O peito de Ophelia se encheu de uma leveza que a deixou tonta. Ninguém jamais lhe dissera tal coisa. O comportamento de Killorn ia contra tudo que ela conhecia—tudo que era natural.
Ophelia se sentiu tocada, seu coração batendo contra sua caixa torácica. Ela tentou conter sua boca que se contorcia em um sorriso antes de um riso nervoso. Seu rosto queimava, pois ela não sabia como reagir.
"Eu... ahm..." Ophelia queria observar o chão apenas para evitar mais discussões.
Ophelia se lembrou de que ele não gostava de vê-la com a cabeça baixa. Então, Ophelia agarrou suas mãos trêmula. Depois, Ophelia sacudiu suas mãos como se tivesse feito um acordo comercial.
"Eu vou lembrar disso," Ophelia conseguiu dizer a ele.
Killorn deu uma risada silenciosa. Ela se tensionou, sua cabeça erguendo-se em descrença.
Ophelia estava encantada com o som maravilhoso. Ela queria ouvir mais. A alegria dele era rara e ela queria coletá-la como joias em um baú de tesouro. Ela guardaria—escondendo a caixa em um lugar que ninguém pudesse encontrar.
"Será que isso será a única coisa que você lembrará de mim?" Killorn observou, arqueando uma sobrancelha afiada. A cor de suas bochechas coradas o fez parar.
"Não," Ophelia admitiu baixinho. "Eu me lembrei de você muitos anos atrás..."
Killorn piscou. Ele não acreditava em seus próprios ouvidos. O que ela poderia—ele pensou... não. Impossível.
Por muito tempo, Killorn sempre acreditou que ela estava aliviada por ele ter ido para a batalha. Enquanto Killorn olhava para as estrelas e pensava em seu rosto, ela estaria em alguma festa dançando até a lua estar alta no céu, rindo com seus amigos.
Killorn não sabia que os dois já haviam olhado para a noite no mesmo exato momento, lembrando-se um do outro.
"Em que você pensou?" Killorn perguntou.
Ophelia ficou pasmada com a súbita gentileza de sua voz. Ele esperava ansioso para ouvir sua resposta. Ela o encarou boquiaberta. Será que ele realmente pensou que deslizaria de suas memórias?
"Você é um homem i-inesquecível." Abrindo um sorriso que a fez franzir a testa preocupada, Ophelia esperava que ele a entendesse.
Killorn levantou uma sobrancelha com suas palavras. Ele tentou pensar claramente, mas era impossível. Seu sorriso era cegante e desconcertante. Ele se aproximou dela e ela deu um passo rápido para trás. Ele continuou avançando, até que seus joelhos bateram na cama. Ela congelou. Ele a encarou.
"Vai doer como da última vez?" Ophelia ousou perguntar, pois ele lhe dera permissão anteriormente para falar livremente sobre o que estava em sua mente.
Ophelia sabia o que ia acontecer. Killorn Mavez era um homem de palavra. Se eles fossem consumar o casamento naquela noite, com certeza aconteceria.
"Você sentiu dor da última vez?" Killorn perguntou com uma voz baixa e controlada.
"S-sim," Ophelia admitiu fracamente, seu rosto ficando vermelho.
Killorn a encarou profundamente nos olhos. Seus lábios tremeram em resposta. Ele pegou suas mãos gentilmente, surpreendendo-a. Sua voz era sempre áspera e seu corpo era forte, mas ela nunca esperou que seu toque fosse tão terno. Ele a tratava como se fosse feita de cristal.
"Não parecia. Você se agarrou em mim tão forte que eu mal conseguia sair." Killorn inclinou a cabeça, desafiando-a a rejeitar suas palavras.
O rosto de Ophelia queimou com suas palavras desavergonhadas. Ela nem podia refutá-lo. Houve dor, mas ela sentiu mais prazer, de qualquer forma.
"Muito ousado para seus ouvidos?" Killorn perguntou, recebendo um aceno tímido dela. Ele soltou uma respiração divertida, com os lábios curvados.
Por medo de suas novas emoções, Ophelia o abraçou com força. Killorn amaldiçoou quando ela abraçou seus ombros, o que o fez penetrá-la mais fundo. Ophelia gritou, mas ele apenas agarrou seus quadris e a trouxe para mais perto dele enquanto a possuía implacavelmente.
"Eu voltei correndo assim que garanti minha posição como Alfa." Killorn passou seus dedos pela borda de renda perto do peito dela. Sua respiração falhou, seus cílios tremulavam em obediência. Seu gesto de dama era mais comovente do que belo, pois ele podia dizer que tinha sido treinado nela de maneira antinatural.
"P-para onde você foi?" Ophelia perguntou inocentemente, olhando para ele sem esperança. Ele era grande e a sobrepujava. Sua sombra era três vezes o seu tamanho.
Ophelia percebeu que ele a estava instigando a se despir. Ela, trêmula, alcançou as fitas que seguravam seu vestido no lugar. Ela as desfez enquanto ele continuava falando.
"Para onde mais?" Killorn lhe lançou um olhar incisivo, perguntando-se se deveria contratar alguns tutores para ela.
Killorn sabia que Ophelia amava ler. Qualquer coisa que ela conseguisse pegar, ela estava lendo. Quando criança, ele a encontrava dormindo no canto de uma biblioteca, com os olhos marejados de lágrimas e abraçando um livro que o falecido Patriarca tinha lhe dado.
"Faça um palpite, Ophelia."
"P-para informar o império?" Ophelia respondeu com incerteza, sentindo-se uma tola por não saber onde ele morava. Quão longe ele viajou desde seu lugar? Levou muito tempo? Como ninguém o viu?
Ophelia deixou as fitas caírem no chão, girando como folhas. Ela deslizou o vestido de seus ombros, tremendo. Ele manteve o olhar nela, sem olhar para baixo uma única vez.
"Não, não o império."
Ophelia piscou enquanto desfazia o corset e deixava-o cair no chão. Ela ficou apenas com sua anágua, roupa íntima e meias. Mesmo assim, ele foi respeitoso e não olhou.
"P-para a igreja?" Ophelia tentou enquanto deslizava sua anágua. Finalmente, os olhos dele tremeram.
"Ophelia."
Ophelia descascou trêmula suas meias enquanto segurava seu olhar que se escurecia. Ele estava observando-a. Uma fome pingava de suas pupilas negras, pois ele era uma fera pronta para devorar sua doce presa.
"S-sim?"
"Eu fui para casa, para minha esposa."
O peito de Ophelia se encheu.
"Ophelia, você foi meu único destino desde a batalha. Você foi a única razão pela qual lutei valorosamente. Você foi minha razão para voltar correndo sem descanso."
O coração de Ophelia pulou. Ela foi desmontada por suas doces palavras que a fizeram chorar. Sua boca vibrava enquanto tentava conter suas emoções. Ela iria chorar pela terceira vez desde que o encontrara?
Meu Deus, ele deve pensar muito mal dela. Ele se casou com ela apenas como filho de um Duque e agora, ele havia retornado como um dos Alfas mais temidos de toda a nação. Ela nem sequer lhe deu uma calorosa boas-vindas. Ela havia chorado duas vezes na presença dele.
Ophelia encarou. Com seu polegar, ele limpou suas lágrimas. Até sua pele era firme. Tudo sobre ele era construído de músculos. Seu olhar era sincero, mas sua expressão distante. O que passava pela cabeça dele? Ele só falava gentilmente com ela, mas seu coração permanecia frio.
"Obrigada." Ophelia tocou a mão que segurava seu rosto e lhe ofereceu um sorriso íntimo. "De verdade."
"O-obrigada, Killorn," Ophelia repetiu.
Embora eles tivessem começado com o pé errado, Ophelia ainda era grata por ele. Se ele não tivesse persistido em vê-la, se ele não tivesse chegado a tempo, ela estaria com outro homem. Até agora, ela seria um cadáver na cama, o sangue drenado, e sua vida teria acabado.
"Claro." Killorn esfregou a parte de trás do seu pescoço, suas orelhas um pouco quentes. Ele foi pego de surpresa por sua apreciação.
Killorn piscou feito um tolo enquanto olhava para ela. Ele estava sem fôlego e hipnotizado por sua beleza. Havia algo abrasador em seu sorriso inocente, sua postura tímida e a habilidade dos seus lábios.
Ver Ophelia sorrir era o suficiente para rachar seu coração de pedra. Em toda a sua vida, Killorn nunca havia visto algo tão cativante quanto ela.
Killorn avançou em direção a ela, pois era hora de cumprir sua promessa.