Poucas horas após a decisão fatídica, Anna chegou à casa de campo, descendo do carro com passos firmes e decididos. Sua expressão era um retrato de controle absoluto, mas por dentro, uma tempestade de fúria rugia contra a interferência indesejada de Sarah.
Ao abrir a porta, encontrou Olívia à sua espera, nervosa e inquieta.
— Obrigada por tudo, querida. Agora vou cuidar disso sozinha, — disse Anna, sua voz suave como uma lâmina afiada. — Você já fez o suficiente.
Olívia hesitou, um misto de preocupação e alívio cruzando seu rosto antes de obedecer e sair rapidamente, aliviada por não estar mais envolvida em um drama que a deixava à beira do colapso.
Anna subiu as escadas lentamente, os ecos dos seus saltos ressoando pelo corredor vazio como um prenúncio do que estava por vir. Ao abrir a porta do quarto, encontrou Sarah sentada na cama, os olhos fixos nela, como se esperasse um confronto inevitável.
— Finalmente decidiu aparecer, — Sarah disse, sua voz carregada de frustração e desespero. — Quero sair desta casa. Preciso ir ao hospital, sinto que tem algo errado com o bebê. Uma Ultrassonografia me tranquilizaria.
Anna fechou a porta com uma calma calculada, mas sua expressão logo se transformou de falsa compaixão em impaciência.
— Você não vai a lugar nenhum, Sarah.
— Como assim? — Sarah tentou se levantar, a raiva pulsando em seus olhos como fogo. — Eu não sou sua prisioneira! Se você não me ajudar, eu mesma irei, sozinha!
Com um passo firme à frente, Anna lançou um olhar gélido que parecia atravessar a alma da irmã.
— Você acha que pode simplesmente sair daqui? Depois de tudo o que fiz por você? Sem mim, você estaria completamente sozinha.
— Nossos pais estão no exterior sem previsão de retorno, você só tem a mim agora.
Quando Sarah tentou passar por ela, Anna perdeu o controle. Com um empurrão brutal, derrubou Sarah no chão, sua cabeça batendo contra o chão de madeira. O som surdo do impacto ecoou pelo quarto, seguido por um gemido fraco que rapidamente se dissipou no silêncio opressivo.
— Você está louca...— murmurou Sarah antes de desmaiar.
Anna ficou paralisada por um instante, encarando o corpo desacordado da irmã no chãoe, por um breve momento, pareceu considerar o que havia feito. Mas logo seu olhar foi atraído pelo líquido amniótico que escorria lentamente pelo chão. Sarah estava entrando em trabalho de parto.
— Isso não estava nos meus planos, — murmurou para si mesma, enquanto retomava o controle da situação.
Com uma eficiência fria e meticulosa, começou a improvisar um espaço para o parto. Rasgou lençóis com precisão cirúrgica, preparou cobertores e organizou utensílios como se estivesse em uma sala de cirurgia improvisada. Cada movimento era calculado e desprovido de qualquer empatia ou compaixão.
O silêncio foi finalmente rompido pelo som agudo de um choro. O primeiro grito do bebê encheu o quarto como um grito de vida em meio ao caos que Anna havia criado. Era um menino.
Nos olhos de Anna havia algo mais profundo que alívio: um brilho intenso de ambição e triunfo.
— Você será meu passaporte para o poder e a riqueza, — sussurrou enquanto envolvia o bebê em um cobertor macio.
Enquanto se preparava para sair com o recém-nascido nos braços, o silêncio opressivo foi quebrado por uma voz quase inaudível.
— Anna...?
Sarah conseguiu murmurar, os olhos semicerrados pela exaustão e pela dor.
Anna virou-se lentamente, segurando o bebê com firmeza. Seus olhos eram frios como gelo.
— Você não deveria ter me desafiado. Agora... é tarde demais.
Sarah abriu os olhos apenas o suficiente para vislumbrar o pequeno corpo nos braços da irmã.
— Não... é o meu bebê... — murmurou antes de perder os sentidos novamente.
Anna não hesitou. Com passos rápidos e determinados, desceu as escadas e colocou o bebê no carro. Olhou para trás apenas uma vez antes de sussurrar:
— Nada pode me impedir agora.
O eco das palavras pairou no ar como uma maldição proferida em meio à escuridão que cercava suas intenções.