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Chapter 5 - Ebaldando no pecado

O aroma quente e acolhedor do café fresco preenchia o ar enquanto Ganth e Jhenny se sentavam em silêncio na cafeteria, cada um segurando sua xícara, mas seus olhares se cruzando de vez em quando, trocando um entendimento que ambos sabiam não precisar de palavras. O calor das últimas horas ainda pairava no ar, como se aquele momento fosse uma pausa antes do caos, uma pausa carregada de algo mais, algo que ambos tentavam processar, mas que parecia não ser fácil de encaixar.

O silêncio se arrastava, confortável, mas inquietante. Ganth observava os movimentos dela enquanto ela mexia na xícara, os olhos dela desviando rapidamente dos dele sempre que ele olhava, mas ele não podia evitar. Ela o fascinava de um jeito que ele não sabia como explicar. Mas, de repente, ele quebrou o silêncio, com a voz baixa, quase como se estivesse se convencendo a si mesmo.

"Infelizmente, vamos ter que fazer horas extras novamente", disse ele, com um tom que já indicava a frustração de ter deixado os relatórios para trás, mas um sorriso travesso com pensamentos de perversão tomou conta. "Não conseguimos terminar tudo ontem à noite." terminou ele sorrindo.

Jhenny sorriu gentilmente, como quem sabia exatamente o que ele estava sentindo, mas sem dizer nada em voz alta. Ela apenas assentiu, sua expressão suave, mas seus olhos brilhando com uma leve malícia por trás da calma aparente.

A cena na cafeteria, ainda imersa em seu silêncio, então se desfez, e o ambiente pareceu se transformar. Um balanço sutil, mas inegável, começou a ocorrer, como se o mundo ao redor deles se movesse por conta de uma força invisível. O escritório, que estava imerso na penumbra da noite anterior, agora se tornava o palco de algo mais visceral, mais imenso. As roupas jogadas no chão, as canetas caindo com um estrondo baixo, o som das coisas tremendo e saindo do lugar, tudo parecia indicar que o ambiente estava sendo sacudido por algo muito maior do que apenas a tensão do trabalho.

Era quase como se a sensação de um terremoto de baixa escala estivesse tomando conta do lugar, mas, na verdade, o abalo vinha de algo muito mais íntimo. Era o impacto do que tinha acontecido entre eles, ainda reverberando no ar, na mesa, nas paredes. O silêncio de um momento de ação proibida, agora dissolvido por uma tensão palpável que os dois sentiam, mas não queriam admitir.

De volta ao presente, Ganth estava sentado na sua cadeira, um cigarro queimando lentamente entre seus dedos. Ele observava a sala vazia, seus olhos focados, mas perdidos ao mesmo tempo. Quando olhou para Jhenny, viu-a ajeitando sua saia e passando os dedos pelos cabelos, tentando restaurar a ordem de algo que parecia ter sido completamente bagunçado.

"Talvez a gente precise procurar uma outra forma de fazer as coisas", disse ele, exalando a fumaça do cigarro. "Aqui não é o lugar mais adequado, né? Vamos acabar parecendo que não estamos sendo profissionais."

Jhenny o encarou por um momento, o canto de sua boca subindo em um sorriso malicioso. "Você está me convidando para o motel, Ganth?"

Ele riu suavemente, soltando uma risada baixa. "Seria uma opção, mas acho que é muito cedo para te levar para minha casa."

Ela o olhou com um brilho nos olhos, mais desafiadora agora. "Eu não me importo. Na verdade, eu gosto dessa ideia de fazer as coisas no escritório... tem algo de... proibido nisso. E você sabe que isso faz a adrenalina subir."

Ele deu de ombros, com um sorriso torto. "O gosto do proibido é bom, mas... esse tipo de coisa pode me deixar sem trabalho. E eu não posso me dar ao luxo de perder o emprego por uma diversão."

Jhenny então retirou algo do bolso. Um saquinho branco, contendo uma erva verde, e balançou-o diante dele, seus olhos fixos nos dele, sem perder a provocação. "E você, Ganth? Curte esse tipo de proibido?"

Ele arregalou os olhos por um segundo, surpreendido com a ousadia dela, mas, com um sorriso divertido, ele pegou de sua gaveta um pequeno saquinho transparente, tirando dele um pó branco que ele também balançou na frente dela.

"Eu não sou estranho a isso", disse ele, agora com um tom mais baixo, cheio de cumplicidade.

Os olhos de Jhenny brilharam, e, por um instante, o clima entre os dois ficou mais denso. O que antes parecia uma brincadeira, agora estava tomando proporções maiores. O jogo de olhares se intensificou, e ela sorriu com um semblante malicioso, aproximando-se dele. "Mas, por enquanto, vamos nos concentrar no trabalho. Não queremos fazer isso por aqui. Vamos terminar logo esses relatórios, para que possamos aproveitar a noite... em outro lugar."

Ele a observou, claramente impressionado com o controle dela sobre a situação. "Tudo bem para mim. Eu não tenho horas para voltar para casa mesmo."

Ela então se levantou, começando a arrumar as coisas enquanto ele dava uma última tragada no cigarro, pensativo. Eles estavam indo de volta ao ritmo que o trabalho exigia, com um toque de leveza na troca entre eles. As distrações haviam sido curtas, mas intensas o suficiente para deixá-los cientes de que, apesar de toda a profissionalidade que mantinham, havia algo mais acontecendo entre eles. Algo que não poderia ser ignorado por muito mais tempo.

E, enquanto voltavam à realidade dos relatórios e da produtividade, o escritório continuava a ser o palco silencioso de um jogo mais profundo entre Ganth e Jhenny. Algo que, até o momento, nenhum dos dois estava pronto para admitir completamente.