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Chapter 16 - Capítulo 15: A Caça Vira o Caçador.

A jornada pela Floresta Perdida, até o primeiro teste que seria então o primeiro desafio imposto por Aura, ao Guardião Negro, não seria um lugar tão fácil de alcançar não é mesmo? Afinal, a própria Floresta em si era um desafio, com espertos, mortos vivos que espreitavam pelas sombras, a busca de saciar sua fome por sangue e desejo por rasgar brutalmente algo vivo e quente nesse lugar onde o frio, e a penumbra eterna persistia.

Aura e Renier nesse momento estavam sentados em dois grandes galhos de uma árvore escura, enquanto verificaram com cuidado cada passo a ser tomado, e onde estaria localizado um dos monstros que são os pilares desse lugar.

— A presença demoníaca é muito forte, — informou Renier, enquanto olhava por todos cantos, contanto com seus olhos brilhantes para detectar qualquer energia. — É difícil dizer onde está a localização de uma só fonte de energia, em um lugar onde tudo parece estar impregnado com uma aura demoníaca… — afirmou ele, dizendo um fato sobre tal lugar. A floresta em si, foi forjada do solo até as raízes das árvores pela essência do Demônio selado, que persiste nesse lugar.

Aura estava com seu olhar fixo para baixo, desinteressada ao mesmo tempo, então comentou. — Teremos que recorrer a um outro método, pelo visto… — respondeu ela, enquanto soltava um suspiro.

— Qual? Sair por aí, lutando com qualquer monstro e interrogar eles? — disse Renier, de forma provocativa.

— Não seria uma má ideia, na verdade… — afirmou Aura. — Muito das bestas, que aqui habitam, tem a capacidade de mimetizar a voz, para atrair suas presas com mais facilidade, então se acharmos um… talvez dê para pegar alguma informação, — informou ela, enquanto mexia no cabo da sua espada, pronto para retirá-la, de sua bainha.

— Parece a melhor ideia, que tivemos… — Renier olhou para baixo, meio incomodado, enquanto segurava sua foice. — Isso tá meio irritante…

— De fato, também estou ficando irritada com todo esse transtorno… — disse Aura, com um leve aborrecimento, escancarado em sua face.

No chão, uma maré de mortos-vivos cercava a base da árvore. Seus corpos em avançado estado de decomposição exalavam um odor nauseante, enquanto seus braços, rígidos e trêmulos, tentavam em vão alcançar a garota. As mandíbulas abertas revelavam dentes lascados e quebrados, soltando gemidos profundos e perturbadores que ressoavam como um canto de desespero faminto.

Renier, observando de cima, apertou o cabo da foice enquanto ponderava. "Queríamos apenas um momento para reorganizar as ideias, mas acabamos nos vendo cercados por essas criaturas. Não houve escolha… subir na árvore foi o único movimento sensato. Porém, mais zumbis vieram. Agora, estão por todos os lados."

Com os olhos analisando a situação, ele concluiu: — Bem, já temos um objetivo: capturar e interrogar um monstro que sabe se comunicar. — Sua voz era serena, mas carregava determinação. — O tempo de descanso acabou.

Quase como se suas palavras fossem um comando universal, uma energia pulsou ao seu redor. Renier ergueu dois dedos em direção ao céu, e, num instante, pilares de terra irromperam do solo. As estacas afiadas perfuraram os mortos-vivos com precisão brutal, atravessando seus corpos e esmagando suas cabeças. O cenário de caos e gemidos tornou-se um silêncio macabro.

— Nada mal. — Aura assobiou, claramente impressionada. — E pensar que eu te subestimei, achando que era só mais um garoto indefeso. — Um sorriso travesso iluminava seu rosto, seus olhos brilhando em provocação.

Renier riu baixo, balançando a cabeça. — Heh, tudo isso é herança de família.

Sem perder tempo, ele saltou do galho, aterrissando com leveza no chão. A foice estava firme em suas mãos enquanto inspecionava os cadáveres inertes. Aura desceu logo atrás, os olhos vasculhando os arredores em busca de algo… ou por alguém.

— Nada. — Ela suspirou, frustrada. — Não faço ideia de onde começar a procurar esse tal monstro falante.

Renier esfregou o queixo, pensativo, antes de soltar um longo suspiro. — Certo. Então, vamos recorrer ao básico. Predadores que sabem mimetizar vozes geralmente atraem presas imitando algo familiar, certo?

Aura cruzou os braços, interessada. — Continue.

— Essas criaturas tendem a evitar exposição direta. Preferem locais de vantagem tática, como cavernas ou árvores altas, especialmente em florestas. Lá, observam e estudam suas presas, agindo no momento oportuno. São silenciosas quando necessário, mas letais quando decidem atacar. — Ele fez uma pausa, os olhos fixos em Aura, antes de sorrir confiante. — A questão é: não vamos caçar esse predador. Vamos fazer ele nos caçar.

Aura arqueou uma sobrancelha, intrigada. — Interessante… Esse conhecimento de caça, já feio em você como Guardião ou? — indagou, curiosa.

— Meu avô me ensinou, no meu mundo, quando viajamos pelo mundo todo, sempre fazemos trilhas e acampamentos, então ele me contava algumas coisas, então é apenas conhecimento… — afirmou Renier, dando um sorriso. Ele caminhou um enquanto girava sua foice com sua mão, até pensar em uma estratégia.

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No coração da floresta densa e escura, um ser de aparência macabra caminhava com passos largos e pesados, seu corpo esquelético se erguendo imponente a mais de dois metros de altura. Seu crânio, o de um servo morto, tinha manchas de carne seca e sangue que escorriam por suas cavidades oculares e pelo semblante impassível. Os chifres longos e torcidos, como galhos de uma árvore retorcida, se projetavam de sua cabeça, conferindo-lhe uma vantagem única no ambiente arbóreo.

A criatura estava debruçada sobre a carcaça de um animal, suas garras afiadas rasgando a carne enquanto o sangue vermelho escorria por seu crânio branco, agora manchado. Contudo, algo o fez parar. Uma aura estranha, que misturava o perfume de algo familiar e ao mesmo tempo totalmente desconhecido, chamou sua atenção. Ele ergueu-se abruptamente, largando o que restava do animal, e inclinou sua cabeça para o lado, tentando localizar a origem do cheiro. Algo estava ali, algo que despertava sua fome e curiosidade.

Com um salto sobre-humano, o monstro avançou, os pés pressionando o chão da floresta com força, antes de disparar para uma área mais densa. Seu grito ecoou pela floresta, uma chamada desesperada, quase infantil, um pedido de "ajuda" que ressoava na calada da noite. Mas, em resposta, o silêncio. O ser continuou sua busca, saltando de galho em galho com a agilidade de um predador, até chegar a uma clareira, onde algo peculiar chamou sua atenção.

Sua visão noturna revelou uma figura solitária: uma jovem mulher. Aura, apoiada contra uma árvore, com sua perna sangrando, parecendo incapaz de se mover. O monstro, com os olhos focados, sentiu sua saliva escorrer, pois parecia uma presa fácil, vulnerável. O impulso foi imediato, e com um salto devastador, ele atirou contra ela, certo de que teria a captura fácil.

No entanto, a surpresa foi imediata. Antes que suas garras pudessem alcançar seu alvo, uma foice de uma lâmina azul brilhante cortou o ar, perfurando o braço da criatura e a projetando para trás. O monstro caiu pesadamente no chão, surpreso. Ele tentou se erguer, mas logo se deu conta de que ela já estava de pé, sua postura altiva e um sorriso satisfeito no rosto.

— A presa sempre muda, não é? — ela disse, antes de, com um movimento rápido, atingir a cabeça da criatura com a bainha de sua espada. O golpe foi preciso, e o monstro desabou novamente, desta vez nocauteado.

Aura com os olhos se suavizando em um olhar de cumplicidade, se afastou e olhou para trás. Renier, com seus olhos brilhando levemente, apareceu de trás de uma árvore, observando a cena. Ele sorriu ao perceber a astúcia de sua companheira.

Aura, com uma expressão de leve ironia, voltou para ele.

— Boa ideia fingir estar vulnerável... mas por que não foi você a fazer esse teatro?

Renier deu um sorriso tranquilo, seus olhos cintilando com um brilho enigmático.

— Bem, uma garota machucada no meio da floresta sempre parece uma presa fácil, não é? Se fosse um homem, a criatura teria sido mais cautelosa antes de avançar.

Aura o observou por um momento, avaliando suas palavras com atenção.

— Isso explica muita coisa, Renier — ela disse, um toque de aprovação em sua voz. — Mas, no fim, você sabia que eu daria conta.

— Sempre soube — Renier respondeu com um tom descontraído. — Mas você também sabia que o teatro precisaria ser convincente.

Aura dá um sorriso convencido, e olha para a criatura caída no chão. — Bom, agora temos nosso prisioneiro, tomara que ele esteja disposto a colaborar… — afirmou ela, com sorriso quase que sádico. Enquanto o silêncio da floresta voltava a tomar conta do ambiente, agora há esperança de algo para achar o quê procuraram nessa floresta.

Continua…