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Chapter 4 - A fuga

Os magos estão prontos agora. O mais próximo levanta a mão, e uma lâmina de energia cortante ganha forma no ar, zumbindo enquanto rasga o espaço entre nós. Minha mente grita que eu devia correr, mas meu corpo age sozinho. Agarro uma placa de metal no chão e a uso como escudo improvisado. O impacto da lâmina atravessa parte da placa e deixa minha mão dormente. Faíscas saltam para todos os lados, iluminando brevemente os rostos tensos dos magos.

— Você realmente acha que pode escapar de nós? — grita o mago, sua voz cheia de desdém, enquanto a lâmina se dissipa no ar.

Outro mago, mais atrás, começa a murmurar palavras em uma língua antiga, sua voz ganhando ritmo e peso. O ar ao meu redor parece denso, como se estivesse tentando me esmagar. Meus joelhos quase cedem, mas uma faísca de raiva me mantém de pé.

— Tentar não custa, né? — retruco, arremessando a placa contra ele.

A placa corta o ar e o atinge no ombro, desequilibrando-o por um momento. Ele tropeça, mas logo recupera o controle, os olhos agora fixos em mim com um brilho de raiva. A esfera no meu peito vibra, e sinto uma onda de energia percorrer meu corpo, como se ela estivesse me impulsionando a reagir.

Meus pensamentos vagam por um instante. Tento lembrar do rosto da minha mãe, das suas palavras que sempre me incentivaram a ser forte. "Nunca deixe que te quebrem," ela dizia. E agora, aqui estou, sendo testado de formas que ela nunca poderia ter previsto.

— Não vou cair tão fácil assim. — Murmuro para mim mesmo, apertando os punhos.

Desvio de um segundo ataque e corro em direção ao primeiro mago. Ele recua apressado, conjurando um escudo rápido. Mas antes que ele possa reforçá-lo, pego um destroço de uma máquina e lanço com toda a força. O impacto é brutal; o escudo se estilhaça e o mago é jogado para trás, batendo contra a parede com um gemido de dor.

— Vocês são patéticos! — grito, minha voz ecoando na sala destruída. Por um momento, sinto uma onda de adrenalina, mas ela logo é substituída por uma tensão crescente. Restam dois.

O mago mais experiente dá um passo à frente, o olhar frio e calculista. Ele ergue as mãos e conjura um campo de força ao redor de si mesmo, enquanto o outro, visivelmente menos confiante, se posiciona atrás dele, preparando algum feitiço.

— Agora vamos ver do que você é feito, cobaia. — diz o mago dentro da barreira. Sua voz tem um tom de sarcasmo que me irrita mais do que deveria.

— Finalmente. Achei que vocês iam desistir. —

Meus passos são firmes, mas cada movimento é pesado, como se a energia da esfera estivesse me puxando em direções contrárias. Agarro um painel de metal com bordas afiadas e o lanço contra o campo de força. Ele ricocheteia, mas a distração é suficiente para eu me aproximar mais. Pego destroços no chão e lanço um atrás do outro. A barreira treme a cada impacto, mas não cede.

— Você não vai quebrar isso. — 

— Não preciso quebrar. Só preciso de uma abertura. — 

Enquanto isso, o mago atrás dele lança uma rajada de energia na minha direção. Vejo a luz azulada cortando o ar e mergulho para o lado, rolando sobre o chão coberto de destroços. Quando me levanto, vejo o mago mais experiente cometendo um erro: ele baixa o campo de força por um segundo para lançar outro feitiço.

É o suficiente.

Corro em sua direção, desviando de outro ataque, e acerto sua lateral com o pedaço de um braço mecânico que encontrei no caminho. Ele grita e cai no chão, o som do impacto ecoando pela sala.

O último mago está em pânico agora. Ele concentra toda a sua energia em uma esfera luminosa, as mãos tremendo visivelmente. Tento imaginar o que ele pensa ao me ver; talvez para ele eu seja um monstro, mas, sinceramente, não me importo.

— Não se aproxime! — grita ele, mas sua voz é cheia de medo.

A esfera no meu peito vibra novamente, quase como se estivesse viva, me empurrando para frente. Meus movimentos são rápidos demais, precisos demais. O mago lança a esfera de energia, mas eu me abaixo e avanço como um predador. Seguro seu braço com força, interrompendo o feitiço.

— Isso é por tudo o que fizeram. — 

Levanto o pedaço de metal e o acerto na lateral do rosto dele. O impacto é brutal, e ele desaba no chão como uma marionete sem fios.

A sala está quieta agora, exceto pelo som das faíscas e do meu próprio coração batendo. Estou cercado pelos corpos caídos, com o ar ainda pesado de poeira e magia. Seguro o pedaço de metal, respirando fundo.

— Sobrevivi... — mas a sensação de vitória é amarga.

Olho para a porta. Preciso sair antes que Martin volte com reforços. A luta acabou, mas o verdadeiro desafio está apenas começando.