Controlando seu ki com precisão, Jayden o moldou para agir como pequenas lâminas e lixas, raspando e esculpindo o bloco de rubi com cuidado. Lascas da pedra preciosa voavam em todas as direções, criando uma chuva rubra de fragmentos brilhantes. O som de pedra ruindo e sendo lapidada ecoava pelo ambiente, tão alto que parecia preencher cada canto do lugar.
Conforme o trabalho progredia, o que deveria se transformar em um dragão majestoso começou a ganhar forma... ou quase isso.
"Está horrível," Jayden murmurou, observando sua criação com uma expressão que oscilava entre frustração e incredulidade.
"Concordo. Está lastimável," comentou Kami-sama com uma expressão neutra, embora sua voz carregasse um leve tom de humor. "Mas para uma primeira tentativa... foi um esforço interessante."
Diante deles, repousava algo que poderia ser descrito como uma "representação abstrata e amadora de uma cobra".
Embora Jayden tivesse um exímio controle de ki, que lhe garantia precisão nos movimentos e um polimento impecável na pedra, isso não o tornava automaticamente um mestre escultor. O que deveria ser o corpo esguio e gracioso de uma serpente parecia mais um cilindro torto e irregular. As asas, que deveriam exalar elegância, mais pareciam formações aleatórias de pedra saltando de forma grotesca do cilindro. E a cabeça... bem, era melhor nem tentar descrevê-la.
"Isso não pode estar certo. Você tem mais desses blocos de rubi, certo?" perguntou Kami-sama, embora a resposta já fosse previsível.
"Não, esse era o único," Jayden respondeu com um suspiro pesado, cruzando os braços enquanto observava sua desastrosa tentativa de escultura.
"Suspeitei que diria isso," Kami-sama respondeu, balançando a cabeça. "Que desatenção. Era óbvio que alguém como você, um guerreiro, nunca teria treinado habilidades artísticas como esculpir. Começar com um material tão raro foi um erro."
"Não há nada que possamos fazer? Alguma magia ou habilidade divina para restaurar a pedra ou aprimorar o que já fiz?"
Kami-sama suspirou, pensativo. "Eu sou um deus, mas não sou onipotente. Infelizmente, não conheço nenhuma habilidade desse tipo. E você? Com todo o vasto conhecimento sobre os usos do ki pelo universo, não tem nada que possa ajudar?"
Jayden franziu a testa, pensativo. "Bem... há uma menção vaga em meus registros sobre uma raça chamada Dwellërs, de um planeta distante. São fracos, frequentemente escravizados, mas possuem uma habilidade especial de moldar joias usando ki. Talvez seja essa habilidade que os torne tão procurados."
"Interessante," Kami-sama comentou, acariciando o queixo. "Você deveria tentar aprender essa técnica no futuro. Talvez seja útil, além de servir como um passatempo relaxante. Por ora, precisamos de outra abordagem. Tem algum bloco de pedra comum? Algo menos valioso para testar?"
"Tenho, sim. Mas e o rubi? Não podemos simplesmente descartá-lo," Jayden disse, apontando para a escultura fracassada.
"Claro que não. Use esse desastre como um molde," Kami-sama sugeriu. "Tente reproduzi-lo em menor escala, usando um material mais simples. Trabalhar em algo menor vai exigir mais precisão, mas será mais fácil para você corrigir os detalhes. É melhor errar agora do que arruinar outro material precioso no futuro."
Jayden assentiu, já se preparando para buscar os blocos de pedra. "Tudo bem. Vamos fazer isso."
"Ótimo. E lembre-se, Jayden," Kami-sama disse com um sorriso leve, "a prática leva à perfeição. Ou pelo menos... a algo que não seja uma cobra torta."
"Ha-ha muito engradado."
...
Uma nova etapa começava na jornada infindável de Jayden para alcançar a força absoluta.
Com blocos de pedra espalhados ao seu redor, ele se dedicava a esculpir diversas tentativas de seu dragão divino. Embora cada peça terminasse em algo desajeitado ou grotesco, era evidente que havia progresso.
Esculpir dragões divinos não era, nem de longe, a melhor forma de treinamento convencional. Contudo, para Jayden, a experiência se mostrou surpreendentemente produtiva.
Nunca antes ele havia exigido de si um controle tão delicado, tão gentil de seu ki. Era um desafio diferente, onde a força bruta precisava ser contida, e o equilíbrio entre precisão e energia era essencial.
"Parece que vou levar alguns dias para alcançar o resultado desejado," pensou Jayden enquanto observava sua última tentativa. Apesar de ainda imperfeita, era um avanço visível.
Se para Jayden a paciência era uma virtude, para as meninas que o acompanhavam, a situação era diferente.
O entusiasmo inicial pela estadia no templo de Kami-sama rapidamente se dissipou. Bulma e Panchy, em especial, começaram a sentir saudades de casa e ansiavam por voltar.
Chi-Chi, em um esforço de perseverança, tentou permanecer. Ela também queria treinar com Mr. Popo, mas após refletir, chegou a uma conclusão prática: "É melhor esperar o Jayden aprender e deixar que ele me ensine em casa."
No dia seguinte, todas embarcaram no jato de Bulma e retornaram. Jayden ficou para trás, sozinho no templo. Não que isso fosse motivo de preocupação.
Com sua habilidade de voar, ele poderia retornar a qualquer momento, e, se as meninas sentissem saudades, a viagem de jato seria apenas questão de minutos agora que conheciam o caminho exato.
Mas a solidão de Jayden foi tudo menos um problema. Além de esculpir os blocos de pedra, ele também dedicou seu tempo ao treinamento sob a tutela de Mr. Popo. Foi durante essas sessões que ele aprendeu um conceito fascinante: "calmo como a água, repentino como um raio."
Jayden, como um aficionado por Dragon Ball, já havia tentado aplicar esse conceito, e vários outros, em seus treinamentos pessoais no passado.
Contudo, sem uma referência concreta ou orientação adequada, seus esforços nunca davam muitos frutos.
Agora, com Mr. Popo como guia, ele começava a entender a verdadeira essência da ideia. Isso prova como ter um mestre para ensinar é sempre muito melhor do que aprender sozinho.
Popo o parabenizou por sua capacidade natural de assimilar a parte do "repentino como um raio". De fato, a rapidez e a explosividade de Jayden em combate eram impressionantes.
'Talvez isso tenha algo a ver com aqueles choques elétricos diários que eu levei... quem sabe,' pensou Jayden, sorrindo consigo mesmo.
O motivo pouco importava. O que realmente importava era que funcionava.
Enquanto os dias passavam, Jayden mergulhava de cabeça em seu treinamento, dividindo o tempo entre moldar o dragão divino e aperfeiçoar a calma fluida que complementaria sua velocidade fulminante.
...
Quatro dias depois.
Kami-sama e Mr. Popo estavam juntos, observando Jayden cuidadosamente moldar o rubi, que agora começava a tomar a forma definitiva do dragão divino. A sala estava silenciosa, com exceção do som suave do ki esculpindo a pedra preciosa.
Dessa vez, o clima era diferente. Jayden não estava mais praticando com blocos de pedra comum; ele estava lidando com o rubi verdadeiro, o material final que daria vida ao dragão divino.
"Você acha que ele vai conseguir?" perguntou Mr. Popo, quebrando o silêncio.
"Esculpir não é uma questão de força de vontade ou poder, Popo," respondeu Kami-sama calmamente. "É apenas uma questão de dedicação. Depois de tanta prática, não há razão para que ele falhe."
Popo, no entanto, não parecia tão convencido. "Isso seria verdade se estivéssemos falando de habilidades manuais simples. Mas ele está moldando ki para isso. Um único espirro e todo o trabalho será perdido."
Kami-sama piscou, surpreso. "Oh... eu não tinha pensado nisso."
Enquanto a conversa continuava em sussurros, uma leve brisa soprou pela janela aberta, circulando pela sala. Jayden, ainda focado no trabalho, sentiu o vento passar por seu rosto.
De repente, ele parou. Sua expressão mudou, e um leve franzir de sobrancelhas revelou o dilema que estava enfrentando.
"Ah... ahhh—" Jayden começou a inclinar a cabeça para trás, o rosto contorcido em uma luta interna para conter um espirro iminente.
Kami-sama e Popo congelaram. Seus olhos arregalados fixaram-se nele, e o ar pareceu ficar mais pesado com a tensão.
"Segure, segure, segure!" murmurou Popo em um tom quase inaudível, enquanto Kami-sama apenas observava, visivelmente tenso.
Jayden, com uma concentração extrema, segurou a respiração por alguns segundos. Seu rosto lentamente voltou ao normal, e ele soltou o ar com um longo suspiro de alívio.
"Ufa..." Jayden murmurou.
Do outro lado da sala, Kami-sama colocou uma mão sobre o peito, claramente aliviado. "Ainda bem... Popo, vê se não coloca mais xabu."
"Desculpa," respondeu Popo, tentando não parecer culpado.
Jayden olhou para os dois com um olhar de leve exasperação antes de voltar ao trabalho, murmurrando algo sobre como seria bom se deuses e assistentes divinos fossem menos supersticiosos.
Minutos depois, ele finalmente deu um passo para trás, observando sua criação com olhos críticos. "E... pronto," anunciou, com um tom que misturava alívio e orgulho.
Diante dele estava a estátua do dragão divino.
Feita de rubi puro, a figura brilhava intensamente sob a luz suave do templo. O corpo serpentino exibia uma coloração vibrante, um vermelho que parecia pulsar com vida. Apesar de ser feito de um único material, Jayden conseguira transmitir um contraste notável: as escamas, polidas até refletirem o ambiente ao redor, reluziam como um mosaico de espelhos carmesins, enquanto a barriga apresentava um brilho mais sutil, quase mate, criando uma sensação de equilíbrio e elegância.
As pequenas asas estavam perfeitamente moldadas, suas linhas precisas sugerindo movimento, mesmo sendo obviamente desproporcionais ao corpo. Apesar disso, havia algo natural na forma como se integravam à figura, como se pertencessem ali desde o início.
Mas os olhos eram a verdadeira obra-prima. Duas pedras incrivelmente polidas que pareciam vivas, capturando e refratando a luz em padrões hipnotizantes. Quando a luz do sol atravessava os vitrais do templo e atingia a estátua, os olhos do dragão quase pareciam brilhar por conta própria.
"Incrível," disse Kami-sama, aproximando-se com as mãos atrás das costas. "É um belo corpo. Seu dragão será grato por todo o esforço que você colocou nele. Embora... eu não possa chamar isso exatamente de 'dragão'. Está mais para uma... cobra com asas?"
Jayden sorriu, cruzando os braços enquanto observava sua criação. "Eu fiz isso de propósito," explicou, sua voz carregada com um tom enigmático. "Tenho uma ideia em mente, e para isso, o dragão precisa ter uma aparência mais simples e elegante, em vez de algo autoritário e poderoso."
Kami-sama arqueou uma sobrancelha. "Se você diz... Bem, está na hora do próximo passo. Agora você precisa dar vida ao dragão divino."
Jayden franziu o cenho. "E como eu faço isso? Soprar nele, como em algumas histórias?"
Kami-sama riu suavemente. "Não, mas eu peguei a referência. O processo é um pouco mais... peculiar. Você precisará canalizar seu ki dentro da estátua. Através disso, deverá conceder a ela uma parte de seu espírito: memórias, pensamentos e um pouco de sua essência."
Jayden piscou, confuso. "Espere aí, está dizendo que vou basicamente dar um pedaço da minha alma para ele? Isso não parece perigoso?"
Kami-sama acenou afirmativamente, mas com calma. "Sim, é perigoso. Mas apenas se você exagerar. Pense assim: se eu arrancar um fio do seu cabelo, você não vai sentir falta. Agora, se eu arrancar um braço, pode ser fatal. O mesmo princípio se aplica aqui."
Jayden relaxou ligeiramente. "Ah, entendi. Então, quanto do meu espírito eu preciso colocar?"
"Apenas o suficiente. Quando você começar a sentir uma leve dor de cabeça, saberá que está colocando mais do que o necessário. Pare antes disso."
Ele respirou fundo, olhando novamente para o dragão. "Ok. Vamos tentar isso."
Com determinação renovada, Jayden posicionou as mãos sobre a estátua e começou a canalizar seu ki, preparando-se para o momento crucial que definiria o nascimento de sua criação.
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