Enquanto Anna deixava a sala, Thomas apertou as têmporas com os dedos, tentando organizar os pensamentos.
Thomas permanecia na sala de reuniões, os olhos fixos nos papéis à sua frente, mas incapaz de se concentrar. Algo no comportamento de Anna o incomodava mais do que de costume. Ele sabia que ela era manipuladora, mas havia uma insistência nela que parecia diferente dessa vez.
— Ela é uma mentirosa... mas, e se...? — O pensamento o atormentava. Seu histórico com Anna era repleto de mentiras e manipulações; ele sabia que havia algo obscuro naquela história.
— Preciso ser cauteloso... — murmurou. — Se for verdade, eu vou lidar com isso. Mas se for mentira... Fechou os olhos por um momento, tentando afastar a dúvida. Independentemente da verdade, sabia que precisava estar preparado para o pior.
Thomas se recostou na cadeira, os olhos fixos nos papéis à sua frente. Ele sabia que Anna não desistiria tão fácil.
— Eu não vou ser manipulado por ela nunca mais.
Enquanto Thomas retornava ao trabalho, alheio ao que se passava, Anna já estava empenhada em arquitetar um novo plano. Determinada a eliminar qualquer possibilidade de que ele descobrisse a verdade, ela ajustava meticulosamente cada detalhe de sua farsa.
Ciente da desconfiança de Thomas, sabia que precisaria de algo mais sólido para sustentar sua mentira, pois qualquer falha ou hesitação poderia comprometer seus ambiciosos objetivos.
Anna caminhou pelos corredores do hospital com passos rápidos, ignorando os olhares curiosos. Assim que saiu do prédio, pegou o telefone e discou um número. Sua voz, antes doce e controlada, agora carregava um tom afiado.
— Olívia, é hora de agir. Preciso que você cuide de um pequeno detalhe para mim.
A pessoa do outro lado hesitou antes de responder:
— Anna, isso está indo longe demais...
— Não estou pedindo sua opinião, Olívia. Estou pedindo sua lealdade, e você sabe que vale a pena. Faça o que eu pedi, e será bem recompensada.
Ela encerrou a chamada antes que a outra pudesse responder, sentindo-se no controle novamente. Sabia que precisava ganhar tempo, criar provas falsas e reforçar sua narrativa.
— Eu ainda sou a melhor jogadora desse tabuleiro, — murmurou para si mesma, com um sorriso frio.
Naquela noite, em seu apartamento luxuoso, Anna traçou meticulosamente os próximos passos de sua farsa. Com uma lista detalhada em mãos, planejava cada movimento para tornar sua mentira inquestionável.
Decidiu buscar um especialista capaz de forjar exames médicos que comprovassem a gravidez e planejou estratégias para atrasar qualquer exigência de Thomas por provas mais concretas até que o "bebê" nascesse.
Sua determinação era implacável, e o objetivo era claro: manipular Thomas tempo suficiente para garantir o futuro que acreditava merecer.
Enquanto isso, Anna não perdia de vista a maior ameaça ao seu plano: Sarah. A irmã, agora mãe de um bebê real, representava um risco constante à sua farsa.
Para Anna, Sarah sempre fora fraca, uma sombra insignificante em sua vida. Mas agora, com o bebê, ela se tornara uma peça perigosa no tabuleiro.
Anna sorriu friamente enquanto arquitetava seus próximos passos. "Ela não vai me impedir. Vou garantir que Sarah desapareça da minha vida para sempre," pensou, com a frieza calculada de quem estava disposta a tudo para alcançar seus objetivos.
— Thomas não pode saber da existência de Sara, nem do bebê.
— Ele só precisa acreditar tempo suficiente para eu colocar as mãos no que é meu por direito — sussurrou para si mesma, apertando o ventre falso em um gesto de aparente afeto.
No dia seguinte, Anna visitou a casa de campo sob o pretexto de verificar Sarah. Apesar do tom aparentemente cordial, seus olhos avaliavam cada detalhe com precisão calculada.
Observava Sarah como um predador vigia sua presa à procura de sinais de fraqueza ou desobediência.
Sarah manteve a postura ensaiada; falava pouco, mas o suficiente para não despertar suspeitas. Por dentro, cada palavra de Anna fazia sua raiva crescer; mas ela sabia que precisava esperar pelo momento certo para agir.
— Como você está, querida? — perguntou Anna com uma doçura exagerada. — Espero que esteja cuidando bem do bebê. Ele vai precisar de força quando chegar a hora...
Sarah percebeu a insinuação na frase, mas manteve a expressão neutra:
— Eu estou bem, o bebê também está — respondeu sem desviar o olhar — Estou fazendo o melhor que posso.
Anna inclinou-se levemente para tocar a barriga de Sarah; um gesto invasivo que fez Sarah recuar instintivamente. A tensão pairava no ar enquanto Anna exibia seu sorriso falso antes de sair da casa satisfeita com o controle que acreditava ter sobre a situação.
Quando a porta se fechou, Sarah sentou-se no chão do quarto, respirando fundo para conter as lágrimas. Sentiu o peso de sua situação mais do que nunca, mas não podia se dar ao luxo de desistir.
— Ela não vai ganhar — murmurou, acariciando a barriga com delicadeza. — Eu prometo a você, meu amor. Nós vamos sair daqui... juntos, assim que você nascer.