Descendo a longa escadaria em espiral que levava ao sétimo andar, o grupo se deparava com um ambiente que parecia diferente de tudo que haviam enfrentado até então. A atmosfera era pesada, preenchida por um zumbido constante que vibrava no ar. Alastor apertava o cabo da Espada do Crepúsculo, seus olhos percorrendo as paredes cobertas de complexas engrenagens douradas e prateadas, todas em movimento contínuo. A sensação de que estavam entrando no coração da masmorra era inegável.
"Este lugar... parece estar vivo," comentou Azriel, sua voz carregada de nervosismo. Ele ainda era novo em batalhas e, embora tivesse mostrado progresso, a ideia de enfrentar mais desafios o deixava inquieto.
Erina caminhava à frente com passos silenciosos, suas adagas preparadas para qualquer emboscada. "Engrenagens em movimento, um chão metálico polido e aquela leve descarga elétrica no ar... definitivamente não é um lugar para descuidos."
Astra flutuava próxima ao grupo, seus olhos analisando os mecanismos ao redor. "Vocês estão certos. Este andar é conhecido como 'As Engrenagens Vivas.' Ele abriga criaturas feitas inteiramente de metal, movidas por energia elétrica e pela magia que permeia esta masmorra. A cada passo que damos, estamos literalmente caminhando dentro de uma máquina."
Sorya, a guardiã do Nexus Sombrio, olhou ao redor com desconfiança. Suas raízes, que sempre se conectavam ao ambiente para absorver informações, pareciam hesitar diante do terreno metálico. "Minha conexão com o ambiente aqui é limitada. Vamos precisar ser ainda mais cuidadosos."
À medida que avançavam pelo corredor inicial, pequenos choques elétricos percorriam o chão a intervalos irregulares. Alastor liderava o grupo com cautela, testando cada passo antes de seguir em frente. O som das engrenagens aumentava gradativamente, e logo o corredor se abriu para revelar uma ampla sala circular.
No centro, uma criatura aguardava. Era uma fusão grotesca de metal e magia: um autômato gigantesco com quatro braços mecânicos, cada um equipado com diferentes ferramentas mortais. Seu corpo era formado por engrenagens que giravam incessantemente, e seus olhos brilhavam com uma luz azul intensa.
"Este é o Vigilante das Engrenagens, uma espécie de guardião deste andar," explicou Astra, quase em um sussurro. "Ele controla partes do ambiente e é capaz de convocar aliados para ajudar na batalha."
Antes que Astra pudesse terminar sua explicação, o Vigilante girou rapidamente, lançando um rugido metálico. Pequenas faíscas saíram de seu corpo, e dois portais metálicos surgiram nas laterais da sala. Deles, saíram criaturas menores: Autômatos Condutores, humanoides metálicos com lanças eletrificadas.
Alastor foi o primeiro a agir. "Formação defensiva! Sorya, bloqueie os Autômatos! Erina, veja se encontra uma fraqueza no Vigilante!" Ele avançou diretamente contra o guardião, desviando de um dos braços mecânicos que tentou esmagá-lo.
Sorya estendeu suas mãos, invocando barreiras mágicas que interromperam o avanço dos Autômatos. Com um movimento fluido, ela desferiu um golpe poderoso contra um dos inimigos, suas garras da linhagem demoníaca deixando um rastro brilhante no ar. "Essas coisas não são tão resistentes quanto parecem, mas são rápidas. Cuidado!"
Erina desapareceu nas sombras, surgindo atrás do Vigilante. Suas adagas acertaram as articulações dos braços mecânicos, mas o dano parecia mínimo. "Sua armadura é densa demais. Precisamos de algo mais forte!"
Azriel, ainda hesitante, concentrou-se em atacar os pontos fracos dos Autômatos. Ele ergueu a espada e atacou diversas vezes nas articulações de um dos Autômatos, destruindo um deles, mas o esforço o deixou visivelmente exausto. "Eu preciso me fortalecer mais," murmurou ele, determinado a melhorar.
Enquanto o combate prosseguia, Alastor percebeu um padrão nos movimentos do Vigilante. Cada vez que ele girava seus braços mecânicos, as engrenagens no peito brilhavam intensamente. "Esse é o núcleo dele! Concentrem os ataques ali!"
Erina foi a primeira a reagir. Com uma combinação precisa de saltos e investidas, ela alcançou o peito do Vigilante e desferiu um golpe direto no núcleo. Uma explosão de faíscas iluminou a sala, mas o inimigo permaneceu de pé.
"Isso foi eficaz, mas não o suficiente," disse Astra. "Precisamos de mais poder!"
Alastor ativou sua habilidade Golpe das Sombras Eternas, canalizando energia sombria para sua espada. Ele desferiu um ataque direto no núcleo do Vigilante, que desta vez começou a emitir sons estridentes, como se estivesse prestes a quebrar.
Sorya aproveitou a abertura, conjurando raízes de sombras que prenderam os braços mecânicos do inimigo, limitando seus movimentos. "Agora é a nossa chance! Ataquem com tudo!"
Com um esforço combinado, o grupo destruiu o núcleo do Vigilante, que soltou um último rugido metálico antes de desabar no chão. Assim que ele caiu, os portais metálicos desapareceram, e os Autômatos restantes se desativaram.
O corpo do Vigilante começou a se desintegrar, deixando para trás um baú de tesouro que brilhava intensamente. Dentro dele, o grupo encontrou várias recompensas:
Manoplas do Construtor Elétrico: Equipamento que aumentava a resistência a ataques elétricos.
Engrenagem do Coração Metálico: Um item raro que poderia ser usado para aprimorar armas ou armaduras.
Chave das Engrenagens: Um item que, segundo Astra, seria necessário para avançar para os próximos andares.
"Estamos progredindo, mas esse foi apenas o começo deste andar," disse Alastor, limpando o suor da testa.
Após a batalha, o grupo seguiu para a próxima área. Eles entraram em uma sala ainda maior, onde engrenagens gigantes ocupavam cada parede. No centro, uma plataforma circular brilhava, pulsando com energia elétrica.
"Isso parece um ponto de controle," observou Astra. "Vocês podem descansar aqui, mas a partir daqui, os desafios ficarão ainda mais difíceis. Este andar ainda guarda muitos segredos."
Sorya sentou-se no chão metálico, respirando profundamente. "Precisamos de uma estratégia mais sólida. Esses inimigos não são apenas fortes, eles também são inteligentes."
Erina concordou. "O núcleo do Vigilante era um ponto fraco óbvio, mas e se os próximos inimigos não tiverem algo assim? Precisamos estar preparados para o pior."
Azriel, por sua vez, estava visivelmente abalado. "Eu sinto que não estou contribuindo o suficiente. Quero ser mais útil para o grupo."
Alastor colocou a mão no ombro do jovem mago. "Você está aprendendo, Azriel. Cada batalha é uma lição. Continue se esforçando, e você será tão forte quanto qualquer um de nós."
Depois de descansar e reorganizar os itens, o grupo decidiu avançar. Eles sabiam que o tempo era crucial e que a masmorra não esperaria por eles. À medida que entravam na próxima área, o som das engrenagens ficava mais alto, quase ensurdecedor.
No horizonte metálico, formas gigantescas começaram a se mover. Criaturas ainda mais imponentes aguardavam, e o grupo sabia que precisariam de tudo o que haviam aprendido para sobreviver.
"Prontos ou não, aqui vamos nós," disse Alastor, avançando com determinação.
E assim, o grupo continuava sua jornada pela masmorra, enfrentando os desafios do sétimo andar com coragem e união, enquanto os segredos das Engrenagens Vivas esperavam para ser revelados.