Embora se sentisse invencível, Anna sabia que Sarah representava uma ameaça silenciosa. Não tinha certeza se a irmã sabia de seus planos, mas sua simples existência era um risco.
— Eu a deixei isolada naquela casa de campo por uma razão, — refletiu. — Ela está frágil e sem forças. Não vai escapar até que eu decida o que fazer.
Porém, algo a incomodava. Durante sua última visita, notou algo diferente em Sarah. Apesar da aparência debilitada, havia um brilho nos olhos dela, uma determinação inquietante.
— Ela não pode estar planejando algo... pode?
Para garantir que seus planos continuassem intactos, Anna decidiu intensificar o isolamento da irmã. Na próxima visita, encontrou Sarah sentada na janela contemplando o jardim com os olhos fixos no horizonte.
— Você deveria descansar mais, Sarah, — disse Anna, em um tom casual, mas cheio de subtexto. — O bebê precisa de você saudável.
Sarah ergueu o olhar lentamente, um sorriso leve, mas desafiador, brincando em seus lábios.
— Não se preocupe, Anna. Estou mais forte do que você imagina.
Por um breve instante, Anna sentiu o controle escorregar de suas mãos. Mas logo recuperou a compostura, oferecendo seu sorriso habitual, agora mais rígido do que nunca.
— Ótimo. Porque quando ele nascer, tudo estará no lugar.
Depois de sair da casa de campo, Anna dirigiu-se diretamente ao apartamento de Olívia. A jovem, hesitante, mas dependente de Anna, era a peça perfeita para reforçar a vigilância sobre Sarah.
— Quero que você vigie Sarah mais de perto, — ordenou Anna, os olhos fixos em Olívia como lâminas afiadas. — Ela está quieta demais, e isso me incomoda. Quero saber tudo que ela faz.
Olívia tentou esconder o desconforto, mas assentiu.
— Certo... mas o que exatamente você espera encontrar? Ela está sozinha naquela casa. O que poderia fazer?
Anna cruzou os braços, um sorriso gelado nos lábios.
— É isso que me preocupa. Sarah sempre foi boa em esconder as coisas... mas eu sempre fui melhor em descobrir.
De volta ao apartamento, Anna revisou mentalmente os próximos passos. O nascimento do bebê seria o ponto de virada, mas cada movimento de Sarah parecia uma ameaça em potencial.
...
Na casa de campo, Sarah começou a perceber que as visitas de Anna estavam ficando mais tensas, mais controladoras. Cada palavra trocada entre as duas era carregada de significado oculto. Sarah sabia que precisava agir com cuidado.
— Ela está desconfiada, — pensou Sarah, enquanto observava Anna ir embora pela janela.
Decidida a proteger seu filho, Sarah começou a vasculhar a casa em busca de maneiras de escapar. Explorou cada cômodo, cada gaveta, e começou a criar pequenas reservas de mantimentos escondidos, caso precisasse fugir de repente.
Enquanto isso, ela usava sua rotina aparentemente pacífica para mascarar suas intenções. Andava pela casa com frequência, fingindo estar resignada, enquanto seus pensamentos fervilhavam com estratégias.
Naquela noite, Anna ligou para Thomas. Sua voz era doce, mas havia um tom calculado por trás de cada palavra.
— Thomas, — começou ela, — estive pensando... com o bebê chegando, talvez devêssemos fazer alguns ajustes no hospital.
Do outro lado da linha, Thomas franziu a testa.
— Ajustes? Que tipo de ajustes?
Anna respirou fundo, como se estivesse ensaiando cada palavra.
— Bem, acho que podemos nos preparar para algumas mudanças estratégicas. Você sabe, garantir que o futuro da família esteja bem protegido.
Thomas, sempre cético com relação a Anna, ouviu em silêncio. Ele sabia que cada movimento dela era planejado, mas, por ora, decidiu não confrontá-la.
— Podemos conversar sobre isso mais tarde, — respondeu com frieza.
Anna desligou o telefone com um sorriso no rosto. Para ela, tudo estava indo conforme o planejado.
Na casa de campo, enquanto escrevia no diário que mantinha escondido, Sarah refletiu:
— Anna pensa que me venceu. Mas ela está subestimando até onde eu vou para proteger meu filho.
Naquela noite, enquanto o vento soprava forte do lado de fora, Sarah sentiu que o momento estava se aproximando. Algo dentro dela dizia que não poderia esperar muito mais.
— Não importa o que aconteça, vou encontrar uma maneira de sair daqui, ir embora com meu bebê, — sussurrou para si mesma, antes de fechar os olhos.
Nos dias seguintes, Anna intensificou suas visitas, certificando-se de que Sarah estava cada vez mais monitorada. Para Anna, cada ação era um jogo de poder, e cada dia passado a fazia acreditar que estava mais perto de alcançar seus objetivos.
Porém, as ações discretas de Sarah começaram a chamar atenção. Uma porta entreaberta, um olhar que permanecia mais firme do que deveria. Anna começou a perceber pequenas rachaduras no controle que achava ter.
— Se Sarah acha que pode me enganar, está brincando com fogo, — murmurou para si mesma.
Mas Anna não sabia que Sarah, movida pelo instinto maternal, estava disposta a arriscar tudo para mudar o curso da história. Enquanto lutava para recuperar a força, memórias de sua infância e juventude começaram a emergir, trazendo à tona segredos e traumas que moldaram quem ela era — e que agora poderiam ser a chave para sua determinação em proteger o futuro.