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Chapter 11 - Festival de Primavera

A casa de Arwen situava-se numa das áreas mais antigas e respeitadas da cidade dos feiticeiros. Diferente das torres imponentes que dominavam a paisagem, a residência da curandeira era mais reservada, rodeada por jardins encantados e protegida por feitiços de ocultação. O interior exalava uma elegância discreta, com móveis talhados à mão e livros espalhados por toda parte, como se a própria casa respirasse conhecimento.

Lya observava tudo com um misto de curiosidade e hesitação. Era estranho estar ali, num espaço que agora deveria chamar de lar. Arwen levou-os pelos corredores até os seus novos quartos. Ao abrir a porta do quarto de Lya, revelou um espaço aconchegante, com uma grande janela que dava para um pequeno pátio interno onde flores noturnas brilhavam suavemente. A cama era coberta por tecidos macios e livros flutuavam nas prateleiras, prontos para serem escolhidos. Um feitiço suave mantinha a temperatura sempre agradável, e uma lareira rústica completava o ambiente.

— Espero que seja do teu agrado — disse Arwen, cruzando os braços enquanto observava Lya explorar o espaço.

Lya passou os dedos pela madeira entalhada da escrivaninha e olhou para a grande tapeçaria na parede, que mostrava um mapa antigo do mundo mágico. — É perfeito — murmurou, permitindo-se um pequeno sorriso. — Obrigada por tudo.

— Eren, o teu quarto é ao lado. Tente não fazer muito barulho — acrescentou Arwen, lançando-lhe um olhar de advertência.

Eren ergueu as mãos em rendição. — Eu? Fazer barulho? Jamais.

O evento da primavera era uma tradição ancestral, celebrada desde os tempos em que feiticeiros e metamorfos coexistiam em harmonia. A cada ciclo, quando os planetas se alinhavam de forma específica, os feiticeiros reuniam-se para prestar homenagem à magia e renovar os votos de proteção e equilíbrio. A festividade incluía música, danças encantadas, banquetes repletos de iguarias raras e, acima de tudo, um desfile de máscaras, onde cada participante usava vestes que representavam o seu domínio mágico ou linhagem.

Lya nunca tinha participado de nada parecido, e, pela primeira vez desde que chegara a este mundo, sentia uma empolgação genuína. Arwen tinha escolhido um traje especial para Lya: um vestido etéreo, feito de um tecido diáfano que se moldava ao corpo como um sussurro da lua. Os tons prateados e azulados dançavam à luz, criando um efeito hipnotizante a cada movimento. O decote delicadamente desenhado revelava a curva dos ombros, enquanto as mangas finas e translúcidas deslizavam pela pele como um feitiço. A saia longa e fendida permitia vislumbres ousados de suas pernas conforme caminhava, adornada por pequenos cristais encantados que brilhavam como estrelas presas ao tecido. Um véu quase imperceptível caía dos seus ombros, envolvendo-a numa aura de mistério e sedução. Estava deslumbrante.

Quando se olhou no espelho, Lya mal se reconheceu. Estava deslumbrante. Eren, ao vê-la, deixou escapar um assobio baixo, o olhar percorrendo-a com admiração evidente.

— Parece que o evento vai ter uma estrela própria esta noite — murmurou ele, um sorriso provocador nos lábios.

Lya revirou os olhos, mas não conseguiu conter um pequeno sorriso.

Ao chegarem à praça principal, o evento já estava em plena atividade. O ar era perfumado com pétalas flutuantes de flores raras, que pairavam graciosamente no ar, lançando um aroma doce e inebriante. As tochas mágicas, espalhadas pelo perímetro, emitiam uma luz cintilante que mudava de cor de acordo com a música que tocava, criando um espetáculo visual deslumbrante. O céu acima estava adornado por estrelas encantadas que pareciam dançar ao som das melodias etéreas.

O som de flautas e violinos encantados misturava-se às vozes alegres dos convidados, criando uma sinfonia que ressoava com a própria magia do lugar. As notas musicais flutuavam no ar como pequenos feitiços, envolvendo todos num abraço harmonioso. Artistas de rua exibiam truques de magia impressionantes, enquanto bailarinos realizavam danças encantadas que hipnotizavam os espectadores.

Barracas decoradas com tecidos luxuosos exibiam iguarias raras e bebidas exóticas, com cores vibrantes que chamavam a atenção. As mesas eram cobertas com toalhas de veludo e candelabros encantados, que flutuavam ligeiramente acima, espalhando uma luz suave e reconfortante. Cada detalhe parecia ter sido cuidadosamente planejado para transportar os presentes a um mundo de fantasia e maravilha.

Lya mal teve tempo de absorver tudo antes de uma presença inesperada se impor diante deles. A energia do lugar era contagiante, e por um momento, ela sentiu-se parte integrante daquela celebração ancestral, onde a magia e a beleza coexistiam em perfeita harmonia.

Mais tarde, quando Lya avistou Isolde Draeven, percebeu que a mulher exalava confiança e poder. Seu vestido era um espetáculo de provocação e sofisticação: um longo manto negro, bordado com fios dourados que serpenteava pelo tecido como runas vivas, insinuando segredos antigos. O decote ousado destacava a pele dourada sob a luz das tochas mágicas, enquanto a fenda lateral revelava um vislumbre sedutor de sua coxa a cada passo gracioso. Os ombros nus eram adornados por finas correntes de ouro, que deslizavam ao menor movimento, como se a própria sombra da noite a vestisse.

Isolde parou diante deles, um sorriso calculado nos lábios. Seus olhos afiados deslizavam lentamente sobre Lya, avaliando-a como um predador que reconhece uma presa inesperadamente fascinante.

— Nem tanto. Afinal, estarias aqui, como sempre. Só não esperava que tivesses companhia tão... — Seus olhos percorreram Lya de cima a baixo, e o sorriso tornou-se enviesado. — Diferente.

Lya cruzou os braços, sem recuar. Se Isolde queria testar sua confiança, que viesse.

— Estava ansiosa para conhecer mais feiticeiros. Mas confesso que superas as expectativas — disse Lya, com um olhar desafiador. — Porém não sei se de forma positiva...

Isolde ergueu uma sobrancelha, intrigada. — Espero que a sua estadia aqui seja... instrutiva. Muitos têm subestimado a cidade dos feiticeiros, e isso sempre acaba mal para eles.

— Não se preocupe, Isolde. Sei que a nossa presença aqui será notada, mas prometo que traremos mais surpresas do que problemas. Afinal, a vida é muito monótona sem um pouco de emoção — interveio Eren, com um sorriso travesso.

Isolde com um ar de superioridade agarra o braço de Eren apertando lhe os músculos e diz — Proteges alguém que será a tua destruição. — inclina se no seu ouvido e sussurra — seja mais esperto Eren. — E saí de forma elegante, mas por dentro fervia em ciúmes, pois não estava habituada a não ter o que quer.

A noite estava prestes a ficar ainda mais interessante.