Tobias é o primeiro a sair do elevador, hoje ele está de terno preto, acompanhado de uma camisa branca e gravata prateada. Sua cabeça está baixa, olhando para o celular. Ele pega seu café da bandeja sem nem olhar para mim e caminha diretamente para o seu escritório. Theo, por outro lado, está com um terno cinza, e os três primeiros botões de sua camisa branca estão desabotoados, expondo uma parte do seu peito. Eu ainda não vi ele tão bem arrumado quanto o Tobias, nem de gravata, aliás. Theo para, pega sua caneca, e dá um gole. "Bom dia, Imogene," ele diz com uma piscadela antes de entrar em seu escritório do outro lado do de Tobias.
Não posso evitar o rubor que surge, fazendo meu rosto esquentar. Eu rapidamente coloco a bandeja de volta na cozinha antes de pegar o tablet em minha mesa. Fico hesitante na porta do escritório de Tobias, esperando a Deus que ele esteja de bom humor hoje. Justo antes de bater, ele diz cantarolando.
"Vai entrar ou ficar aí fora o dia todo?" Sua voz grave e rouca me faz pular antes de eu abrir a porta o suficiente para deslizar para dentro rapidamente. Tobias está sentado à sua mesa, digitando algo em seu laptop. Ele ainda nem olhou para cima. Eu me mantenho de pé, movendo-me de um lado para o outro de forma desajeitada. Eu acho o Sr. Kane muito intimidador, ele é sempre tão formal, tão sério. Quando eu ainda não tinha falado, ele olha para cima, seus olhos me fixam onde estou. Minhas mãos tremem levemente diante de seu olhar intenso. Ele inclina a cabeça para o lado esperando que eu fale, me fazendo cair em meus sentidos. Eu dou um passo à frente, segurando o tablet em minhas mãos como um escudo enquanto verifico a agenda dele.
"Você tem uma reunião às 12 com o Sr. Jacobs. Eu também encaminhei as propostas preparadas para sua reunião, e estou enviando agora os emails recebidos em resposta à conferência que você realizou na última quinta-feira."
"Isso é tudo?"
"Não senhor, eu preciso que você assine a autorização para a arrecadação de fundos do hospital."
"Então onde está o documento?"
Eu rapidamente olho para minhas mãos, percebendo que deixei o único papel necessário em minha mesa. Internamente, dou um tapa na minha própria testa. Eu levanto meu dedo. Tobias revira os olhos para mim, claramente irritado com o meu erro com a mão aberta esperando pelo documento. "Ah, um minuto, senhor."
Escuto ele suspirar, irritado. Saio às pressas e busco o documento antes de deslizá-lo na mesa diante dele. Ele o assina instantaneamente e me devolve, sem nem me olhar e imediatamente volta a digitar em seu laptop.
Não consigo deixar de notar que ele parece cansado. Olheiras pendem sob seus olhos azuis normalmente vibrantes, e sua pele está um pouco mais pálida que seu bronzeado dourado habitual. Eu fico olhando para o espaço, completamente esquecendo o que eu deveria estar fazendo, ocupada demais admirando meu chefe. O Sr. Kane pigarreia de forma constrangida, me puxando dos meus pensamentos. Ele levanta a sobrancelha para mim, me pegando o observando.
"Ah, desculpe senhor." Tropeço nas palavras. Ele balança a cabeça e eu escuto ele dar uma risada. Eu me viro envergonhada, correndo para fora do quarto e fechando a porta.
O Sr. Kane sempre me deixa desconcertada. Eu sempre me sinto nublada na presença deles, até esqueço de respirar. Da última vez que isso aconteceu, eu desmaiei. Para ser justa, eu não tinha comido então meu cérebro já estava uma bagunça. Acordei para a face preocupada do Theo se inclinando sobre mim, enquanto Tobias apenas me olhava como se eu fosse mentalmente desafiada. Tipo, sério, quem esquece de respirar? É para ser uma função básica do corpo, e eu nem consigo fazer isso direito.
Esse foi o dia em que percebi porque ninguém quer este trabalho. É incrivelmente difícil focar no trabalho perto deles, eles podem se tornar uma distração sem querer. Eu também acho que o Sr. Kane pode ser bastante horrível. Eu não acho que ele perceba as coisas desagradáveis que ele diz quando está irritado. Felizmente para ele, eu tenho uma pele grossa e desesperadamente preciso deste trabalho. Também me certifico de ter meu tablet na mão toda vez que entro em seu escritório, caso ele jogue alguma coisa. Eu o vi acertar o cara da tecnologia com uma garrafa de água uma vez quando estava em um acesso de raiva. Sério, o homem tem problemas de raiva e precisa de terapia ou algo assim. Todos andam na ponta dos pés ao redor dele, exceto pelo Theo. O cara da tecnologia não voltou desde então.
Sentada à minha mesa, eu dou risada da lembrança antes de voltar ao meu computador. Meu trabalho é surpreendentemente bom e fácil, além de pagar bem. Não há muita atividade física, a não ser que você conte atender telefones e carregar arquivos. A única coisa exigente são as horas. Estou literalmente disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Não sou apenas a secretária deles, mas também uma assistente pessoal, não que eles me façam fazer muita coisa a não ser que seja relacionado ao trabalho. As horas podem ser terríveis às vezes, como trabalhar até altas horas da madrugada antes de grandes prazos.
Apertando o botão de imprimir, eu caminho para a sala da impressora que fica ao lado da copa. Estou esperando pelo meu documento impresso quando a impressora emite um bip seguido por um código de erro. A bandeja de papel está vazia. Me abaixando, eu abro a porta da impressora e retiro a bandeja antes de ir à gaveta para pegar mais papel.
O armário está vazio. Saindo, eu vou até o depósito. Abro a porta, acendo a luz e olho em volta nas prateleiras. Suspiro quando vejo onde foi colocado. Algum idiota decidiu empilhar na prateleira mais alta. Puxando a escada que estava atrás da porta, eu sento nela e tiro meus saltos altos e subo. Tenho que ficar na ponta dos pés para alcançar a caixa. Eu a seguro com a ponta dos dedos e começo a puxá-la em direção à borda quando a voz dele me assusta por trás.
"Precisa de ajuda?" Theo pergunta. Eu dou um grito de surpresa e pulo assustada; começo a perder meu equilíbrio. Rapidamente me agarro na prateleira com a ponta dos dedos, endireitando-me e recuperando meu equilíbrio. Meu coração martela no meu peito. Conforme meu ritmo cardíaco se acalma, rapidamente me dou conta da mão que está segurando meu traseiro. Olhando para baixo, vejo a mão do Theo me segurando firme. Eu posso sentir sua mão grande pressionando firmemente em minha bunda através das minhas calças, seu polegar entre minhas pernas pressionando onde está meu núcleo. Graças a Deus, hoje estou de calças e não de saia.
"Ah, chefe," digo, olhando para a mão dele. Ele parece perceber onde segurou. Um leve sorriso sorrateiro surge em seu rosto. A sensação de sua mão grande em mim me faz corar, uma sensação desconhecida toma conta de mim. O que há de errado comigo? Eu tenho que lutar contra o impulso de apertar minhas coxas para parar a súbita dor entre minhas pernas.
Quando sinto sua mão correr pelo interior da minha coxa até meu tornozelo, eu dou um grito, e ele retira sua mão. Minha pele cora de embaraço por estar apaixonada pelo meu chefe gay. Theo parece cheirar o ar por um segundo, um sorriso malicioso aparecendo em seu rosto com meu constrangimento. Theo então se estica e pega a caixa que eu estava tentando pegar com dificuldade.
Ele a agarra com uma mão e a puxa para baixo. Eu rapidamente desço a escada e coloco meus saltos novamente antes de pegar a caixa dele.
"Estava procurando por alguma coisa?" pergunto, ainda quente e constrangida enquanto caminho do depósito de volta para a impressora.
"Sim, tentei imprimir algo quando percebi que a impressora estava sem papel", Theo respondeu, se apoiando no balcão ao lado da impressora.
Eu rapidamente coloco o papel na bandeja antes de inseri-la novamente na impressora. Limpando o erro, eu aperto imprimir. A máquina começa instantaneamente sua tarefa, imprimindo os documentos. Eu os agrupo com um grampeador e os coloco no balcão. Quando mais nenhum sai, me viro para Theo. "Tem certeza que você mandou imprimir?" pergunto, erguendo uma sobrancelha.
Theo parece pensar antes de falar. "Acho que sim."
Eu reviro os olhos para ele e entro em seu escritório. Ele segue atrás de mim e fica na porta do seu escritório, se apoiando no batente da porta me observando.