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Chapter 19 - Capítulo 18: Uma Mudança Transformadora.

A floresta estava imersa em um breu sufocante, onde o único som vinha do farfalhar ansioso das folhas ao vento. No centro da clareira, o Wendigo, magro e sinistro, fixava seus olhos amarelados no monstro à sua frente. O Pesadelo, um ser grotesco e descomunal, rugia com uma intensidade que parecia tremer a própria essência da terra.

As árvores dobravam-se com a força daquele rugido, quase como se curvassem perante a besta. Num piscar de olhos, o Pesadelo avançou, seus membros enormes rasgando o chão com garras afiadas. Ele mirava o Wendigo, ignorando completamente os outros que estavam na clareira.

Porém, antes que pudesse abater sua presa, Renier Kanemoto, com sua presença imponente e uma foice que brilhava com um brilho cósmico, posicionou-se entre o monstro e o alvo. O cabo da foice encontrou o golpe brutal do braço do Pesadelo, emitindo uma onda de choque que fez o chão abaixo deles ceder, formando uma cratera.

Com um sorriso sarcástico no rosto, Renier olhou para o Pesadelo.

— Odeio ser ignorado — ele murmurou, antes de girar sobre os calcanhares e, com uma força tremenda, desferir um chute direto na cabeça da besta.

O impacto foi suficiente para desequilibrar o Pesadelo, que cambaleou para trás, atordoado. No entanto, a besta logo se recuperou, seus olhos ardendo de ódio. Renier riu, o som ecoando como uma melodia provocativa.

— Ah, agora você está irritado? Ótimo, vai ser mais divertido.

A criatura respondeu arrancando uma árvore gigante com uma facilidade monstruosa. Com um grunhido ensurdecedor, jogou-a como um projétil mortal contra Renier e o Wendigo. Renier reagiu com precisão. Sua foice brilhou como um raio de energia, cortando a árvore em dois. Os pedaços caíram para os lados, levantando uma espessa nuvem de poeira.

No entanto, a astúcia do Pesadelo superou sua brutalidade. Ele usou a cortina de poeira para se ocultar. Antes que Renier pudesse reagir, a criatura emergiu com uma velocidade inacreditável e o agarrou.

— Renier! — gritaram Aura e o Wendigo em uníssono, suas vozes carregadas de pânico.

Com força devastadora, o Pesadelo arrastou Renier pelo campo, colidindo-o com árvores que explodiam em estilhaços. Cada impacto fazia o chão estremecer. Ainda assim, Renier manteve sua determinação. Ele resistiu, usando sua força para tentar se libertar.

O monstro, no entanto, não cedeu. Suas mandíbulas gigantes cravaram-se no ombro de Renier, fazendo-o cuspir sangue. A dor era excruciante, mas ele se recusou a gritar. Em vez disso, segurou o peito do Pesadelo com a mão livre. Uma energia azul pulsou de seus dedos, crescendo em intensidade até explodir em uma rajada devastadora.

A explosão abriu um buraco no peito do Pesadelo, que soltou um grunhido agonizante antes de cair ao chão com um estrondo. O silêncio que se seguiu foi preenchido pelo som da respiração pesada de Renier. Ele se levantou, ferido mas inabalável, sua energia curando o ferimento.

— Ainda sou inexperiente em combate real… — murmurou Renier, limpando o sangue de seus lábios enquanto a criatura agonizava ao fundo. Mesmo com todo seu poder, ele queria ver se tinha o necessário para enfrentar algo sem utilizar sua natureza como um ser maior.

Aura correu até ele, a preocupação evidente em seus olhos.

— Renier! Está... está bem?

Ele apenas lançou um sorriso confiante para ela, apoiando-se levemente na foice.

— Já estive pior. Mas, pelo menos, nos livramos do problema.

O Wendigo olhava para o corpo estatelado do Pesadelo, ainda processando a cena de como Renier havia derrotado a besta com uma facilidade que parecia irreal. Seus crânio escuro dava um leve brilho branco de confusão.

— Você... você matou ele tão rápido... — a voz do Wendigo, cheia de dúvidas. — Mas por quê? O que te fez se arriscar tanto?

Renier, com um sorriso sutil, limpou o sangue que escorria do canto da boca e deu um leve suspiro. Ele olhou para o Wendigo com um olhar sereno, mas determinado.

— Para proteger você, óbvio. — Renier disse, apontando com o olhar para Aura, que ainda o observava com um misto de apreensão e curiosidade.

Essas palavras fizeram o Wendigo parar. Ele não estava apenas atônito pela resposta, mas também intrigado. Uma criatura como ele sendo protegida por alguém como Renier? Havia algo ali que ele não entendia.

— Proteger... um monstro como eu? — ele perguntou, como se a palavra "monstro" tivesse peso, uma percepção distante da realidade de Renier.

Aura, ainda com um olhar cético, aproximou-se de Renier e falou com um tom desconcertante.

— Eu pensei que você fosse mais forte, Renier. Se você tem uma energia tão bruta, por que não a usou antes de ser pego pelo Pesadelo? — a pergunta dela pairava no ar, impaciente.

Renier olhou para o cadáver do Pesadelo, seu olhar passando de pensativo.

— Eu não quero depender demais dos meus poderes... — ele disse, com a voz calma, quase filosófica. — Eu queria testar minhas habilidades naturais, não apenas a força bruta que me é dada. Não posso me deixar levar pelo poder que tenho.

Aura assentiu lentamente, como se entendesse, mas seu tom ainda continha uma ponta de advertência.

— Acho que posso entender. Não quer depender daquilo que te torna diferente. Mas não seja arrogante a ponto de ignorar o poder que você possui. Não use o orgulho como uma desculpa para ser imprudente. — sua expressão suavizou, uma mistura de respeito e preocupação.

Renier acenou com a cabeça, absorvendo suas palavras com atenção. Ele não negava o que ela dizia. Havia sim uma linha tênue entre orgulho e autossuficiência, e ele não pretendia cruzá-la de maneira irresponsável. Porém, seu olhar logo se voltou novamente para o Wendigo, seu interesse renovado.

Ele deu um passo à frente, seu tom ficando mais direto e calculado.

— Eu sei que você, Wendigo, tem uma habilidade... peculiar. Quando ingere carne humana, você se transforma nesse ser que é agora, certo? Mas além disso, você também... ganha as habilidades das criaturas que consome. — a voz de Renier tinha uma ponta de curiosidade agora, algo que não passava despercebido pela criatura.

O Wendigo franziu o cenho, sua voz carregada de desconfiança.

— O que você quer com isso, Renier? Qual o seu ponto?

Renier apontou para o cadáver massivo do Pesadelo que ainda jazia no chão, a aura de destruição que emanava dele quase palpável.

— Porque você pode adquirir os poderes dele. Se você comer uma parte do monstro, vai absorver a força que ele tinha. Você pode ganhar algo muito mais do que a simples fome que carrega.

Aura olhou entre Renier e o Wendigo, sem entender completamente suas intenções. O Wendigo, por sua vez, olhou para o corpo do Pesadelo e depois voltou o olhar desafiador para Renier. Ele sabia o que aquilo significava, sabia o preço que teria que pagar para absorver aquele poder. Mas a curiosidade de ter mais força, de se tornar ainda mais temido, era tentadora.

Renier não desviou o olhar, como se soubesse que estava colocando uma escolha diante do Wendigo.

— Não sou alguém para fazer você tomar decisões, Wendigo. Mas você sabe o que fazer, se quiser mais poder. A escolha é sua. — Renier disse, como se já soubesse a resposta.

O Wendigo rosnou baixo, uma mistura de desejo e hesitação. Então, sem mais palavras, ele se aproximou do cadáver, sua fome insaciável pela força do Pesadelo falando mais alto do que qualquer outra consideração. Ele deu um passo em direção ao monstro caído, pronto para consumir sua carne, pronto para se tornar algo ainda mais formidável.

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Após devorar a carne do Pesadelo, o Wendigo ergueu-se com uma expressão que misturava satisfação e dor. Ela hesitou por um momento, sentindo as ondas de poder fluindo por seu corpo, mas logo o corpo dela cedeu, e ela caiu de joelhos, a transformação começando a se manifestar de maneira selvagem e incontrolável. Renier e Aura ficaram observando, ambos em silêncio, as mudanças acontecendo diante de seus olhos.

O crânio de servo que adornava sua cabeça, agora com chifres retorcidos, começou a emitir uma aura de angústia e dor. Os olhos da criatura brilharam com uma intensidade sombria, cavidades negras tomando conta da sua face, como se as profundezas do próprio inferno tivessem se manifestado ali. A dor era palpável, mas algo ainda mais poderoso estava acontecendo dentro dela.

Antes esquelética, com a pele esticada sobre os ossos, a figura do Wendigo agora estava se transformando. Sua pele, antes opaca e carcomida, começava a adquirir um tom escuro e quase sobrenatural. Pelos densos, semelhantes aos de um lobo, cobriam seu corpo de forma progressiva. Do peito até a cintura, uma curvatura feminina surgia, uma silhueta ainda mais definida e impressionante. O corpo esquelético dava lugar a uma forma mais sólida, mas, ao mesmo tempo, inumana, como se a natureza selvagem estivesse se fundindo com o poder do Pesadelo.

Do antebraço para baixo, uma pelagem espessa e escura cobria sua pele, seus membros agora parecendo mais animais do que humanos. As garras afiadas começaram a se formar nas pontas de seus dedos, e a sensação de poder que emanava dela era quase tangível, como se um predador estivesse despertando para caçar.

O mais impressionante, no entanto, foi o que aconteceu com as suas pernas. Do joelho para baixo, a transformação seguiu da mesma forma: a pelagem densa se espalhou, suas pernas se tornaram musculosas e poderosas, adaptando-se para uma mobilidade ainda mais feroz e ágil, como um híbrido monstruoso entre o Wendigo e a criatura do Pesadelo.

O crânio, anteriormente uma mera máscara de servo, agora parecia como um troféu distorcido de uma besta primitiva. Atrás dele, um longo cabelo escuro surgia, fluindo até a cintura e cobrindo parcialmente os seios da criatura, que agora possuía uma aparência mais imponente e ameaçadora. E, finalmente, uma enorme cauda felpuda se formou nas costas dela, balançando com um movimento animalista e inquieto. Era como se o Wendigo tivesse se tornado algo além de si mesmo, uma fusão de dois monstros, cada um representando sua própria versão de terror e destruição.

"Parece que uma nova criatura acabou de sair da jaula" pensou Renier observando a transformação, com admiração e até um interesse genuíno no novo ser que o Wendigo havia se transformado.

Continua…