que foi esquecido? — perguntou, tentando compreender a profundidade de suas palavras.

— Sim. Com este poder, você poderá dar uma nova vida a coisas que o mundo esqueceu. Esses objetos, embora inanimados, carregarão a essência de serem lembrados por você. Para eles, isso é tão valioso quanto a própria existência.

A voz pausou por um momento antes de continuar:

— E, para que estejam sempre ao seu alcance, você poderá guardá-los em um espaço especial — uma extensão de sua própria vontade. Será como uma mochila, mas não uma comum. Este espaço existirá para armazenar o que você resgata do esquecimento, e os objetos estarão sempre prontos para serem usados, desde que você os chame à memória.

Samuel franziu o cenho, absorvendo aquelas palavras. — Então, mesmo coisas sem vida... podem se sentir lembradas?

— Sim. Para o esquecimento, não há distinção entre o vivo e o inanimado. Tudo o que foi esquecido sente a mesma solidão, o mesmo vazio. E você, Samuel, é a ponte que pode resgatar essas partes do mundo e devolvê-las à existência.

Ele respirou fundo, compreendendo a profundidade daquela responsabilidade. Não era apenas um poder, mas um chamado.

— Entendi. — murmurou, fechando os olhos por um instante. Ele podia sentir algo diferente dentro de si — uma conexão com o que fora esquecido, pulsando suavemente, como um eco distante aguardando ser ouvido.

- Você viu as coisas de ontem, pode me dizer se o Alex está bem? - Samuel perguntou.

- Alex? Não, sinto muito.

Samuel abaixou a cabeça, confirmando o que temia. A luz, percebendo sua preocupação, prosseguiu:

- Eu não tenho o poder de fazer o que você faz. Mas saiba que escolher você não foi um erro. Não escolhi sem propósito. Sei que é uma tarefa difícil e exaustiva, mas tenho certeza de que esse caminho é melhor do que sua vida passada. Não quero que se esqueça dela, mas sim que continue avançando.

- Quando pensar em desistir ou se sentir para baixo, lembre-se do quanto todos dependem de você - sua família, seus amigos, mesmo aqueles que já se foram. Porque só você tem a força para vencer o esquecimento.

- Eu sei que, desde o começo, tudo foi confuso, mas logo tudo fará sentido. Agora, preciso ir. Nunca se esqueça: você é o nosso herói.

A luz desapareceu diante de Samuel.

- Eu sou um herói? Se esse é o meu destino, farei o que a luz me pediu. Vou lutar por isso. Obrigado, luz, por essa chance.

Samuel deu uma breve olhada ao redor do quarto. Cada detalhe parecia familiar e, ao mesmo tempo, distante, como uma lembrança perdida retornando com suavidade. Ele suspirou profundamente, um misto de nostalgia e melancolia tomando conta de seus pensamentos.

— Que saudade... — murmurou para si mesmo, deixando o olhar vagar pelos cantos do cômodo, como se tentasse gravar cada detalhe.

Com um leve empurrão, abriu a porta à sua frente, sentindo um arrepio ao cruzá-la. No instante em que seus pés tocaram o outro lado, tudo voltou a ficar escuro.

Samuel despertou abruptamente, enquanto sua mente tentava compreender os eventos que acabara de vivenciar. O brilho de uma nova percepção parecia iluminá-lo de dentro para fora. Ele se sentou lentamente, ainda processando, mas sua determinação falou mais alto.

— Vamos vê se isso dá certo. — murmurou, levantando a mão.

Com um foco intenso, ele fechou os olhos e se concentrou em uma lembrança simples, mas significativa: o sabor de uma barra de chocolate que havia provado em sua infância. Em um instante, a energia fluiu de suas mãos, e uma pequena barra de chocolate materializou-se, sólida e real, em sua palma.

Ele a segurou por um momento, admirando sua criação. — Então, consigo materializar comida... — Isso será útil.

No entanto, um peso sutil começou a se formar em seu corpo. Uma leve exaustão tomou conta dele, como se algo dentro de si tivesse sido drenado. Ele franziu o cenho, refletindo.

— Mas parece que, quando crio algo que não tenho... me sinto mais fraco.

Ele analisou o chocolate por alguns segundos, uma mistura de satisfação e alerta dominava seus pensamentos.

— Trazer de volta coisas esquecidas custa energia. Não é tão simples quanto parece. Preciso ser cauteloso com isso.

Samuel fixou o olhar à frente, a barra ainda em sua mão, sentindo o peso das possibilidades e das limitações daquele novo poder.

Enquanto pensava, Kuwabara entrou na toca.

- Eu disse que viria antes do anoitecer. Descansou bem?

Samuel assentiu.

- Ótimo. O que é isso na sua mão?

- Uma barra de chocolate. Quer?

Kuwabara abaixou as orelhas em sinal de aprovação. Samuel entregou a barra, e Kuwabara a devorou, maravilhado com o sabor.

- Nossa, isso é muito bom! Tem mais?

- Não, mas posso arranjar mais depois.

- Ah, tá bom então. Mudando de assunto, como você está se sentindo?

- Ainda meio cansado, mas muito melhor. Não se preocupe.

- Isso já é um começo. Agora, desde cedo, estou curioso: de onde você veio, quem é essa pessoa que está procurando, e como fez aquilo com aquele ser na floresta?

Samuel começou a explicar: - Eu venho de um lugar distante.

Kuwabara interrompeu: - Então você é de outra região?

- Pode-se dizer que sim. Estou procurando um filhote chamado Alex. Eu o encontrei durante o ataque, mas ele fugiu. Não sei se está bem, mas prometi a mim mesmo que o encontraria.

- Entendi. Então, definitivamente não é sua pretendente.

- Não, nada disso. Para com esses pensamentos.

- Foi mal.

- Quanto à última pergunta, ainda não sei exatamente. Mas parece que tenho o poder de trazer de volta o que foi esquecido.

- Um humano com poderes? Isso eu preciso ver!

Samuel estendeu a mão e fez surgir uma nova barra de chocolate.

- Uau! Isso é extraordinário! Você tem que mostrar isso para os outros! Eles vão surtar!

- Não posso.

- Por quê? Com esse poder, podemos vencer a guerra!

Samuel refletiu: - Toda essa guerra... Me pergunto por que ela ainda continua. Só está trazendo desgraça para todo mundo.

Kuwabara, mais sério, respondeu: - Há algumas luas, os alfas tentaram negociar paz. Mas o rei dos caçadores nos chamou de fracos. Recusamos a servidão, e a guerra continuou.

- Quem é esse rei?

- Ele se chama Drak Vorn. Um caçador cruel. O único humano com poderes, ou era. Tudo isso pode ser diferente, Samuel. Com sua ajuda, podemos acabar com essa guerra!

Samuel abaixou a cabeça. - Essa guerra vai acabar. Não vou deixar mais lobos morrerem da mesma forma que vi ontem à noite.

- Então temos que contar isso para a alfa! - Kuwabara sugeriu animado.

- Não, não podemos. - Samuel respondeu, firme. - Preciso que você guarde segredo. Como eu disse, vou fazer o possível para acabar com essa guerra, mas não podemos espalhar isso. Se não, a guerra poderá durar mais anos.

- Anos? - Kuwabara perguntou, confuso.

- Luas.

- Entendi. - Kuwabara respondeu com um sorriso. - Mas você deve estar com fome. Por que não come algo? - Ele olhou para a barra de chocolate nas mãos de Samuel.

- Era só pedir. - Samuel respondeu, jogando a barra para Kuwabara.

- Obrigado! - disse Kuwabara, comendo com alegria.

Samuel usou seu poder novamente e materializou uma pequena caixa de biscoitos. Ao comer, memórias do passado voltaram à sua mente. - Faz tanto tempo que eu não comia algo tão bom assim - pensou ele.

De repente, Samuel sentiu algo estranho. Um pressentimento o atingiu, como se alguém estivesse chegando. - Que sensação estranha, parece que alguém está vindo. - Ele olhou para a porta e, em um piscar de olhos, uma estaca de gelo voou em sua direção, sendo destruída por Kuwabara antes de atingi-lo.

- O que é isso? - perguntou Samuel.

- Isso é gelo... Eu reconheço... Lumaris?! - Kuwabara exclamou.

Uma loba branca, com enormes asas, entrou na toca, visivelmente transtornada.

- Como você ousa matar a minha irmã?! Minha única irmã! Você vai pagar por isso, caçador!! - gritou Lumaris, com fúria nos olhos.

Samuel se levantou, perplexo, sem entender. Kuwabara, tentando acalmá-la, se aproximou.

- Calma, meu bem. Isso deve ser um mal-entendido. Ele não é um caçador.

- Ele matou a Lua, Kuwabara! EU VI ELE AO LADO DO CORPO DELA ONTEM! - Lumaris gritou, a dor e o ódio transparecendo em sua voz.

- Ele não seria capaz disso. Ele é amigo, está do nosso lado, amor. - Kuwabara insistiu.

- Você vai continuar defendendo esse humano que assassinou a Lua e sua família a sangue frio?! - Lumaris exclamou, furiosa.

Kuwabara suavemente segurou o rosto dela, olhando em seus olhos.

- Amor, me escute. Eu sei que você está com raiva, mas não precisa agir assim. Estamos juntos desde o começo e nunca menti para você. Acredite em mim, não foi ele.

Lumaris olhou fundo nos olhos de Kuwabara e percebeu a verdade em suas palavras. Tremendo, ela abaixou a cabeça, as patas trêmulas de ódio e dor.

- Me desculpe... - sussurrou ela, com lágrimas nos olhos.

- Vai ficar tudo bem, querida. Você não precisa se desculpar. - Kuwabara respondeu, lambendo seu focinho em sinal de conforto.

- Obrigada, amor...

Lumaris então se virou para Samuel: - Desculpe, humano. Eu me exaltei. Vi você ao lado do corpo dela ontem e pensei o pior.

- Ela não se foi completamente. Alex conseguiu escapar, e eu prometi a ela que cuidaria dele.

Um silêncio pesado recaiu sobre o ambiente enquanto Lumaris absorvia essa informação.

- Eu vou encontrar o Alex, custe o que custar. Confie em mim. - Samuel garantiu.

Kuwabara, percebendo o cansaço de Lumaris, interveio:

- Ela não está em condições de falar mais agora, Samuel. Vamos deixá-la descansar.

Ele então se virou para Lumaris:

- Vá se deitar, meu bem. Seu dia foi difícil. Eu vou ficar por aqui; já já vou me juntar a você.

- Ok... - Lumaris respondeu, caminhando lentamente para um canto da toca, ainda abalada.

Kuwabara suspirou:

- Ela está devastada com a morte da Lua. Era tudo que ela tinha, além de mim. -

- Mas Samuel, você conhecia a Lua, não conhecia?

- Sim, pode-se dizer que sim. - Samuel respondeu.

- Entendi. Bom, é melhor eu ir ficar com ela. Se precisar de algo, é só me chamar. Boa noite. - Kuwabara disse com um leve aceno de cabeça.

- Boa noite. - Samuel respondeu, antes de Kuwabara se retirar.

Alguns minutos se passaram, e Samuel então se levantou e, com passos suaves, saiu da toca.

- Eu tenho que ir. Ela não vai ficar bem na minha presença, mas não irei antes de agradecer pela ajuda.

Samuel fez surgir uma pequena cesta com várias barras de chocolate dentro.

- Obrigado, Kuwabara. Nós veremos novamente, sem dúvidas.

Samuel disse suavemente enquanto colocava a cesta na porta da toca. Após isso, ele pegou sua mochila e partiu.

Ele olhou para o céu e pensava para si:

- Espero que esteja em paz, Lua. Prometo que cuidarei do Alex e farei o que puder para acabar com essa guerra.

Com esse propósito em mente, Samuel seguiu em frente, dessa vez mais determinado que nunca.

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