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Chapter 56 - Capítulo 55: Uma Despedida Pela Manhã...

A luz suave da manhã iluminava os fundos da casa de Anastasia, onde Renier estava parado, sua postura tranquila, mas resoluta. Ele manipulava sua foice com destreza, observando o brilho da lâmina antes de fazê-la desaparecer de suas mãos, como se encerrasse mais um capítulo de sua jornada. A preparação para sua partida era evidente, e a atmosfera carregada de despedida tornava tudo mais denso.

À distância, Aura, Anastasia, Malo, Anny e Makoto o observavam, cada uma com expressões que variavam entre tristeza e aceitação. Renier, ao perceber os olhares, esboçou um sorriso leve, tentando dissipar o peso do momento.

— Não façam essa cara, — ele disse, seu tom tranquilo, mas carregado de carinho. — Não vai demorar muito até nos encontrarmos de novo.

Apesar das palavras reconfortantes, Malo não conseguiu segurar suas emoções. Em um impulso, correu até Renier e o abraçou com força, sua cauda baixa entregando o quanto estava abalada.

— Prometa que vai voltar, — ela pediu, a voz embargada, enquanto enterrava o rosto contra o peito dele.

Renier ficou surpreso com o gesto, mas logo relaxou, retribuindo o abraço com firmeza. Ele acariciou levemente os cabelos dela, sua expressão suavizando.

— Malo... — começou ele, sua voz baixa e reconfortante. — Assim como você confiou em mim no passado, isso é algo que vou honrar para sempre. Eu prometo, com toda certeza, que vou voltar para ver vocês.

As palavras dele pareceram acalmar Malo, que se afastou lentamente, embora seus olhos ainda mostrassem uma mistura de tristeza e esperança. Makoto, que observava tudo de perto, deu um passo à frente, aproximando-se de Renier. Com um gesto gentil, ela segurou as mãos do neto, sua expressão carregada de um orgulho contido.

— Kirara e Selena não puderam vir, — começou ela, sua voz firme, mas calorosa. — Estão ocupadas com os deveres na guilda, mas me pediram para desejar uma boa viagem por elas.

Renier assentiu, um leve sorriso nos lábios. Makoto apertou suas mãos com mais força, seus olhos fixos nos dele.

— Eu tenho muito orgulho de você, — ela continuou, sua voz vacilando por um momento. — Sinto muito por não termos tido a convivência de uma verdadeira família. Mas, mesmo assim, quero que saiba que seu avô, eu... todos nós... temos orgulho do jovem que você se tornou.

As palavras de Makoto tocaram Renier profundamente. Ele segurou as mãos dela com cuidado, sua expressão mostrando um raro momento de vulnerabilidade.

— Obrigado, vó, — ele disse, sua voz mais suave do que o normal. — Eu nunca teria conseguido chegar até aqui sem você e sem todos vocês.

O sol começava a se inclinar no céu, lançando uma luz dourada sobre o cenário enquanto Renier cruzava os braços, aproximando-se de Aura. Seu olhar era firme, mas seus olhos denunciavam um misto de curiosidade e preocupação.

— E então, como pretende lidar com o seu território daqui para frente? — perguntou ele, a voz carregando uma calma que contrastava com a intensidade da pergunta.

Aura ergueu o olhar para ele, seu semblante determinado, mas suave.

— Com o tempo, tudo será reconstruído. Nós iremos nos reerguer, Renier. — Um sorriso surgiu em seus lábios, e ela deu um passo à frente, envolvendo-o em um abraço.

Renier retribuiu o gesto com ternura, fechando os olhos por um breve momento, como se guardasse aquela sensação na memória.

— Conviver com o Guardião Negro foi uma experiência... interessante, para dizer o mínimo, — comentou Aura, sua voz carregada de humor e uma ponta de nostalgia.

Renier abriu os olhos e sorriu, recuando ligeiramente para encará-la.

— Talvez eu nunca tivesse sido o Guardião Negro se não fosse por você me guiando nessa loucura de aventura, — respondeu ele, sinceramente.

Antes que Renier pudesse dizer mais alguma coisa, Aura o surpreendeu com um beijo intenso, carregado da mesma ousadia da noite anterior. Quando se afastaram, seus olhos brilhavam com uma calma inesperada.

— Lute por nós, Renier. E nos orgulhe. — A voz dela era firme, como uma promessa silenciosa.

Renier riu de leve, respondendo com uma confiança que parecia inabalável.

— Eu tenho sangue de uma oni correndo nas veias, lembra? Ser fraco seria uma desonra. Especialmente para minha esposa, que é uma Rainha.

Aura sorriu, balançando a cabeça levemente, enquanto se afastava para dar espaço à despedida.

Nesse momento, Anny, a pequena de 10 anos, correu até Renier, abraçando-o com toda a força que suas pequenas mãos permitiam.

— Você tem mesmo que ir? — perguntou ela, com os olhos marejados e a voz embargada.

Renier se abaixou até ficar na altura dela, acariciando seus cabelos com delicadeza.

— É o meu dever, pequena. Afinal, eu sou o seu guerreiro, e vou lutar para provar isso a você, — disse ele, um sorriso gentil iluminando seu rosto.

Com um gesto suave, Renier ergueu a mão, e sua energia azul começou a brilhar, formando um bracelete escuro em sua palma. Ele pediu para Anny erguer o braço, e ela obedeceu, seus olhos brilhando de curiosidade infantil.

Renier colocou o bracelete em seu pulso com cuidado.

— Esse bracelete tem uma grande função, para a grande guerreira que existe dentro de você, Anny, — explicou ele. — O cristal azul no centro é um meio de comunicação. Se você precisar de mim, o Guardião Negro virá para protegê-la.

Anny olhou para o bracelete com admiração, antes de correr animada até Malo para mostrar o presente. Anastasia, que observava a cena, riu suavemente.

— Um presente e tanto, hein? — comentou ela, enquanto Anny exibia o bracelete para Malo, que também parecia intrigada.

Renier se levantou, virando-se para Anastasia. Ele a encarou com um olhar que misturava gratidão e afeto.

— Foi uma grande jornada, Anastasia. Conhecer você mudou mais a minha vida do que eu poderia imaginar.

Anastasia cruzou os braços, um sorriso caloroso curvando seus lábios.

— Depois da morte do meu marido, eu jamais pensei que algo tão caloroso voltaria a surgir. Ainda mais vindo de um garoto tão jovem quanto você, Renier.

Ele sorriu, inclinando a cabeça de lado com um ar travesso.

— Faz parte da vida, não é? E, convenhamos, ninguém resiste ao meu charme.

Anastasia riu, aproximando-se e puxando os lábios de Renier com os dedos.

— Você é bem atrevido para um garoto de 16 anos, — brincou ela.

Antes que ele pudesse responder, Anastasia o surpreendeu com um beijo. Renier, mesmo pego de surpresa, não hesitou em retribuir. Quando se afastaram, ele tinha um sorriso suave no rosto.

— Acho que é hora de ir. — A voz dele carregava um misto de determinação e melancolia. — Muitos mundos ainda dependem de mim.

Todas desejaram boa sorte, enquanto Renier se virava. Ele ergueu a mão, e uma distorção no espaço começou a se formar. Um portal repleto de energia pulsante surgiu diante dele.

Renier deu um passo à frente, mas então parou, virando-se uma última vez para olhar para todos. O peso da despedida parecia apertar seu coração, mas ele sabia que seu destino não estava ali. Era necessário seguir em frente, mesmo que deixasse um pedaço de si para trás.

Com um suspiro profundo, Renier encarou o desconhecido mais uma vez, deu um passo decidido e desapareceu no portal, o Guardião Negro continuaria sua eterna jornada por Yggdrasil…

Continua...