MESMO DIA, GABINETE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO IMPERIAL, SALA DE GUERRA
O Estado-Maior Geral tomou uma decisão formal de conceder uma medalha a um certo oficial mago, e não só foi uma das raras ocasiões em que o Distintivo de Assalto Silver Wings foi entregue a alguém que não fosse um cadáver, mas também o julgamento foi proferido com uma velocidade sem precedentes. O destinatário até recebeu um pseudônimo. Mas enquanto uma área se agitava com as cerimônias de premiação que acompanham a vitória, um debate acalorado enchia o ar tenso em um canto do Gabinete do Estado-Maior Geral — a Primeira Sala de Conferências (Guerra) do Estado-Maior Geral, onde os guardas recusavam a entrada de todo o pessoal não autorizado.
Para ser exato, dois generais de brigada se opuseram ferozmente.
"Eu me oponho totalmente! Se fizermos um compromisso concentrado como esse, podemos perder a flexibilidade para responder rapidamente, um risco que supera em muito qualquer mérito!" Um soldado másculo em seu auge se levantou e rugiu em protesto sem fim. Seus olhos azuis claros transbordavam com tanta confiança que ele parecia arrogante, mas qualquer um que encontrasse seu olhar percebia que ele estava sempre fixo na realidade. O Estado-Maior considerava o Brigadeiro-General von Rudersdorf um oficial cujo equilíbrio de confiança e habilidade o tornava excepcional. Agora, esse homem deixou de lado sua reputação e quase se inclinou sobre a mesa enquanto continuava uivando em protesto. "Já temos tropas mais do que suficientes no campo para uma luta contínua! Devemos manter a flexibilidade tática enquanto aplicamos uma quantidade razoável de pressão. É só isso!"
"Da mesma forma, devo expressar meu protesto também. Destruímos com sucesso as forças inimigas no campo. O que mais há para realizar por meio da guerra? Já atingimos nosso objetivo de defesa nacional." Além disso, ele concordou com a necessidade de manter a flexibilidade tática. Com sua disposição tranquila e aparência externa acadêmica, o Brigadeiro General von Zettour deu uma impressão sensata, característica de um homem que se mediu como um soldado. Ele se juntou ao debate, falando tão objetivamente quanto um matemático lendo seus resultados finalizados.
"Ambos os nossos generais de brigada apresentam pontos válidos… Você se importaria em comentar, General von Ludwig?" Presidindo como presidente, o General Adjunto Marchese sentiu que ambos os generais de brigada apresentaram argumentos que pareciam razoáveis demais para simplesmente ignorar. Naturalmente, o general adjunto era experiente o suficiente para ignorar visões opostas no debate se ele escolhesse fazê-lo.
No entanto, não era como se Marchese não tivesse seu próprio motivo para preocupação. Considerando que a posição do Estado-Maior teria influência primária sobre o gabinete do comandante em chefe, valia a pena cavar mais fundo. Como tal, ele havia provocado uma declaração do Tenente-General von Ludwig, chefe do Estado-Maior, que defendia uma ofensiva em larga escala. Ele pretendia ouvir todos os lados.
"A prudência é muito boa, mas não sentimos o cheiro de mobilização de nossas nações vizinhas. Se quisermos conduzir uma ofensiva em larga escala sem a restrição das condições dadas, esta não é uma oportunidade excelente?"
O chefe do Estado-Maior Geral se levantou, com um olhar preocupado no rosto. Ele parecia levemente confuso que dois dos subordinados pelos quais ele tinha grandes expectativas estavam se revoltando contra ele. No entanto, ele também estava com raiva. Como resultado, ele estava tentando descobrir como se sentia, então o que todos viram foi sua expressão bizarramente perplexa.
"Tenente-general, senhor! No mínimo, deveríamos limitar a escala da mobilização! Uma mobilização total destruiria a premissa fundamental do Plano 315!" Rudersdorf objetou fortemente.
Sua crítica concisa derivou da situação geopolítica do Império. O Império era a única grande potência cercada por outras potências mundiais, então, em termos de defesa nacional, estava na difícil posição de sempre levar em conta a possibilidade de uma guerra multifront.
Então havia o contexto histórico por trás de como o Império construiu sua reputação como uma nova potência militar. Compelido pelo medo e pela necessidade geográfica, o Império teve que buscar superioridade militar para resistir a uma guerra de duas frentes.
"Não quero simplesmente repetir o General von Rudersdorf, mas não devemos alterar nossas políticas de defesa nacional, incluindo o Plano 315", acrescentou Zettour.
Assumindo que o Império estava cercado por potenciais inimigos por todos os lados, mover e gerenciar tropas eficientemente ao longo das linhas internas tornou-se sua única opção de defesa. O plano minuciosamente detalhado exigia mobilização em massa para neutralizar o exército de campo de um único inimigo potencial com forças superiores em número e qualidade. Depois disso, os militares se preparariam para enfrentar os outros países hostis. Este era o Plano de política de defesa 315. Para fazê-los passar por uma guerra quase impossível de duas frentes, ele havia sido ajustado para horários de trens específicos — o plano era uma espécie de obra-prima artística para o Império. Para colocar de outra forma, levaria uma quantidade enorme de tempo para construir um novo plano se eles descartassem este.
"Zettour, devemos evitar enviar forças aos poucos. Isso dificilmente precisa ser dito."
"Estou plenamente ciente da tolice da mobilização gradual, mas acho questionável afirmar que precisamos mobilizar toda a nossa força agora que destruímos o exército de campo do inimigo."
Por outro lado, o argumento de Ludwig também era razoável. Dado que o Reino de Ildoa, a República François e a Federação Russa não mostravam sinais reais de mobilização de tropas, o cenário estava pronto para esmagar completamente a Aliança Entente. Se o Império fosse atacar, deveria ir com tudo.
Mas quanto ao lançamento de uma ofensiva imediata, a noção de Zettour de que eles haviam alcançado vitória suficiente contradizia a opinião do Chefe do Estado-Maior, Ludwig.
"Eu concordo com o Brigadeiro General von Zettour. A vitória está ao nosso alcance, então a questão que deveríamos estar nos perguntando é como explorar seus frutos! Se mobilizarmos tropas desnecessariamente sem um plano claro, o objetivo tático será muito ambíguo. Não consigo ver como isso beneficiará nossa defesa nacional." Rudersdorf não sentiu que eles precisavam aumentar suas conquistas. A questão que ele colocou foi simplesmente como utilizar melhor seus ganhos uma vez que eles tivessem uma compreensão da situação. Embora esse não fosse exatamente o ponto principal de sua proposta, ele também estava preocupado que o exército comprometeria desnecessariamente sua política de defesa nacional bem estabelecida sem um plano.
"Rudersdorf, enquanto o comandante em chefe não nos der diretrizes, o Estado-Maior só pode buscar expandir seus ganhos militares."
"General, com todo o respeito, seria indizível conduzir uma operação militar que não tivesse um objetivo tático claro. Sou fortemente contra uma invasão imprudente em larga escala que poderia consequentemente arruinar nossa política de defesa", respondeu Rudersdorf.
Zettour concordou com uma expressão amarga no rosto.
"A oportunidade não espera por ninguém! Estamos preparados para resolver a disputa territorial sobre Norden de uma vez por todas com esta campanha! Podemos resolver o problema geopolítico do Império!"
Os aplausos que escaparam de uma parte dos participantes não foram totalmente injustificados. Zettour havia pintado um quadro delicioso do futuro ao apresentar a oportunidade de libertar o Império do problema sempre presente de estar cercado por todos os lados por outras nações. Se eles desferissem um golpe devastador na vizinha Aliança Entente, eles poderiam eliminar com sucesso uma das ameaças potenciais que o Império enfrentava. Era uma oportunidade excelente para resolver um problema geopolítico que os assombrava há eras.
"Objeção! Não devemos prosseguir com isso às custas do nosso programa de defesa estabelecido!" O ponto que Rudersdorf levantou ferozmente atingiu o cerne da discordância. Eles deveriam tentar garantir um futuro seguro correndo o risco de colocar em risco seu programa de defesa atual? "O objetivo do Império é a segurança nacional. Visto que estabelecemos uma fronteira de fato com o Tratado de Londinium, a questão pode muito bem não existir."
Zettour chegou a dizer friamente que eles deveriam esquecer a Aliança Entente. Em outras palavras, ele não queria abrir a lata de minhocas que o Tratado de Londinium havia fechado.
"Não há necessidade de fazer o que o inimigo quer! Não deveríamos seguir nosso próprio plano? Você quer que desperdicemos todos os nossos preparativos?!"
Mais importante, como Rudersdorf apelou veementemente aos presentes na sala de conferências, essa decisão afetaria os fundamentos da defesa nacional do Império.
O Plano 315, que o Estado-Maior Geral alterou continuamente ao longo dos anos, era a única política de defesa viável do Império devido ao ambiente geopolítico do país. Cercado por inimigos em potencial por todos os lados, o Império tomou a decisão desesperada de que não importava qual país desencadeasse o efeito dominó da invasão, ele defenderia resolutamente seu território por meio de contra-ataques coordenados. Na verdade, ele era incapaz de conceber qualquer outro plano de defesa com alta chance de sucesso.
"Você deixará passar a chance de se libertar desse cerco, mesmo que parcialmente?"
"Se pudéssemos enfraquecer a Aliança Entente, seríamos capazes de nos concentrar mais no leste. E a oeste, poderíamos montar uma linha de defesa um pouco menos tensa contra Albion, François."
Mas eles continuaram seus argumentos um após o outro sem fim à vista. O debate surgiu do desejo inescapável do Estado-Maior de aproveitar esta oportunidade; eles poderiam finalmente se libertar da estratégia de defesa de seu país estagnada. Se agirmos agora — se agirmos agora mesmo, pela primeira vez desde a fundação do Império — poderíamos resolver nossos problemas militares de uma só vez.
"Felizmente, nenhuma das potências mostra qualquer indicação de mobilização. Acredito que se agirmos agora, podemos eliminar a raiz dos problemas do Império."
Eles não tinham como saber se essa decisão era a melhor ou não — pelo menos não naquele momento.