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Chapter 6 - A Caçada parte 2

Enquanto isso, eu vasculhava a biblioteca, parecia um mundo à parte. Enquanto dava voltas e mais voltas, senti como se fosse engolido por aquele espaço. As prateleiras, abarrotadas de livros antigos com capas de couro, se estendiam até o teto. Algumas estavam tortas, e pilhas de livros caídos formavam pequenos montes no chão. Havia um cheiro forte de papel envelhecido misturado com algo metálico, talvez vindo de algum mecanismo oculto.

Cada corredor parecia levar a outro idêntico, e comecei a me perguntar se aquele lugar era realmente real ou um truque da esfera no meu peito. Minhas mãos tremiam, mas não de medo – era a exaustão. Precisei me apoiar em uma prateleira e senti o frio da madeira desgastada contra meus dedos.

— "Por que esses lugares mágicos têm que ser tão complicados? Não podiam só ter uma porta de saída com uma placa brilhante?" — 

No silêncio absoluto, ouvi novamente o som que mais temia: passos.

Dessa vez, eram mais claros, mais próximos. Vozes começaram a surgir, baixas, mas carregadas de tensão.

— "Espalhem-se! Ele não pode ter ido longe."

— "Vocês acham que ele encontrou a sala secreta?"

— "Se encontrou, estamos ferrados. Só procurem! Ele não pode escapar!"

Minha mente disparou. Se fosse capturado agora, seria o fim. Martin não teria piedade. Pior ainda, ele provavelmente usaria a esfera para algo ainda mais terrível.

Me escondi atrás de uma estante com livros empilhados desordenadamente. Peguei um deles, sem nem olhar o título. Era pesado, grosso, com bordas douradas. "Não é o melhor armamento, mas é o que tenho." Me abaixei, tentando me tornar invisível enquanto ouvia os passos ecoando mais perto.

Os guardas entraram no corredor. O primeiro passou a apenas dois metros de mim, sua arma erguida e olhos atentos. Ele parecia estar farejando perigo, como um animal predador. O suor escorria pelo meu rosto, e a tensão fazia minha respiração ficar rasa. 

O guarda parou de repente. Seus olhos fixaram na direção onde eu estava. Meu coração quase saltou pela garganta. Ele inclinou a cabeça, como se tivesse escutado algo. Não esperei que confirmasse.

Saltei do esconderijo e ataquei. Com o livro grosso em mãos, acertei o braço dele, derrubando a arma no chão. Ele grunhiu de surpresa, mas reagiu rápido, tentando me socar. Desviei por instinto, girando o corpo e chutando seu joelho. O impacto o fez cambalear, mas ele ainda era forte. Ele tentou agarrar minha camisa, mas agarrei a arma antes que ele pudesse. Sem hesitar, apontei para o peito dele.

— "Nada pessoal."

O disparo ecoou pela biblioteca, e o corpo do guarda caiu com um baque surdo.

— "Ele está aqui!" — a voz de outro guarda gritou, e o som de botas correndo ecoou pelo corredor.

Sem tempo para pensar. Peguei a arma do chão e me preparei. O segundo guarda virou a esquina da estante, a arma apontada diretamente para mim. Atirei primeiro. O som do tiro foi ensurdecedor, e ele caiu antes de ter chance de reagir.

— "Droga! Droga!" — gritou o terceiro, sua voz carregada de fúria e desespero.

Ele começou a atirar cegamente, sem se importar com o que estava ao redor. Balas atingiram as prateleiras, rasgando livros e espalhando pedaços de madeira por toda parte. O cheiro de pólvora misturado com papel queimado invadiu o ar. Uma bala passou de raspão pelo meu ombro, queimando a pele e arrancando um grito involuntário. Outra atingiu minha perna, e a dor foi tão intensa que quase caí.

— "Você não vai sair vivo daqui, seu maldito!" — ele gritou, enquanto recarregava.

Aproveitei o momento de hesitação. Me posicionei atrás de uma estante caída, ajustei a mira e respirei fundo.

— "Por você, maninha," — sussurrei, puxando o gatilho.

O disparo acertou o peito dele. Ele cambaleou para trás, gritando de dor. Antes que pudesse se recuperar, disparei novamente, atingindo um dos braços e, em seguida, o outro. Sua arma caiu no chão, deslizando para longe. Ele caiu de joelhos, respirando com dificuldade.

Manquei até ele, sentindo cada centímetro da dor na perna ferida. O guarda olhou para mim, seus olhos arregalados de terror. Ele tossiu, cuspindo sangue.

— "P-por favor... não me mate..." — 

— "Se fosse o contrário, você já teria puxado o gatilho."

Sem outra palavra, disparei. Ele caiu para trás, imóvel.

Silêncio. O único som era minha respiração pesada, o zumbido nos meus ouvidos e o pulsar constante da esfera no meu peito. Cada batida parecia zombar de mim, lembrando-me do que eu havia feito. E do que eu havia me tornado.

Mas não houve tempo para lamentações. Mais reforços viriam. Precisava sair dali. Olhei em volta, tentando encontrar alguma pista de onde a saída poderia estar. Ao longe, uma luz fraca piscava entre as prateleiras.

Com passos mancos e o peso da culpa nos ombros, segui em direção à luz.