Qiyana e eu seguimos pela densa floresta ao redor de Ixtal, em busca da primeira pessoa da lista dela. Exceto Zyra e Evelynn; não havia razão para exterminar Malphite.
- Ugh... Que raiva! Por que você me trouxe aqui? Este lugar é insuportável! - comentou ela, enquanto eu sentia a frustração dela começando a me atingir.
- Você é quem pediu para me acompanhar nessa sua "missão de lealdade", não acha que trazer seus subordinados só revelaria nossa posição? - indaguei, revirando os olhos.
A luz do sol filtrava-se através das folhas espessas, formando um mosaico de sombras e brilhos sobre o solo coberto de folhas secas. A floresta vibrante de Ixtal exalava o perfume de flores exóticas, e ao meu lado, Qiyana expressava sua frustração de maneira bem característica.
- É um absurdo eu não poder levar meus servos, Renier! - ela exclamou, sua voz ecoando entre as árvores. - Eles poderiam me ajudar a explorar esses caminhos tortuosos, e ainda assim você insiste em me deixar a pé, como se eu fosse uma camponesa qualquer!
Aproveitei sua pausa para observar as armadilhas naturais que cercavam a trilha. Navegar por aquele terreno traiçoeiro exigia cautela, mas nossa segurança era prioridade. Mesmo assim, não pude me conter em resposta à provocação dela.
- Qiyana, estamos em uma missão. Quanto menos barulho fizermos, melhor. Servos grandes só chamariam atenção indesejada. Lembre-se de que nosso primeiro alvo é Evelynn, e ela é mais astuta do que a maioria.
Ela bufou, batendo o pé no chão como se o solo a respeitasse.
- Ah, como se você soubesse o que é realmente necessário em uma missão! Você pode ser um 'guardião' ou o que quer que diga ser, mas isso não significa que não posso ter um pouco de diversão enquanto caçamos! E quem disse que os servos não poderiam ser discretos? Se você não confia neles, talvez devesse reconsiderar suas escolhas.
- Distrações podem custar caro, Qiyana. Já enfrentei muitas situações em que a falta de foco se tornou fatal - respondi, tentando manter a calma diante da teimosia dela.
- Ugh! Você é tão insuportável às vezes! - ela se virou para mim, os olhos reluzindo com uma mistura de frustração e determinação. - Não estou pedindo um exército, só um pouco de liberdade!
- E eu estou apenas tentando garantir que cheguemos a ela antes que ela nos encontre, - contra-argumentei, esforçando-me para manter um tom lógico, enquanto a floresta ao nosso redor parecia pulsar com uma energia quase palpável, as cores vibrantes de Ixtal dançando em um espetáculo hipnotizante.
- Um dia você vai entender que há mais na vida do que apenas lógica, Renier. Se ao menos você pudesse se soltar um pouco... - insistiu ela, com um brilho provocante nos olhos que eu conhecia bem.
Continuei a caminhar, ignorando algumas das palavras dela. O que importava era o que estava por vir; mesmo que a conversa fosse um jogo de provocações, o foco em nossa missão era essencial. Evelynn era astuta e perigosa, sempre atenta aos detalhes que outros poderiam perder. Era fundamental que mantivéssemos nossos sentidos aguçados.
Enquanto Qiyana se entregava à sua habitual reclamação, não pude evitar a tentação de imaginar como seria simples explodir Ixtal inteira e acabar de uma vez por todas com essa tortura... Deixando escapar um suspiro, parei no meio da trilha e voltei meu olhar para ela.
- Uh? O que foi? - indagou, com um olhar que transparecia desdém.
- Que tal fazermos uma pausa em um lugar mais fresco? - sugeri, cruzando os braços.
Qiyana esboçou um sorriso sarcástico. - Fresco? Estamos no meio de um ambiente tropical. Duvido que qualquer ideia sua consiga oferecer algo digno de uma Rainha como eu.
"Você nem é Rainha ainda", pensei, mas guardei para mim. - A noite está se aproximando, e gostaria de explorar a região em busca de um ponto de caça do Demônio da Agonia, - afirmei, materializando minha foice de volta à mão. - Como sou homem, é bem provável que ela me veja como um alvo mais fácil.
Qiyana abriu a boca para responder, mas surpreendentemente ficou pensativa, seu dedo enrolando uma mecha de cabelo branco. - Isso é verdade... você é mais astuto do que parece, - disse, com um sorriso de satisfação.
- Receber um elogio de você é uma honra, - retorqui, soltando um sorriso provocativo.
- Hmph, como Rainha, é meu dever reconhecer aqueles que se mostram úteis. Portanto, sinta-se privilegiado por eu, Qiyana, estar lhe concedendo uma atenção especial, - disse, cruzando os braços com um leve sorriso, seguido de um olhar que deixava claro quem realmente ocupava o trono.
Não duraria muito. - Mas voltando ao que interessa, Evelynn é astuta e sabe escolher suas presas. Ela observa cada movimento antes de se revelar, por isso tenho um plano bem elaborado para atraí-la para uma armadilha...
Qiyana mostrou interesse, enquanto dava um passo mais perto. - E que plano seria esse? - afirmou ela curiosa. Dando um sorriso leve, já sabia o que iria atrair a Evelynn, e a Qiyana vai ser a peça central para que isso aconteça...
A noite se instalava gradualmente sob as copas das árvores, enquanto a escuridão surgia, acompanhada por uma grande lua cheia que iluminava a área de Ixtal com um brilho suave e etéreo, filtrando-se através das folhas densas.
O suave balançar das folhas era ofuscado pela malícia sedutora e agonizante da Sombra, que vagava por Runeterra em busca de caos, morte e a agonia dos vivos. Essa presença se alimentava da dor e da tortura que tanto adorava infligir em suas presas, seduzindo-as com palavras doces e seu corpo irresistível, que exalava um magnetismo hipnotizante...
Evelynn era mais do que um mero demônio que caçava e matava por diversão; a agonia era sua fonte vital. Uma caçadora letal, insaciável, sempre em busca de mais, nunca satisfeita com pouco. Enfrentar algo que poderia ser considerado a própria morte, simplesmente ao se deparar com sua figura, era um desafio que até mesmo eu desejava encarar...
"Então que a escuridão tome sua forma nessa noite tão fria e mortal..." pensei assim, ansiando por uma diversão nesse lugar.
Continua...