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Chapter 15 - Capítulo 14: A Floresta Perdida.

A Floresta Perdida, sempre presente nas antigas lendas, mas raramente explorada. Suas árvores majestosas, com troncos tão negros quanto a própria noite, guardam segredos há muito tempo esquecidos. Ninguém sabe, com certeza, onde em sua vastidão repousa o Selo do Antigo Demônio, um selo que, com o passar dos milênios, enfraqueceu.

O próprio solo parece absorver a energia demoníaca que se infiltra em cada raiz e folha, dando origem a criaturas grotescas e monstruosas. Elas não caçam por necessidade, mas por um desejo insaciável de sangue, alimentando-se de rituais que não só fortalecem o selo, mas, ironicamente, aceleram sua decadência.

Os habitantes da Cidade Fronteira, ainda marcados pelas cicatrizes das destruições passadas, e da nova Capital Aurélia, vivem sob a sombra de uma ameaça invisível. As criaturas da floresta, geradas pela energia de Alaster, são um lembrete constante do que esse ser foi capaz de fazer: sua fúria e crueldade ainda ressoam nas profundezas da terra.

Adentrar a Floresta Perdida sem um propósito claro ou proteção é mais do que imprudente, é um convite ao destino fatal. Perder-se em seu interior é quase certo, e a morte, uma companheira inevitável. O sol mal consegue penetrar o dossel das árvores, tornando o ambiente uma eterna penumbra, onde os ventos carregam sussurros de segredos esquecidos e o silêncio é mais mortal que qualquer grito.

Este era o território que Renier agora enfrentava, uma terra cheia de perigos inexplorados, onde lendas e boatos permeiam o ar. Superstições sobre flores curativas, ervas mágicas e materiais raros atraem os curiosos, mas os que se aventuram em busca de tais riquezas invariavelmente desaparecem. A Floresta Perdida é um cenário perfeito para aqueles que, de algum modo, buscam pela morte.

Aqueles que morrem ali não partem. Seus espíritos rancorosos e entidades sombrias vagueiam pelas densas árvores, enquanto os corpos em decomposição marcham pelo solo, realizando uma dança macabra em busca de presas, perpetuando o tormento em um banho de sangue, na esperança de despertar o Antigo Demônio.

Pântanos lamacentos, cobertos de musgo, o solo úmido e fétido, impregnado pelo cheiro de morte e decomposição, onde os restos de animais e carne apodrecida contaminam a terra amaldiçoada.

Essa era a verdadeira face da Floresta Perdida, um lugar onde ameaças se escondem em cada sombra. Aventura e fortuna são promessas sedutoras para os incautos, que, atraídos por rumores de tesouros e criaturas míticas, se veem esmagados pela morte inevitável que os aguarda.

Para cada alma audaz que ousa adentrar essas terras assombradas, muitos outros encontram o fim, condenados a vagar como espectros sem descanso, seus corpos transformados em receptáculos vazios de sonhos e desejos, eternas testemunhas de uma ruína que os consome.

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Aura e Renier seguiam pela floresta, atravessando a densa vegetação após deixarem a clareira. Não havia descanso para eles. Aura deixara claro que, por mais perigoso que fosse avançar durante a noite, sair daquele labirinto era prioritário.

A floresta parecia envolta em uma noite eterna, onde a escuridão consumia tudo ao redor. Renier mantinha seus sentidos aguçados, atento a cada ruído e movimento. "Felizmente, os Olhos das Revelações me poupam do incômodo de andar às cegas", ponderou, enquanto seus olhos azuis brilhavam suavemente, como lanternas místicas que iluminavam o caminho.

— Aura, por que tanta pressa? — questionou Renier, sem desviar o olhar das costas dela. — Há um objetivo específico para querer continuar nessa floresta mesmo à noite?

Aura parou, virando-se lentamente para ele. Seu olhar carregava a gravidade de alguém que sabia o que estava por vir.

— Sim, temos um objetivo. — Sua voz era firme. — Você se mostrou confiável até agora, e isso é bom. Mas a confiança precisa ser sustentada pela força. Palavras não significam nada para mim se você não pode reivindicá-las com poder. Este lugar servirá como seu teste. Quero ver com meus próprios olhos o que o Guardião Negro realmente é capaz de fazer.

Renier sentiu o peso das palavras de Aura. Ela não estava apenas desafiando suas habilidades, mas sua essência como Guardião. E o teste seria no tipo de lugar onde até mesmo os mais valentes encontraram seu fim.

Ainda assim, ele permaneceu sereno. Respirou fundo e respondeu, com determinação:

— Certo, e qual é o teste? Como devo provar que sou digno de sua confiança?

Um sorriso discreto surgiu nos lábios de Aura enquanto ela se virava de costas novamente, a voz ganhando um tom mais sombrio.

— Esta é a Floresta Perdida, um nome que reflete sua reputação. Todos que entram aqui jamais conseguem sair. — Ela fez uma pausa, como se saboreasse o impacto de suas palavras. — Além do Selo do Demônio, há uma entidade que mantém esse lugar preso em sua maldição. Nem mesmo as almas que perecem aqui conseguem escapar.

Renier estreitou os olhos, assimilando a informação. "Uma entidade... é praticamente o pilar desta floresta. Derrubá-lo deve enfraquecer ou até dispersar a energia maligna que permeia este lugar."

Aura continuou. — Eu sozinha não sou páreo para tal força, ainda não tenho poder suficiente. Se tentasse enfrenta-lo, provavelmente estaria morta agora, como todos os outros que caíram aqui.

Renier não precisou de muito para conectar os pontos.

— Então você quer que eu o enfrente? O teste é o monstro, esse pilar da floresta e provar que sou forte o bastante para merecer sua confiança?

Aura virou-se novamente, agora com um sorriso de canto.

— Gosto de quem entende rápido, poupa explicações. — Sua expressão ficou mais provocativa. — Se conseguir, não apenas terá minha confiança, mas também meu apoio. E, acredite, Renier, eu tenho informações que você certamente vai querer.

O tom dela chamou a atenção de Renier. Era evidente que Aura sabia mais sobre ele do que deixava transparecer, e isso o intrigava. "Quem é ela realmente? Apenas a filha de um demônio? Ou algo muito mais?"

Sem hesitar, Renier estendeu a mão. Concentrou-se por um momento, canalizando uma energia etérea azul que envolveu seus dedos. Aos poucos, a energia tomou forma, materializando-se em uma foice de lâmina afiada, brilhando intensamente na escuridão da floresta.

Aura arqueou uma sobrancelha, impressionada, embora tentasse esconder o fascínio.

— Oh? Você tem uns truques interessantes. — Um sorriso malicioso brotou em seus lábios. — Mas sabe mesmo usar essa coisa? Foices não são armas fáceis de manejar.

Renier sorriu, confiante.

— Veremos na hora certa. Você terá a chance de presenciar do que sou capaz. — Ele piscou, com um ar provocador. — E provará que sou o Guardião Negro que você tanto esperava, Aura.

Ela riu suavemente, um misto de diversão e expectativa em sua expressão.

— Não me decepcione, pequeno Guardião — murmurou, enquanto voltava a caminhar, guiando Renier ao primeiro desafio.

A floresta parecia respirar ao redor deles, como se antecipasse o confronto iminente. Para Renier, não era apenas um teste de força, mas uma chance de reafirmar quem ele era, e descobrir mais sobre a misteriosa Aura Douji.

Continua…