Ao montar o pequeno acampamento sob o manto da noite que caía, Renier encostou sua foice com cuidado contra uma árvore, deixando-a à vista, mas ao alcance das mãos. Caminhou de volta para a luz da fogueira, onde seus olhos se fixaram em Qiyana, sentada em um tronco com a expressão presunçosa de sempre.
- Estou começando a me arrepender de ter vindo com você... - disse ela, em um tom levemente irritado, enquanto apoiava a cabeça sobre os braços cruzados.
- Peço desculpas se a floresta não tem as regalias que seu palácio oferece - respondeu Renier, cruzando os braços e lançando um olhar desafiador em sua direção.
Um sorriso malicioso surgiu nos lábios de Renier antes de ele se aproximar pelas costas de Qiyana. O olhar dela seguiu seus movimentos com um misto de curiosidade e desconfiança, até que as mãos dele repousaram sobre seus ombros. Qiyana ficou rígida por um instante, surpresa com o gesto, mas logo se rendeu à sensação de alívio que as massagens firmes proporcionavam.
- Uhm~ Finalmente você está sendo útil... - murmurou ela, deixando que a tensão escapasse de seus ombros.
- Apenas um mimo momentâneo. Não se acostume - retrucou Renier, divertido ao observar as expressões raras que surgiam no rosto.
Qiyana olhou para Renier com um sorriso travesso, seus olhos brilhando de uma forma que deixava claro seu interesse.
- Para um amante, você até que serviria - provocou ela, inclinando-se levemente em sua direção. - Então, você não vai aceitar minha proposta de ser seu único pertencente?
Renier, em resposta, apertou levemente o ombro de Qiyana, fazendo com que ela soltasse um leve gemido. O gesto quebrou a tensão que ainda pairava entre eles, e ele, com um sorriso suave, respondeu:
- A proposta é tentadora, mas ainda tenho muito a explorar em Runeterra. Você será uma Rainha incrível e poderosa no futuro, enquanto eu sou apenas um jovem que ainda está tentando encontrar um propósito neste mundo novo.
Qiyana ficou em silêncio por um breve momento, absorvendo as palavras dele. Dentro de sua mente, as afirmações de Renier reverberam, alimentando um profundo interesse por ele. O reconhecimento que ele lhe dava como uma Rainha a fazia sentir-se especial, despertando uma chama dentro dela que ansiava por mais.
Então, por um instante, ela deixou de lado sua habitual presunção. Virando-se para Renier, disse com um tom sedutor:
- Você deveria conhecer a doce sensação de ter uma Rainha escolhendo você. Apenas cale a boca, e aceite - disse ela de forma autoritária. Antes que Renier pudesse responder, Qiyana puxou a gola de sua roupa para perto, inclinando-se para beijá-lo.
O contato surpreendeu Renier, deixando-o sem reação. A mistura de emoções o envolve, de certa forma querendo rejeitar, mas seu corpo não desejava se separar da sensação.
"Talvez ficar assim só mais um pouco... não deve fazer mal..." ponderou ele, colocando suas mãos suavemente sob a cintura de Qiyana, e devolvendo a mesma intensidade do beijo, fazendo ela sentir um leve arrepio pelo corpo. Apenas um momento onde apenas os dois existiam nesse curto espaço ao redor da fogueira...
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Qiyana se encontrava profundamente adormecida, envolta pela jaqueta escura que Renier havia deixado sobre ela. As chamas da fogueira ainda crepitavam, aquecendo a clareira sob o céu noturno. Renier, no entanto, estava de pé, alerta e acordado, observando a escuridão que cercava o acampamento.
- Usar magia para deixá-la inconsciente foi um passo necessário do plano - murmurou para si mesmo, seu olhar fixo na floresta sombria. Mas ao notar que sua foice, que havia deixado escorada em uma árvore, havia desaparecido, seu semblante se fechou, os braços cruzados em desconfiança. Ele percebeu que não era o único "predador" acordado naquela noite.
Um vento forte passou pela clareira, fazendo as chamas da fogueira dançarem de forma errática e lançando sombras sobre a vegetação ao redor. Enquanto isso, os olhos azuis de Renier começaram a emitir um brilho etéreo, iluminando seu rosto em meio à escuridão.
Com um movimento decidido, ele estendeu a mão em direção a Qiyana, envolvendo-a com uma barreira de energia protetora, garantindo que ela permanecesse segura enquanto dormia tranquilamente. Mas, de repente, uma risada sedutora e maliciosa ecoou pela floresta, fazendo seu coração acelerar.
Calmamente, Renier se virou para o fundo da floresta. Um par de olhos púrpura brilhantes surgiu momentaneamente na escuridão, apenas para desaparecer rapidamente, deixando um rastro luminoso que parecia chamar por ele.
- Então, o Demônio da Agonia decidiu aparecer - pensou, a tensão crescendo em seu interior.
Ele lançou um olhar para Qiyana, assegurando-se de que ela estaria bem com a barreira de proteção. Então, com cautela, voltou-se para a floresta e adentrou na escuridão, os sons dos galhos se quebrando sob seus pés e o murmúrio da fauna noturna ecoando ao seu redor. A presença de algo poderoso, primordial e cruel parecia fazer com que a flora e a fauna se retraíssem, como se sentissem a iminência de um confronto.
Renier avançou até uma nova clareira, onde a luz suave da lua iluminava o chão, criando um ambiente quase etéreo. Graças aos Olhos das Revelações, ele podia enxergar claramente na escuridão que o cercava. Nesse instante, uma voz ecoou pela clareira, maliciosa e provocativa. Evelynn surgiu das sombras, sua presença hipnotizante emanando uma aura de sedução e perigo.
Ela era esbelta e sensual, com a pele roxa que brilhava sob a luz da lua. As garras afiadas de Evelynn reluziam, e em suas mãos estava a foice de Renier. Com um gesto delicado, ela passou o dedo ao longo da lâmina azul da arma, um sorriso divertido se formando em seus lábios enquanto seus olhos brilhavam com um interesse voraz.
- Não é perigoso para um jovem tão bonito como você entrar na floresta assim? - perguntou ela, a voz suave e provocante, como se dançasse no ar.
Renier, mantendo a calma, respondeu com um tom descontraído:
- Não é a primeira vez que sigo uma desconhecida bonita e sedutora na floresta - disse ele, a lembrança de Ahri flutuando em sua mente. A situação havia sido semelhante, e ele não pôde deixar de se perguntar onde essa nova aventura o levaria.
Evelynn sorriu, visivelmente lisonjeada com o elogio de Renier. Com um toque brincalhão, ela respondeu:
- O seu gosto pode ser tão delicioso quanto... Tenho andado ouvindo e sentindo a presença de algo "diferente" por aqui.
Renier ficou surpreso, a curiosidade tomando conta dele.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou, seu tom desafiador misturado à confusão.
Com um sorriso enigmático, Evelynn começou a sumir nas sombras, apenas para reaparecer diante de Renier, seu corpo fluindo como uma ilusão. Ela levantou delicadamente o queixo dele com um dedo, suas caudas se enroscando em sua cintura com um toque sedutor e provocante.
- Querido, este mundo tem ouvidos - disse ela, a voz baixa e insinuante. - Eu ouço tudo, mesmo quando não estão vendo. Evelynn sempre vê. Você é o novo alvo do Vazio, a influência de um garoto que chegou a Ionia com poder cósmico, intitulado Guardião Negro.
Renier manteve uma expressão neutra, mas dentro dele, um choque se formou. A proximidade de Evelynn era avassaladora, e ele não queria que a atenção dela recaísse sobre ele. Em sua mente, um pensamento inquietante surgia: talvez essa missão não fosse tão simples quanto ele havia imaginado.
Continua...