Ponto de Vista de Sarah:
Acordei com o coração disparado, o corpo latejando em cada centímetro. Tudo em mim doía, mas eu não sabia se a dor física superava o peso esmagador no peito.
Quando abri os olhos, vi rastros de sangue pelo chão. Eles começavam na cama e terminavam onde eu estava caída. O sangue — seco e fresco — era um lembrete cruel do que eu havia suportado.
Tentei respirar fundo, mas o ar parecia denso, carregado de desespero.
—"O que restou de mim depois disso?" — perguntei a mim mesma.
O menor movimento fazia a dor aumentar. Minha mente estava um caos.
Suspirei, sentindo uma derrota sufocante.
— "Se nem mesmo minha família é capaz de me amar, quem mais poderia fazê-lo? Talvez essa dor, essa solidão, seja tudo o que me resta agora".
Reagindo à Realidade:
Fiz um esforço para me apoiar nos braços e tentar me levantar. Minhas pernas tremiam, ameaçando ceder a qualquer momento. Ao meu redor, o quarto parecia um cenário de guerra: meu vestido estava rasgado, com respingos de sangue, jogado no chão junto com pedaços das minhas roupas íntimas. A visão me fez estremecer.
— Eu preciso sair daqui... Agora.
Com dificuldade, alcancei o banheiro e peguei uma toalha pequena, improvisando um curativo para conter o sangramento, eu estava com hemorragia. Cada passo era uma batalha contra a exaustão. Minha mente oscilava entre a luta pela sobrevivência e a tentação de desistir.
— "Eu nem sei se ainda quero viver" — pensei.
— "Mas não vou decidir isso agora. Preciso sair desta casa primeiro..."
Preparando a Fuga:
Revirando o armário do quarto, procurei algo para vestir. Havia apenas roupas masculinas. Joguei várias peças no chão até encontrar uma camisa jeans grande o suficiente para servir como um vestido improvisado. Também peguei um agasalho.
Com pedaços do vestido rasgado, improvisei um curativo para o meu corpo, ignorando as memórias aterradoras da noite anterior. Rasguei o tecido ainda mais, amarrando-o firmemente para segurar a toalha que estancava a hemorragia, já que minhas roupas íntimas estavam completamente destruídas.
— "Ele me trouxe para o quarto dele? Será que essa brutalidade é algo normal para ele?" — A ideia me enchia de horror.
Desci as escadas segurando o corrimão com força, minhas pernas mal sustentando meu peso. O desespero me consumia, como se eu estivesse afundando em um mar de incertezas.
— "Eu não posso parar. Não tenho documentos, nem celular. Preciso encontrar uma saída" — pensei, sentindo a solidão me envolver como um manto pesado.
A Sombra da Solidão:
A sensação de estar abandonada era esmagadora. Eu me sentia como uma sombra perdida, sem apoio da família e sem saber como prosseguir.
A violência que havia sofrido ecoava em minha mente; cada lembrança era uma facada que me lembrava da fragilidade da minha situação. O medo me paralisava, e a ideia de não ter ninguém em quem confiar tornava tudo ainda mais insuportável.
Cada passo que eu dava parecia um esforço sobre-humano. Eu precisava encontrar uma saída antes que a escuridão me engolisse completamente.
A angústia de não entender por que tudo isso havia acontecido com minha vida me consumia.
A única certeza que eu tinha era a necessidade urgente de escapar daquele lugar e encontrar um caminho de volta para mim mesma.
O Alívio Temporário:
A casa era grandiosa, mas cada detalhe exalava uma frieza impessoal. Ao chegar à cozinha, abri a geladeira e peguei uma garrafa de água, bebendo com avidez.
No entanto, ao deixar o copo escorregar das mãos, o som dos cacos se espalhando pelo chão foi estranhamente libertador.
Com um ímpeto de desespero, comecei a vasculhar os armários, quebrando objetos sem pensar enquanto buscava algo útil. Pisei em alguns cacos, sentindo a dor aguda me ferir ainda mais, mas isso parecia insignificante diante da necessidade de escapar daquela prisão.
Foi então que encontrei uma maleta médica, e meu coração disparou.
A revelação me atingiu como um soco no estômago.
— Ele é médico — pensei, enquanto a ironia da situação se instalava em minha mente como um veneno.
Como alguém com tal conhecimento poderia ser capaz de infligir tanta dor?
Ao abrir, deparei-me com uma ampola de ácido aminocapróico, um remédio destinado a conter hemorragias. — Vou usar — pensei.
Com mãos trêmulas, apliquei o medicamento com a precisão que me lembrava dos estudos básicos de medicina. O alívio foi imediato, mas eu sabia que era apenas temporário.
— O suficiente para sair daqui — murmurei para mim mesma.
A Busca por Liberdade:
Tentei a porta da frente, mas estava trancada. As janelas tinham grades, e a frustração aumentava.
— "Claro que ele me prendeu aqui. Covarde"!
Peguei lençóis do armário e improvisei uma corda. Apesar da dor e da exaustão, amarrei tudo com firmeza e desci pela lateral da casa.
O Jardim e a Garagem:
Quando meus pés tocaram o chão, olhei ao redor e vi um jardim deslumbrante. As flores vibrantes contrastavam com a escuridão que eu carregava.
— Não posso me distrair — lembrei a mim mesma.
— Preciso sair antes que ele volte.
Caminhei até a garagem e encontrei vários carros e uma moto. Escolhi a moto, lembrando-me de quando aprendi mecânica com um professor generoso que me ajudara em tempos difíceis. Liguei o motor com habilidade — o som me trouxe um vislumbre de esperança.
Fui até o painel de controle do portão e, para minha surpresa, ele abriu na primeira tentativa, estava destravado.
— "Você realmente não é tão esperto assim, hein"?
A Fuga:
Acelerei pela estrada, sentindo o vento frio no rosto. A dor de cada ferida parecia arder mais intensamente, mas cada quilômetro que eu percorria era um pedaço de liberdade conquistado.
De repente, um carro em alta velocidade quase me atingiu. Fui forçada a parar, meu corpo tremendo, e senti a exaustão ameaçando me dominar. Mas olhei para o horizonte à minha frente.
— "Seguir em frente. Sobreviver. É tudo o que importa agora".
Acelerei novamente, determinada a não olhar para trás. A única coisa que restava era a estrada, e a promessa de algo — qualquer coisa — além daquele pesadelo
No próximo capítulo: Thomas Lewantys, após uma noite de excessos e agressão, retorna para casa atormentado pelo arrependimento e pela culpa, apenas para descobrir o caos e o sangue deixados por sua brutalidade contra Sarah, levando-o a confrontar as consequências de suas ações.