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Chapter 6 - Começando a viver

A balada estava fervendo naquela noite. O som da música eletrônica pulsava no ar, sentindo-se como uma vibração no peito de cada pessoa que dançava. Jhenny estava no meio da pista, com os cabelos soltos, um vestido apertado e os olhos brilhando com uma mistura de euforia e diversão. Ela se entregava ao momento, à liberdade, ao prazer de não se preocupar com nada além da batida da música. O copo de drink na mão parecia apenas mais um acessório, enquanto seu olhar procurava por ele – Ganth. Ele estava na barra da pista, com o sorriso de sempre, observando-a como se fosse o único ser no lugar.

Era um jogo agora, algo entre eles que estava se transformando. Eles sabiam que aquele não era apenas um momento de festa, mas uma consequência de algo maior. Entre as danças, as risadas, os copos cheios e a adrenalina, os cafés da manhã haviam dado lugar a encontros rápidos em motéis, onde as conversas se tornavam sussurros, e os corpos se tornavam a principal comunicação. Às vezes, era num banheiro público sujo e abafado, onde se esgueiravam entre risadas e olhares cúmplices. Outras vezes, a sala de impressão da empresa se tornava o local de uma diversão breve, mas intensa, onde o barulho da impressora não conseguia esconder os gemidos abafados.

A rotina de trabalho havia se tornado um disfarce perfeito para o que estava acontecendo entre eles. No escritório, os dois mantinham a fachada profissional. Ganth e Jhenny pareciam ser apenas colegas de trabalho, lidando com relatórios e reuniões como se não houvesse mais nada entre eles além de documentos e números. Mas, fora daquelas paredes, as coisas tomavam uma direção diferente. Os corpos que se cruzavam nos encontros escondidos estavam se tornando cada vez mais próximos, cada toque mais íntimo, mais exploratório. Era como uma dança em que os dois sabiam exatamente o que o outro queria, mas continuavam jogando o jogo, sem deixar escapar nenhum vestígio de sua relação secreta no trabalho.

Mas, apesar da fachada, as mudanças não passaram despercebidas. Nas reuniões executivas, o comportamento de Ganth estava começando a ser notado. Ele estava mais distraído, o foco em seus relatórios e tarefas não era mais o mesmo. Ele parecia chegar mais tarde, seu olhar perdido entre a rotina diária, e os resultados começaram a mostrar falhas que antes ele jamais cometeria. Sua energia estava desparelha, como se parte dele estivesse em outro lugar.

Foi durante uma dessas reuniões que o chefe executivo, um homem de olhar afiado e sério, fez uma pergunta que ninguém esperava.

"Estou percebendo que o trabalho de Jhenny não está tendo a mesma qualidade que costumava ter. Ganth, você está completamente fora do foco. Tem algo acontecendo? Parece que você está mais distante, e não sei se é a sua concentração ou o fato de chegar mais tarde no escritório, mas isso está afetando o desempenho da equipe."

O silêncio se estendeu pela sala enquanto todos os olhos se voltaram para Ganth, que ficou parado, pensando. Aquelas palavras o atingiram, mas ele não sabia o que dizer. O que estava acontecendo com ele? Ele tentava se manter concentrado no trabalho, mas sua mente não conseguia se livrar do que ele tinha com Jhenny, das noites que passavam juntos, dos momentos secretos, do prazer de estar perto dela de um jeito que nunca imaginou. Ele sabia que algo estava errado, mas não sabia como parar.

"Eu... vou reavaliar meu comportamento", disse ele, tentando manter a compostura. "Isso deve ser apenas uma fase. Vou me concentrar mais no trabalho. Pode ter sido o estresse. Eu me comprometo a melhorar."

O chefe, ainda com a expressão séria, apenas assentiu e fez uma sugestão.

"Talvez seja uma boa ideia tirar umas férias, Ganth. Isso pode te ajudar a descansar e voltar com mais foco, mais renovado. Você tem o desempenho que todos esperam de você, só precisa de um tempo. Eu recomendo que você aproveite essas férias para dar esse descanso e se recuperar."

Ganth hesitou por um momento, mas concordou. "Eu aceito as férias. Preciso de um tempo."

O chefe deu um sorriso pequeno, como se soubesse que aquela pausa seria exatamente o que ele precisava. "Espero que volte bem, então."

Mas, o que parecia ser uma oportunidade para Ganth se reerguer e recuperar seu foco, acabou se transformando em algo mais. As férias dele não foram uma pausa tranquila ou restauradora; ao contrário, se tornaram uma sequência de festas e encontros com Jhenny, que só intensificaram a dependência de ambos pela diversão, pelos entorpecentes, pela adrenalina. A cada noite, se perdiam mais nos motéis, nas baladas, nos momentos em que tudo parecia girar em torno da excitação do proibido.

A cada festa, a cada noite sem fim, eles estavam se afundando mais no torvelinho da relação secreta, afastando-se cada vez mais da linha tênue entre prazer e destruição. O que começou como uma forma de escapar, de viver algo mais intenso e excitante, estava se tornando um caminho sem volta, onde o trabalho e as responsabilidades pareciam se dissipar, enquanto eles buscavam um prazer momentâneo que os fazia esquecer dos compromissos e das expectativas.

E, enquanto Ganth estava imerso nesse turbilhão, sem perceber os sinais óbvios de que estava se afastando de seu caminho, Jhenny parecia cada vez mais envolvida nesse mundo com ele. Os dois estavam caindo em um ciclo de escapismo que só parecia crescer. E, à medida que a diversão aumentava, o retorno ao trabalho se tornava cada vez mais distante, como se já não houvesse espaço para o profissionalismo em suas vidas.