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Chapter 26 - Capítulo 26: O Sacrifício de Keiyon

O céu de Karakura estava tingido de uma tonalidade laranja avermelhada, um reflexo do sol que estava se pondo enquanto a tensão pairava no ar. Ao redor da loja de Urahara, os shinigamis estavam reunidos, prontos para lidar com a inesperada chegada dos capitães Soifon e Byakuya. O confronto parecia iminente, mas então, de uma maneira inesperada, Keiyon, capitão da 5ª Divisão do Gotei 13, deu um passo à frente.

— "Eu me entrego," — disse ele, a voz firme e cheia de resolução, mas sem a menor hesitação.

Os outros, incluindo Ichigo e Yoruichi, olharam para ele surpresos. Keiyon não estava apenas aceitando a situação, mas assumindo a responsabilidade por todas as ações recentes. Seu gesto desconcertante fez todos se calarem por um momento. Ele olhou para Soifon e Byakuya, com o olhar firme de um capitão que sabia que estava fazendo o que acreditava ser o certo.

— "Tudo o que fizemos, os erros, a violação das regras… Eu assumo a responsabilidade completa por isso. Não ponham a culpa em ninguém mais."

Yoruichi, por sua vez, foi a primeira a se manifestar. Seu olhar preocupando-se, mas ainda cheio de confiança em Keiyon, como se soubesse que ele faria isso, mas que não gostava de vê-lo tomar tal decisão.

— "Keiyon, você não precisa fazer isso," — disse ela, dando um passo à frente. — "Nós fomos todos responsáveis por essa situação."

Keiyon, no entanto, não desviou o olhar. Ele sabia que, para garantir a segurança dos outros, ele teria que se sacrificar. A situação estava além de apenas obedecer às regras. Ele havia sentido a pressão crescente da manipulação de Aizen, as tramas complexas que ainda estavam por se revelar. E mais do que tudo, ele sabia que a situação com Ichigo e o grupo seria uma bomba prestes a explodir. A única maneira de evitar mais danos era assumir as consequências sozinho.

— "Eu não me importo com as consequências," — ele disse, sua voz mais baixa agora. — "Mas se isso puder salvar Ichigo e todos os outros, então eu aceito a responsabilidade."

A jornada de Keiyon até Seireitei foi silenciosa, mas intensa. Ele foi escoltado por Soifon e Byakuya, os dois capitães mantendo vigilância constante sobre ele. A sensação de estar diante do Comandante Yamamoto era opressiva. Keiyon sabia que sua decisão traria repercussões sérias, mas a seriedade do seu sacrifício era algo que ele considerava necessário.

Ao chegar à sala do comandante, o peso das palavras e ações de Keiyon fez a tensão aumentar ainda mais. Yamamoto Genryūsai Shigekuni, o líder do Gotei 13, estava lá, observando-o com uma expressão imperturbável, mas cheia de discernimento. A sala estava impregnada com a pressão espiritual do comandante, e Keiyon sentiu cada célula de seu corpo sendo pressionada, como se fosse analisado por cada um dos shinigamis ao redor.

Keiyon se curvou respeitosamente à presença do comandante, sabendo que a própria escolha de se entregar estava começando a pesar de forma mais profunda do que jamais imaginara.

— "Comandante Yamamoto," — começou Keiyon, sua voz clara e firme. — "Eu sou o responsável por levar os meus subordinados e os shinigamis a essa situação. As ações de Aizen e os eventos subsequentes em Hueco Mundo não são culpa de mais ninguém além de mim. Eu sou o capitão que permitiu que isso acontecesse."

O comandante observou-o por um longo momento antes de responder, seus olhos revelando uma sabedoria e experiência imensas.

— "Keiyon, você sempre foi um líder com grande responsabilidade. Mas você também sabe que suas ações podem ter colocado toda a Soul Society em risco. Não podemos ignorar o que ocorreu, nem as suas desobediências."

Keiyon manteve-se firme, encarando o comandante sem desviar o olhar. Ele sabia que estava prestes a enfrentar as consequências, e estava preparado para isso.

O silêncio na sala se alongou, e parecia que até mesmo o ar estava retido, enquanto Yamamoto ponderava sobre a situação. Finalmente, ele suspirou profundamente, um som que soou como o peso de uma montanha sendo movida.

— "Apesar da gravidade de seus atos, Keiyon, vejo em você um espírito que valoriza profundamente o bem-estar de seus subordinados e amigos. Foi uma decisão impensada, mas também cheia de boa intenção. Por isso, tomarei uma decisão que, em minha opinião, reflete sua sinceridade."

Keiyon ficou surpreso ao ouvir essas palavras. Ele havia esperado uma sentença severa, mas a resposta do comandante foi mais temperada do que ele imaginara.

— "Sua sentença será drasticamente reduzida. Em vez da prisão perpétua, você será colocado sob uma vigilância constante por seis meses. Durante esse tempo, você continuará a desempenhar suas funções como capitão, mas sem o direito de liderar missões fora da Soul Society. Durante esse período, você será avaliado e treinado mais intensamente para garantir que não cometerei o mesmo erro duas vezes."

Keiyon sentiu uma sensação de alívio, embora estivesse ciente de que a responsabilidade de sua decisão nunca seria totalmente apagada. A sua postura e a maneira como ele lidaria com essa "segunda chance" seriam cruciais para o futuro da Soul Society.

— "Obrigado, Comandante," — respondeu Keiyon, sua voz cheia de gratidão, mas também de respeito absoluto. — "Eu não falharei novamente."

Yamamoto assentiu com a cabeça.

— "Eu espero que não falhe, Keiyon. Sua habilidade e liderança são inquestionáveis, mas o poder sem discernimento pode ser uma arma perigosa. Lembre-se disso."

A notícia da sentença de Keiyon se espalhou rapidamente entre seus amigos e subordinados. Ichigo e o resto do grupo, ao ouvir que Keiyon havia se entregado e assumido a responsabilidade pela situação, não conseguiram conter a admiração e o pesar por ele. Para muitos, essa era uma atitude nobre, mas ao mesmo tempo profundamente triste.

— "Keiyon..." — murmurou Ichigo, os olhos baixos. — "Eu... nunca imaginei que ele faria algo assim."

Yoruichi, ao lado de Ichigo, suspirou, sentindo a mesma dor.

— "Ele fez o que achava que era certo. Não importa o que digam, ele sempre coloca os outros à frente de si mesmo."

Keiyon, após seu retorno a Karakura, foi recebido com um misto de alívio e apreensão. Ele sabia que sua jornada ainda não estava completa. Ele ainda teria de ganhar novamente a confiança de todos. Mas, por enquanto, ele estava decidido a honrar sua segunda chance.

A história de Keiyon não era apenas de um capitão em busca de redenção, mas de alguém que compreendia profundamente os sacrifícios necessários para manter a paz, mesmo quando isso significava se colocar em risco.

Enquanto o vento suave de Karakura sopravinha pelas ruas silenciosas, Keiyon olhou para o horizonte, determinado a se tornar ainda mais forte, não apenas para si mesmo, mas para todos aqueles que confiavam nele. A verdadeira batalha estava apenas começando.