A Floresta estava calma, mas havia algo de inquietante no ar. Talvez fosse o vento, ou a maneira como a vegetação parecia se mover por conta própria. Eu me sentia como se estivesse em território inimigo, cercado pelo poder de algo... algo que eu sabia que era mais do que uma simples adversária.
Zyra. Uma híbrida criada pela natureza, mas com um poder que transcendia qualquer expectativa. Sua presença estava enraizada no próprio solo, nos galhos das árvores e nas sombras entre as folhas. Mesmo estando ali, sentia que ela estava por toda parte, de uma maneira que me fazia questionar se havia alguma parte da floresta onde ela não poderia me alcançar.
"Este é o domínio dela", murmurei para mim mesmo. "Onde eu não sou bem-vindo."
De repente, a escuridão à minha esquerda se moveu, e uma figura surgiu com a sutileza de uma sombra. Evelynn. Ela sempre parecia aparecer nos momentos mais inoportunos, mas, de alguma forma, sua presença nunca era algo que eu pudesse ignorar. A sedução de sua aura era inconfundível, e ela não perdeu tempo em se aproximar, colocando o braço em meu ombro com aquele sorriso travesso que eu já conhecia bem.
— Então, você está pensando em enfrentar uma... mera erva daninha? — A voz dela era carregada de sarcasmo, os olhos brilhando na escuridão.
Revirei os olhos, afastando um pouco o olhar da floresta para focá-la. O toque dela não me incomodava, mas eu sabia que ela estava se divertindo com a situação. Sempre estava.
— Zyra não é só uma "erva daninha" — respondi, cruzando os braços com um suspiro. — Ela é um grande problema. Forjada pela própria natureza. Algo mais do que qualquer híbrido humano.
Evelynn arqueou uma sobrancelha, curiosa. Eu podia ver que ela estava mais interessada na minha declaração do que imaginava.
— A fraqueza de um ser tão poderoso... é uma florzinha? — Ela riu, sem acreditar totalmente no que estava ouvindo.
Franzi o cenho e olhei mais uma vez para a floresta, tentando sentir qualquer mudança no ambiente. A presença de Zyra estava ali, latente e difícil de detectar, como um veneno invisível se espalhando pelo ar. Eu podia sentir a essência da floresta, mas Zyra... ela não era como outros inimigos que eu já enfrentei.
— Sim, parece patético, não é? — Falei sem desviar o olhar da escuridão à frente. — Mas o problema é que ela não é fácil de detectar. Ela é invisível aos meus sentidos. O que a torna mais imprevisível.
Evelynn estava ainda mais intrigada. Ela girou em torno de mim, como uma sombra brincando com sua presa.
— Isso é... curioso. Então, a florzinha tem mais truques do que eu imaginava. — O sorriso dela se alargou, mas não era um sorriso de diversão. Era um sorriso de compreensão. — Interessante. Bem, eu diria que você finalmente encontrou algo que não pode controlar.
Eu olhei diretamente para Evelynn, com um ar sério.
— Não vou subestimá-la. A Zyra vai ser mais difícil do que qualquer outro inimigo que eu já enfrentei em Valoran. — O tom de minha voz era firme, algo em mim dizia que essa batalha não seria simples. Ela não seria como qualquer outra.
Evelynn, mais uma vez, parou ao meu lado, observando as sombras ao nosso redor.
— Não subestime nada em Valoran, querido. Todos têm algo a esconder. Mas, se você precisar de um... pequeno empurrão, sabe onde me encontrar. — Ela sussurrou essas palavras, sua presença desaparecendo tão rapidamente quanto surgiu.
Eu sabia que ela estava certa. Zyra era mais do que parecia. Eu só não sabia o quanto.
Agora sobre a Zyra, informações que tinha sobre ela, são bem escassas na história de Runeterra…
Nascida em uma antiga catástrofe mágica, Zyra é a fúria da natureza em forma física e uma sedutora criatura híbrida entre planta e humana, que faz surgir a vida a cada passo que dá. Ela vê os muitos mortais de Valoran como nada além de presas para suas crias semeadas e não sente nada ao destroçá-los em um turbilhão de farpas mortais.
Apesar de seu real propósito ainda não ter sido descoberto, Zyra vaga pelo mundo, satisfazendo seus desejos primais de colonizar e estrangular toda e qualquer outra vida estranha que encontra.
Não muito diferente da Evelynn, mas admito que ela pelo menos faz algo bom como fazer a natureza florescer novamente…
Sentado no chão úmido da floresta de Kumungu, eu observava as folhas balançando preguiçosamente nos galhos acima de mim. A brisa parecia ter vida própria, como se estivesse me sondando, me estudando. Zyra estava aqui. Não em corpo, mas em essência. Ela era o solo sob meus pés, o ar que eu respirava e as raízes que serpenteavam como veias pela terra.
As informações sobre ela eram poucas, fragmentadas por rumores e relatos mal documentados. Nascida de uma antiga catástrofe mágica, Zyra era a vingança da natureza encarnada, uma híbrida de planta e humano, um flagelo que via os mortais como intrusos em um mundo que deveria ser exclusivamente seu. Cada passo que ela dava fazia a vida florescer, mas essa vida era uma armadilha mortal. Ela não criava para preservar, mas para consumir.
"Não tão diferente de Evelynn," pensei, um sorriso breve e irônico surgindo em meu rosto. "Mas, ao menos, Zyra deixa algo de útil para trás..."
Eu sabia que enfrentá-la não seria simples. Ela era onipresente aqui. Cada flor, cada árvore, cada raiz — tudo fazia parte de sua teia. Combater Zyra significava combater a própria floresta.
Suspirei e levei a mão ao queixo, contemplando uma estratégia. Como atrair algo que está em todos os lugares e, ao mesmo tempo, em nenhum? Zyra não viria a menos que fosse provocada. Ela era seletiva. Sua fúria primal não era desperdiçada em qualquer coisa; ela escolhia o que considerava ameaçador à sua natureza.
"Vida estranha..." murmurei, recordando os relatos sobre ela. Zyra via tudo o que não pertencia ao seu mundo como um inimigo a ser sufocado. Eu podia ser exatamente isso para ela.
A ideia me fez rir baixinho. Colocar um alvo nas minhas costas nunca foi um problema. Aliás, parecia ser minha especialidade.
Decidido, levantei-me e limpei as folhas grudadas na calça. Fechei os olhos e respirei fundo, permitindo que a calma se instalasse. Dentro de mim, a energia começou a borbulhar, quente e viva, como um incêndio prestes a consumir tudo ao redor.
Quando abri os olhos, o brilho azul familiar já os dominava, intenso como chamas. Uma aura cósmica irrompeu ao meu redor, transformando o ar na clareira em um calor opressor. A vegetação reagiu imediatamente: folhas murcharam, flores retraíram-se, e o chão parecia tremer sob meus pés. A natureza não gostava de mim, e esse era exatamente o ponto.
Fechei os punhos e, com um único pulso de energia, expandi minha presença por toda Kumungu. Era como acender um farol em uma noite sem lua. Eu sabia que não apenas Zyra sentiria isso, mas qualquer criatura acima do mortal. Não importava. Deixe-os vir.
Agora era esperar. Não por muito tempo, eu imaginava. Zyra não era do tipo que ignorava uma provocação. E, enquanto eu sentia o calor da minha própria energia pulsar ao meu redor, preparei-me para o que viesse. A batalha não seria apenas contra Zyra, mas contra tudo o que ela representava.
Continua…