Os corredores de Hueco Mundo pareciam inquietantemente silenciosos enquanto o grupo liderado por Keiyon, Ichigo, e os outros avançava em direção ao portal criado por Yoruichi Shihouin. A missão de resgate havia sido bem-sucedida – Orihime Inoue estava finalmente a salvo, caminhando ao lado de seus amigos, mas havia algo perturbador no ar.
Keiyon, com sua postura firme e Zanpakutō ainda parcialmente liberada, observava ao redor com olhos atentos. Ele não era do tipo que ignorava suas intuições, e agora, cada fibra de seu ser gritava que aquilo havia sido fácil demais.
— "Isso não faz sentido," — murmurou ele para Yoruichi, que corria ao seu lado. — "Aizen não teria simplesmente permitido que levássemos Orihime sem alguma intenção por trás."
Yoruichi lançou-lhe um olhar rápido e sério, mas continuou correndo.
— "Eu sei, Keiyon. Por isso precisamos sair daqui o mais rápido possível. Seja qual for o jogo de Aizen, temos que voltar para Karakura antes de descobrir."
Finalmente, o grupo atravessou o portal, emergindo no familiar terreno de Karakura. A cidade estava calma sob o céu estrelado, mas o contraste com o caos de Hueco Mundo era quase desconcertante. Orihime olhou ao redor, seus olhos ainda marejados pelas despedidas e pela culpa que carregava.
— "Eu sinto muito... por tudo," — sussurrou ela, sua voz cheia de emoção.
Ichigo deu um passo à frente, colocando a mão em seu ombro.
— "Você não precisa se desculpar, Orihime. Nós estamos todos juntos nisso."
Keiyon permaneceu em silêncio, seus pensamentos rodopiando. Ele olhou para o horizonte com uma expressão distante, enquanto Urahara Kisuke fechava o portal atrás deles com um movimento casual de seu leque.
— "Bem, pessoal, foi uma fuga espetacular," — disse Kisuke com um sorriso. — "Mas não vamos nos enganar. Isso só aconteceu porque Aizen queria que acontecesse."
Todos se viraram para encará-lo, surpresos com a franqueza de sua declaração.
— "O que você quer dizer, Kisuke?" — perguntou Ichigo, cerrando os punhos.
Kisuke fechou o leque e apontou para o céu.
— "Aizen está sempre pensando vários passos à frente. Ele provavelmente permitiu que escapássemos porque isso faz parte de algum plano maior. Talvez ele quisesse testar nossos limites. Talvez ele quisesse plantar a dúvida em nossas mentes. Mas o fato é que ele não faria nada sem motivo."
Decididos a não serem pegos de surpresa novamente, o grupo começou a se preparar para o que viria a seguir. Kisuke colocou a loja ao máximo de sua capacidade operacional, enquanto Yoruichi ajudava a treinar Ichigo e os outros, reforçando suas habilidades para o que parecia ser um confronto inevitável com Aizen e seus seguidores.
Keiyon, por outro lado, isolou-se em um campo espiritual criado por Kisuke para meditar e compreender melhor o potencial de sua segunda Bankai. Ele sentia que havia mais a descobrir sobre seu poder, algo que ainda não havia sido totalmente revelado na batalha anterior.
Enquanto isso, Orihime tentava se reintegrar à rotina, mas a sombra de seus dias em Hueco Mundo ainda pairava sobre ela. Tatsuki a visitou frequentemente, tentando levantar seu ânimo, mas Orihime não conseguia evitar a sensação de que, de alguma forma, ela ainda era um fardo para seus amigos.
A noite estava especialmente silenciosa quando a tranquilidade foi interrompida por um súbito aumento de pressão espiritual. Todos os presentes na loja de Kisuke sentiram o impacto, como uma onda esmagadora que parecia cortar o ar.
Keiyon foi o primeiro a sair para investigar, seguido de perto por Ichigo e Yoruichi. Lá fora, duas figuras conhecidas estavam paradas no meio da rua, suas presenças imponentes como uma tempestade prestes a cair.
— "Capitã Soifon," — murmurou Yoruichi, estreitando os olhos. — "E... Byakuya Kuchiki."
Soifon, sempre com uma postura séria e determinada, foi a primeira a falar.
— "Por ordem do Comandante Yamamoto, estamos aqui para levar aqueles que desobedeceram às ordens da Soul Society de volta para julgamento."
Ichigo deu um passo à frente, seu olhar cheio de determinação.
— "Se vocês acham que podem me levar, terão que me derrotar primeiro."
Byakuya lançou-lhe um olhar frio, mas com uma ponta de exasperação em sua voz.
— "Kurosaki Ichigo, sua imprudência é irritante como sempre. Não estamos aqui para discutir. Vocês violaram as regras e colocaram o equilíbrio entre os mundos em risco. Isso não pode passar impune."
Keiyon, que até então permanecia em silêncio, deu um passo à frente, interpondo-se entre Ichigo e os capitães.
— "Se vocês acham que essa é a melhor maneira de lidar com a situação, terão que passar por mim também."
Soifon estreitou os olhos para Keiyon, sua rivalidade com Yoruichi transbordando em sua atitude.
— "Não me teste, capitão Keiyon. Nós viemos com ordens diretas do capitão Yamamoto e não hesitaremos em cumprir nosso dever."
A tensão aumentava a cada segundo, o ar pesado com a expectativa de um confronto iminente.
O grupo estava parado em um impasse, cada lado esperando pelo movimento do outro. Kisuke observava à distância, sua expressão pensativa. Ele sabia que algo maior estava em jogo, algo que nem mesmo os capitães pareciam compreender.
Finalmente, Soifon quebrou o silêncio:
— "Vocês têm uma escolha. Venham conosco pacificamente ou enfrentem as consequências."