Anna agilizou a alta de Sarah com rapidez, usando sua influência e uma generosa "doação" para o hospital. O Dr. Arthur, que acompanhava o caso com dedicação, observava tudo com desconfiança, embora não tivesse provas concretas para impedir sua saída.
— Tem certeza de que quer ir com ela? — perguntou Arthur, a voz carregada de preocupação.
Sarah tentou sorrir, mas seu rosto exausto traiu qualquer tentativa de tranquilizar Arthur.
— Vou ficar bem. Ela é minha irmã — murmurou Sarah, desviando o olhar para evitar o peso do olhar atento de Arthur.
Arthur assentiu com relutância, mas seus olhos refletiam um desconforto crescente.
— Se precisar de ajuda, volte. Estaremos aqui. E quanto à ultrassonografia de hoje? Tem certeza de que não quer esperar?
Sarah fez um leve aceno e murmurou:
— Eu volto outro dia...
Mas, no fundo, ela sabia que as coisas não seriam tão simples.
O carro deslizou pela estrada deserta. Anna mantinha as mãos firmes no volante, mas sua mente era um redemoinho de pensamentos e estratégias.
Ela lançou um olhar discreto para Sarah, que estava recostada no banco do passageiro, pálida e de olhos fechados.— "Agora você está sob o meu controle" — pensou Anna, enquanto um sorriso frio se formava em seus lábios.
— "Desta vez, vou garantir que você não atrapalhe os meus planos".
O motor ronronava, e o som parecia uma trilha sonora irônica para o momento. Anna já sabia exatamente para onde levar Sarah: a casa de campo da família — um refúgio isolado, longe de curiosos e sem sinal de telefone.
Anna já havia planejado cada detalhe. Seu destino era a casa de campo da família — um refúgio cercado por árvores imponentes, longe de olhares curiosos e sem qualquer sinal de celular.
Sarah abriu os olhos devagar, sentindo o carro desacelerar levemente.
— Para onde estamos indo? — perguntou Sarah, com a voz rouca e enfraquecida.
Anna adotou um tom suave e ensaiado.
— Para um lugar onde você poderá descansar e se recuperar longe de olhares curiosos — respondeu Anna, com um tom suave e ensaiado.
— Não posso voltar para casa? — a voz de Sarah soou como um apelo distante.
Anna balançou a cabeça com um sorriso tranquilizador.
— E enfrentar sussurros e julgamentos? Pense no que diriam ao ver você assim... Grávida e sozinha. Não seria melhor evitar o escândalo? Na casa de campo, você terá a paz que precisa. É o melhor para você e seu bebê.
O silêncio no carro se prolongou, quebrado apenas pelo barulho da estrada. Sarah olhava para a janela, observando as árvores passarem em borrões esverdeados. Uma parte de si sabia que Anna estava certa – enfrentar perguntas e olhares indiscretos era um pesadelo que ela não queria passar.— Só até o bebê nascer — sussurrou Sarah, mais para si mesma do que para Anna.
Anna sorriu, satisfeita com a resposta.
— Exatamente. E lá, você terá tudo o que precisa. Vou garantir que nada falte.
Sarah permaneceu em silêncio, tentando acreditar nas palavras da irmã. Mas o desconforto persistente em seu peito não desaparecia. Algo parecia errado, mas sua exaustão e vulnerabilidade não permitiam que ela questionasse mais.
O portão rangeu ao abrir-se, revelando um longo caminho de pedras que levava à casa de campo. A propriedade era deslumbrante, cercada por um bosque imponente, com árvores que pareciam tocar o céu.
Sarah desceu com dificuldade, o vento frio acariciando seu rosto pálido.
— Venha. Preparei tudo para você — disse Anna, conduzindo-a com aparente delicadeza.
Ao entrar, Sarah notou o ambiente acolhedor: uma lareira acesa, almofadas macias e uma mesa com frutas frescas. Anna não poupou detalhes para criar uma atmosfera de segurança.
— Veja só — Anna continuou, apontando para o sofá perto da lareira. — Você pode descansar aqui ou subir para o quarto. Está tudo pronto.
Sarah assentiu, ainda atordoada.
— Eu só preciso descansar um pouco...
Anna a conduziu até o quarto do andar superior. As janelas davam para o bosque, e o silêncio era quase absoluto.
Anna observou Sarah deitar-se e fechar os olhos, rendida ao cansaço. Assim que ela adormeceu, Anna saiu do quarto e fechou a porta com cuidado. No corredor, seu sorriso se desfez, dando lugar a um olhar frio e calculista.
— Agora é só uma questão de tempo — murmurou Anna. — Com Sarah aqui, fora de cena, posso garantir que ninguém descubra a verdade.
Anna desceu as escadas lentamente, cada passo carregado de satisfação. Tudo estava seguindo exatamente como planejado.
Ela sabia que Sarah não teria forças para tentar escapar. E, com o tempo, ela faria com que o confinamento se tornasse permanente, garantindo que Sarah ficasse completamente isolada.
— O controle total é meu — pensou Anna, com um brilho perigoso nos olhos.
No quarto silencioso, Sarah se agitava, presa em um sonho que era mais vívido do que qualquer lembrança. Uma visão aterradora se desenrolava diante de seus olhos fechados: chamas consumindo tudo ao redor, o calor sufocante e os gritos abafados que pareciam ecoar de um abismo distante.
De repente, ela viu uma figura no meio do caos — "pequena, vulnerável, mas cheia de vida. Um bebê. Seu bebê".
Sarah despertou com um sobressalto, o peito arfando como se tivesse corrido por entre as labaredas. Seus olhos estavam arregalados, fixos no teto do quarto, enquanto suas mãos tremiam ao tocar o ventre. O sonho a deixou confusa, mas o peso da sensação era impossível de ignorar: aquilo não era apenas um devaneio.
Era um aviso, um eco do que poderia estar por vir. Ela sentiu o coração acelerar enquanto tentava desvendar o significado daquela premonição. Seria um reflexo dos seus medos? Ou o destino tentando avisá-la de algo inevitável?
Com um nó na garganta, Sarah fechou os olhos novamente, murmurando para si mesma:
— Não vou deixar isso acontecer. Não vou permitir que meu bebê seja levado pelas chamas, seja lá o que isso signifique.
A partir daquele momento, ela soube que algo estava para mudar — e que ela precisava estar pronta para enfrentar o que viesse, custasse o que custasse.
Anna reapareceu no quarto com um prato de sopa quente e uma expressão doce.— Você precisa se alimentar. Não pode deixar o bebê sem forças.
Sarah aceitou a sopa com um aceno de cabeça, mas o peso da dúvida persistia. Ela precisava de respostas.
Mas, por enquanto, estava presa ali — nas palavras da irmã e na sombra do passado.