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Além do Véu: As Sombras do Passado

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Chapter 1 - O Início de Tudo

Sarah entrou correndo na sala, atraída pelo tom intenso das vozes de seus pais. Ambos estavam sentados, profundamente imersos em uma discussão. Havia algo de estranho nas expressões frias e calculadas de seus rostos – algo que a fez parar no meio do caminho.

— Filha, venha aqui, disse seu pai, a voz fria como sempre, mas com uma gravidade incomum.Sarah se aproximou hesitante, e antes que pudesse perguntar, ele disparou — Hoje é um dia decisivo para nossa família. Você vai comparecer no lugar de sua irmã na cerimônia de casamento dela.

Os olhos de Sarah se arregalaram incrédulos. — O quê? Ela exclamou. — Isso não é possível! É o casamento da Anna! Ela precisa estar lá, não eu.

Seu pai cruzou os braços e franziu o cenho. — Anna desapareceu. Resolveu nos abandonar no pior momento. Esse casamento é um acordo comercial ajustado há anos, e não podemos arcar com os custos da quebra do contrato.

Sarah balançou a cabeça, tentando entender o que estava acontecendo. — Papai, isso não faz sentido. Vocês podem conversar com o noivo, pedir para remarcar...

 Não há tempo! Ele interrompeu, cortando qualquer tentativa de argumentação. 

 Você só precisa fazer isso, Sarah. Será uma cerimônia rápida no cartório. O noivo nunca viu Anna, e você estará usando um véu grosso. Ele não desconfiará de nada.

A Preparação: Sem outra palavra, seu pai se levantou e pediu que a mãe a preparasse. Sarah, atônita, foi levada para o quarto. Sobre a cama, um vestido branco, simples e elegante, esperava por ela.

Enquanto vestia o traje, Sarah se olhou no espelho, tentando não chorar. — Nem é meu casamento, nem meu futuro, nem meu príncipe encantado, pensou. Apesar de tudo, o vestido parecia feito para ela – delicado e fluido, com um decote em V que realçava sua beleza de boneca de porcelana.

Sua mãe prendeu seus cabelos ruivos em um coque apertado e colocou um véu espesso, cobrindo completamente seu rosto. Nenhuma maquiagem foi feita, mas nem era necessário. Sarah tinha uma beleza natural que irradiava pureza.

 Mãe, isso está errado, ela sussurrou. — Eu não quero fazer isso.

A mãe hesitou por um momento, mas respondeu friamente. 

 Lembre-se de que não é o SEU casamento. O noivo não pode perceber nada. A sobrevivência da nossa família depende disso.

 

A Pressão: Sarah desceu as escadas e tentou mais uma vez argumentar com o pai. 

 Por que vocês estão me obrigando a isso? Por que não explicam ao noivo e esperam pela volta de Anna?

 Você acha que já não pensamos nisso? Ele retrucou impaciente. Eles querem cancelar o acordo. E, se isso acontecer, nossa família será arruinada.

Sarah tentou insistir, mas ele a interrompeu. 

 Você quer estudar no exterior, não é? Faça isso pela família, e eu prometo que você poderá seguir sua vida como quiser.

Quando Sarah começou a chorar, implorando por outra solução, o pai perdeu a paciência.

 Chega! Isto não é uma discussão. É uma ordem!

Sarah sentiu a resistência esvair-se. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto. 

 Entendido, pai, ela murmurou, resignada.

A Cerimônia: A viagem ao cartório foi silenciosa. Sarah olhava para fora da janela, desejando estar em qualquer outro lugar. Quando chegaram, seu pai a conduziu até o oficial de registro.

Seus pés vacilaram enquanto dava um passo à frente. O véu grosso a fazia se sentir presa, mas o que mais a assustava era a figura imponente que a aguardava – o homem que seria seu 'marido'.

Thomas Lewantys segurou sua mão. O toque era quente, mas o aperto era firme demais, quase doloroso. Ela tentou recuar, mas ele segurou sua cintura, seus dedos cravando em sua pele. Um cheiro forte de álcool a fez estremecer. — Algo está muito errado pensou.

O oficial começou a ler os termos do contrato de casamento. Sarah tentou respirar fundo, mas o nervosismo a dominava.

— Thomas Lewantys e Anna Spinosa Campbell, vocês concordam com os termos deste contrato de união? Perguntou o oficial.

Sarah abriu a boca para protestar, mas sentiu uma mão forte em seu braço. Thomas inclinou-se para sussurrar em seu ouvido: — Garanto que você não vai gostar do que vai acontecer.

Ela olhou desesperada para o pai, que se aproximou e murmurou: — Diga apenas que concorda. Lembre-se de que está fazendo isso pela nossa família.

Engolindo em seco, Sarah finalmente sussurrou: — Sim, eu concordo.

 Sim, concordo. Thomas repetiu, com um tom sombrio.

 Eu os declaro marido e mulher, anunciou o oficial. 

 Pode beijar a noiva.

Antes que Sarah pudesse reagir, Thomas se inclinou por baixo do véu e a beijou com fúria. Os lábios dele eram ásperos e agressivos, deixando um gosto metálico de sangue em sua boca. Sarah tentou se afastar, mas ele a segurou com força, quase deslocando seu pulso.

O Caminho da Incerteza: Sem dizer uma palavra, Thomas a arrastou pelo corredor, ignorando os protestos abafados dela. Sarah tropeçou, mas ele não diminuiu o ritmo. Seu pai observava à distância, inexpressivo.

— Pai! — ela gritou. A voz transbordando de pânico. Mas ele permaneceu em silêncio, sem responder.

Sarah foi empurrada para dentro do carro, e, ao sentir o metal frio ao seu redor, uma onda de incerteza e medo a envolveu. Sua vida, antes repleta de sonhos vibrantes, agora parecia uma sombra do que poderia ter sido. Tudo o que lhe restava era esperar – e rezar – pela chance de escapar dessa realidade sufocante.