Anna segurava o bebê de Sarah em seus braços com um único objetivo: usá-lo como peça-chave em sua chantagem contra Thomas Lewantys e arrancar o máximo de dinheiro possível. O choro insistente da criança a irritava profundamente.
— Bastardinho chorão... — murmurou, embalando-o com impaciência. — Se não fosse tão útil, você teria o mesmo destino da sua mãe.
Embora já tivesse recebido uma compensação generosa no passado — fruto da confusão durante a cerimônia no cartório, onde Thomas acreditou estar se casando com Anna, mas, na verdade, era Sarah — Anna nunca se deu por satisfeita. Thomas foi claro naquela época: ele jamais queria vê-la novamente.
Porém, tudo mudou quando Sarah reapareceu grávida. Para Anna, aquilo foi como ganhar na loteria. A irmã não só tinha voltado, como trazia consigo a prova de que o bebê era de Thomas. Agora, com Sarah fora de cena, Anna tinha em mãos a chance perfeita para consolidar seu plano.
— Claro que vou "ajudar" minha irmãzinha... — sussurrou com sarcasmo.
Ela olhou para o bebê, franzindo o cenho ao som dos soluços frágeis.
— Silêncio, seu ingrato. Não me faça perder a paciência.
Anna dirigiu-se a uma clínica particular, onde já havia combinado todos os detalhes com seus contatos. A fachada discreta escondia uma recepção sofisticada e corredores impecáveis, projetados para manter a privacidade dos pacientes mais abastados.
Antes de entrar, Anna telefonou para o secretário de Thomas, Eric Rocha, com uma voz que misturava emoção ensaiada e falsa vulnerabilidade.
— Eric, avise ao Dr. Lewantys que seu filho nasceu. Ele precisa vir.
Ela se preparou meticulosamente: maquiagem impecável, cabelos soltos com ondas suaves e uma camisola de renda vermelha com abertura estratégica para amamentação.
O plano era simples: quando Thomas chegasse, a cena da "mãe dedicada" amamentando seu "filho" deveria comovê-lo o suficiente para que ele repensasse tudo. Talvez ele hesitasse, talvez a imagem o desarmasse e o fizesse acreditar na versão de Anna... Mas a realidade reservava uma surpresa.
Em vez de Thomas, foi Eric quem apareceu, com seu semblante sempre sério e impassível. Ele carregava uma pasta preta nas mãos.
— Boa tarde, Anna, — cumprimentou com polidez, sem qualquer calor.
Anna teve que conter sua decepção. Seu sorriso desapareceu por um instante, mas ela logo se recompôs.
— Onde está Thomas?
Eric se aproximou, colocando a pasta sobre a mesa com precisão meticulosa.
— O Dr. Lewantys enviou os termos para formalizar o acordo. Aqui estão os documentos.
Anna estreitou os olhos, tentando parecer calma.
— Termos? Que tipo de termos?
Eric ajustou os óculos e abriu a pasta.
— O Dr. Lewantys estabeleceu uma pensão generosa, mas com uma condição clara: a guarda da criança ficará sob sua responsabilidade até a conclusão do exame de DNA. O processo terá início imediatamente após a coleta das amostras.
As palavras de Eric ecoaram na mente de Anna como um golpe. Ela esperava estar ao lado de Thomas, ser vista como sua esposa legítima, mas ele não parecia disposto a dar sequer um passo em direção a ela.
Por um instante, Anna considerou recusar. O orgulho queimava dentro dela como um vulcão prestes a explodir. Mas insistir naquele momento seria um erro. Thomas estava mais frio e distante do que nunca.
Anna respirou fundo, controlando a raiva que borbulhava em suas veias.
— Muito bem, Eric. Eu aceito.
O secretário assentiu, sem alterar a expressão.
— Ótimo. Precisamos da sua assinatura.
Anna assinou o contrato com um sorriso forçado. A caneta parecia pesar toneladas em sua mão.
Após colher as assinaturas, Eric guardou os papéis com cuidado e avisou que a transferência do bebê seria feita para a maternidade do Hospital Lewantys, onde seriam coletadas as amostras para o exame de DNA.
— O Dr. Lewantys estará esperando lá para supervisionar o procedimento, — informou Eric.
Anna tentou esconder o nervosismo.
— Ele... vai estar lá pessoalmente?
Eric manteve-se inexpressivo.
— Sim. Ele não pretende deixar nada ao acaso.
Quando o secretário saiu, Anna ficou parada ao lado do berço, o olhar frio e calculista fixo no bebê que choramingava baixinho.
— Ainda não acabou, Thomas... — murmurou, com um sorriso amargo.
Ela se virou para o espelho e observou seu próprio reflexo. Seus olhos brilhavam com a intensidade de quem já havia perdido tanto que não sabia como desistir.
— Você vai entender... — sussurrou, ajeitando os cabelos com delicadeza. — Que afastar-me foi o pior erro que cometeu.
Anna sabia que, para vencer, teria que ser paciente, mas essa não era sua virtude. O plano precisava ser ajustado. Com Thomas em guarda, não bastava apenas encenar a mãe perfeita; ela precisava ir além.
Enquanto se olhava no espelho, uma nova ideia começou a tomar forma em sua mente. Se o exame de DNA não fosse suficiente para derrubar as barreiras de Thomas, talvez pudesse manipular as circunstâncias de forma mais sutil.
Pegou o celular e digitou uma mensagem para uma de suas aliadas:
— "Preciso de uma reunião com o pediatra responsável pela coleta. Urgente".
Enviou a mensagem e olhou novamente para o bebê adormecido.
— Você é mais valioso do que pensa... e vai abrir as portas que eu preciso.
Ela sabia que não poderia cometer erros, mas também tinha certeza de que, com um pouco de sorte e os contatos certos, ainda poderia virar o jogo. Por fim, pegou seu casaco e saiu com passos calculados.
— Perder não é uma opção.
O vento frio da noite cortou seu rosto, mas ela manteve o queixo erguido. O jogo estava longe de acabar.
Anna chegou ao consultório do pediatra responsável pela coleta de DNA, seu coração acelerado com a possibilidade de alterar os resultados a seu favor. Após algumas trocas de palavras cordiais, ela fez sua pergunta diretamente:
— É possível alterar os resultados do exame de DNA para que conste que Thomas e eu somos os pais do bebê?
O responsável a olhou com seriedade e respondeu:
— Não realizamos esse tipo de serviço. Porém, você pode entregar o bebê ao pai, e a paternidade pode ser comprovada mesmo sem a presença da mãe.
Anna sentiu um alívio momentâneo; isso poderia resolver seu problema. Thomas nunca duvidaria que era ela a mãe. A ideia começou a se formar em sua mente como uma solução viável.
— Então, tudo o que preciso fazer é garantir que ele assuma a paternidade — pensou Anna, um sorriso sutil se formando em seus lábios enquanto visualizava seu plano tomando forma.
Com essa nova informação em mãos, Anna saiu do consultório determinada a seguir em frente. A oportunidade estava ao seu alcance, e ela não iria deixar escapar.