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Chapter 21 - Capítulo 21 – Thomas e o Encontro Inesperado

Thomas entrou no hospital com passos rápidos e decididos, ainda processando os eventos recentes. Tudo o que ele queria era esclarecer suas dúvidas sobre o bebê entregue por Anna e realizar os exames de DNA o mais rápido possível. O peso das revelações pressionava seus ombros como uma carga quase insuportável.

Ele seguiu direto para a sala de Arthur, esperando encurtar o processo com a ajuda do amigo. Ao abrir a porta, um som suave de choro preencheu a sala, o que o fez parar no mesmo instante.

No centro da mesa, cuidadosamente envolta em trapos simples e gastos, estava um bebê recém-nascido. O coração de Thomas acelerou. Ele franziu o cenho e aproximou-se com passos cautelosos.

— O que...? — murmurou, confuso.

Sem saber o que esperar, Thomas pegou a criança nos braços com delicadeza. O choro cessou quase imediatamente, substituído por um pequeno suspiro, como se o bebê reconhecesse o conforto daquele toque.

Ele a segurou mais tempo do que pretendia, sentindo algo diferente — uma mistura de responsabilidade e uma conexão inexplicável. Os pequenos dedos da bebê se fecharam em torno de seu dedo com surpreendente força, como se ela temesse ser solta.

— Arthur não mencionou nada sobre uma criança... De onde você veio, pequenina? — murmurou.

A recém-nascida estava vestida com trapos que mal a cobriam, e Thomas viu que era uma menina. Sua fragilidade era evidente: as pálpebras finas como seda, os fios ruivos e ralos de cabelo, e a pele pálida quase translúcida.

Ele estava tão absorto que não percebeu a chegada de Eric Rocha, seu secretário, que carregava o bebê entregue por Anna. A visão dos dois bebês na sala fez sua mente girar.

Por um momento, Thomas ficou parado entre as duas crianças, como se sua realidade se dividisse em dois caminhos diferentes — dois destinos, duas histórias entrelaçadas de maneira inexplicável.

Arthur entrou na sala com o kit de coleta de DNA e parou ao ver a cena diante dele: Thomas segurando um bebê nos braços e outro bebê em um berço portátil ao lado.

— Thomas... o que está acontecendo? — perguntou Arthur, com expressão atônita.

Thomas levantou os olhos, confuso e emocionado.

— Ela estava aqui, na sua mesa... — respondeu, sem desviar o olhar da menina. — É uma menina.

Arthur aproximou-se com um misto de preocupação e curiosidade, e logo avistou um pedaço de papel preso à roupinha da bebê. Com cuidado, desdobrou o bilhete e começou a ler.

Os olhos de Arthur se estreitaram conforme lia as palavras escritas às pressas, carregadas de desespero. Ao ver a assinatura de NoName, seu coração apertou.

— É uma bebê abandonada? — Thomas perguntou, incrédulo.

Arthur hesitou antes de responder, lutando para processar as informações.

— Não é tão simples assim... — respondeu. — Precisamos consultar os registros e levá-la imediatamente para a UTI neonatal. Ela é muito pequena e precisa de cuidados urgentes.

Thomas assentiu lentamente, segurando a bebê como se ela fosse a coisa mais frágil e preciosa do mundo. Enquanto isso, Eric se preparava para coletar o material genético da criança e juntá-lo ao de Thomas para realizar o teste de paternidade.

Pouco depois, eles chegaram à UTI neonatal. A equipe médica se mobilizou para examinar a bebê e prepará-la para a incubadora. Thomas permaneceu do lado de fora, observando com atenção através do vidro enquanto os médicos cuidavam dela.

As luzes brancas iluminavam o rosto pálido e os pequenos braços da menina. Ela parecia tão frágil que Thomas sentiu um aperto no peito.

Arthur aproximou-se, colocando uma mão no ombro do amigo.

— Thomas, o que você está pensando?

Thomas inspirou fundo, sem desviar o olhar da incubadora.

— Eu quero cuidar dela, Arthur.

Arthur arregalou os olhos, surpreso.

— Você tem certeza? Não sabemos nada sobre ela... nem de onde veio. Além do mais, talvez o filho de Anna também seja seu filho. Já pensou nisso?

Thomas virou-se devagar e encarou o amigo com uma expressão firme e determinada.

— Isso não importa. Não vou deixá-la sozinha. Eu posso cuidar dos dois.

O silêncio pairou entre eles por alguns instantes. Arthur sabia que, quando Thomas tomava uma decisão, era quase impossível fazê-lo voltar atrás.

— Muito bem... — suspirou Arthur. — Vou ajudá-lo com os papéis para a adoção temporária. Mas saiba que essa escolha muda tudo.

Thomas assentiu com convicção.

— Eu sei. E é por isso que vou até o fim.

Enquanto os médicos continuavam os procedimentos, Thomas permaneceu diante do vidro. Sua mente era um turbilhão de pensamentos, mas uma certeza ecoava acima de tudo: ele não deixaria a menina sozinha, independentemente do resultado dos exames.

Ele sabia que seu caminho a partir dali seria complicado e cheio de obstáculos, mas sentiu que, pela primeira vez, havia encontrado algo que valia a pena proteger a qualquer custo.

Arthur, ao seu lado, observava o amigo com uma mistura de admiração e preocupação. Ele sabia que Thomas era um homem justo, mas também teimoso. Aquilo não era apenas uma decisão impulsiva; era o início de algo maior.

— Você é realmente impossível, Thomas... — murmurou Arthur com um sorriso cansado, mas respeitoso.

Thomas manteve os olhos fixos na menina.

— Se ser impossível significa salvá-la, então prefiro ser assim