Estava prestes a continuar minha busca pela saída quando um arrepio percorreu minha espinha. Uma onda de energia pesada e cortante rasgou o ar, vindo em minha direção como uma lâmina invisível. Antes mesmo de entender o que estava acontecendo, meu corpo reagiu por instinto, mas não fui rápido o suficiente. A força me atingiu como um trem em alta velocidade, e tudo ao meu redor pareceu explodir em um turbilhão de dor e caos.
Meu corpo foi arremessado contra a parede, o impacto reverberando pelo concreto que rachou ao meu redor. Caí como uma marionete cujas cordas foram cortadas, ofegante enquanto a dor pulsava em cada fibra do meu ser. Minha perna ferida parecia estar em chamas, e meus pensamentos, antes focados na fuga, agora eram um emaranhado confuso de sobrevivência pura.
Com esforço, ergui minha cabeça. Meus olhos ardiam, e minha visão estava turva, mas consegui discernir dois vultos se aproximando. O primeiro era Martin, o cientista cujo rosto refletia uma mistura de tensão e arrogância mal contida. Ao lado dele, um cavaleiro imponente, sua armadura negra reluzindo de forma ameaçadora, como se absorvesse a pouca luz que restava na sala. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que parecia perfurar minha alma.
— Então, você ainda está vivo. — A voz de Martin soou fria, quase debochada, como se estivesse saboreando cada palavra. — Um pouco mais resistente do que o esperado, mas isso não vai durar muito.
Eu quis responder, mas tudo o que consegui foi um gemido abafado. Minhas costelas doíam, e cada tentativa de respirar era como inalar vidro. A esfera em meu peito pulsava irregularmente, como se reagisse à presença deles.
O cavaleiro, silencioso como a própria morte, deu um passo à frente. Sua presença era esmagadora, cada movimento dele parecia calculado, eficiente, como uma máquina de destruição. Ele não deu aviso; sua mão gigante disparou como um raio, acertando meu estômago com um soco devastador. O ar foi arrancado dos meus pulmões, e uma onda de náusea subiu enquanto eu caía de joelhos, cuspindo sangue.
"Estou acabado?", pensei, enquanto meus olhos procuravam desesperadamente algo, qualquer coisa que pudesse me ajudar. Mas não havia nada. Apenas a frieza daqueles dois homens.
— Agora você está no seu lugar. — Martin inclinou a cabeça, seu tom pingando desprezo. Ele parecia analisar meu estado como um médico examinando uma experiência fracassada. — Leve-o. Precisamos tirá-lo daqui antes que ele piore as coisas.
O cientista se virou, aparentemente satisfeito, e puxou uma alavanca escondida em uma das estantes da biblioteca. Com um rangido mecânico, uma passagem secreta se abriu. Ele desapareceu na escuridão sem olhar para trás, deixando o cavaleiro encarregado de mim.
O homem me pegou como se eu fosse um brinquedo quebrado, jogando-me sobre seus ombros. Minha mente gritava para reagir, para lutar, mas meu corpo estava mole, exausto demais para obedecer. Cada passo dele ecoava no corredor como batidas de tambor, e tudo o que eu podia fazer era observar enquanto a passagem secreta se fechava atrás de nós.
"Não pode acabar assim."
O cavaleiro desceu por um corredor estreito e mal iluminado, onde a umidade impregnava o ar. Ele parecia imune ao ambiente, enquanto eu lutava para manter os olhos abertos. Com cada passo, eu sentia a esfera negra pulsando mais forte, como se estivesse reagindo à proximidade de algo. Alguma coisa estava acontecendo, e isso podia ser minha única chance.