Logo ela se arrependeu de sua decisão. Quando Faye abriu a porta, foi arrancada da carruagem por várias mãos vermelhas e escamosas com garras enormes.
Tremendo de medo enquanto tentava lutar contra as bestas, Faye gritou de terror.
"STERLING!!!!! POR FAVOR—AJUDE-ME!!!!"
Havia um sentimento de afundamento em seu estômago. Faye gritou mais uma vez por ajuda do Duque ao perceber a gravidade de sua situação. As criaturas monstruosas facilmente dominaram seu corpo frágil com sua imensa força.
Quando tentou gritar novamente, sentiu seus pulmões prenderem, ofegando por ar enquanto o medo de ser atacada pelos demônios a dominava. Faye lutou para respirar, sentindo como se uma força invisível estivesse espremendo o ar de seu corpo e causando dor em seu peito. A sensação fazia parecer que seus pulmões estavam queimando.
O covil de demônios arrancou Faye da segurança da carruagem e dos guardas do Duque. Eles a arrastaram através das vinhas densas e espinhosas da mata de Terrewell. Os galhos serrilhados das árvores retorcidas arranhavam seu vestido. A pele de Faye ardia enquanto os espinhos pontiagudos perfuravam sua carne, fazendo sangue pingar pelos seus braços e pernas.
O som de sua respiração trabalhosa e os cavaleiros gritando seu nome ecoava pelo silêncio da floresta densa. A falta de oxigênio em seu corpo deixava Faye enfraquecida e incapaz de responder aos chamados deles. Era desesperador. Um cheiro pungente de folhas apodrecidas e podridão preenchia suas narinas enquanto a horda a levava cada vez mais para o coração das matas.
Sua visão embaçava, e o mundo ao redor de Faye parecia girar fora de controle. A dor e o terror faziam seu corpo amolecer enquanto ela perdia a consciência, sucumbindo à escuridão que a envolvia.
——
Já faziam várias horas desde o ataque da horda. O sol estava se pondo e a escuridão descia sobre a mata de Terrewell. Sterling rastreava os Osvol bem no interior da floresta que parecia não ter fim. A mente do Duque corria enquanto ele imaginava o destino terrível que aguardava Faye, caso ele não chegasse a tempo de resgatá-la.
Contudo, ele teve sorte de que as criaturas demoníacas primordiais eram ignorantes e não se preocuparam em cobrir seus rastros. Suas pegadas eram como seguir farelos de pão.
Ao ouvir o farfalhar das folhas, Sterling parou seu movimento. Ele se agachou, tentando evitar ser detectado. Havia uma visão clara através dos espinheiros. Ele podia ver os demônios reunidos em torno de algo no chão. Com uma inspeção mais detalhada, ele descobriu que era Faye. Seu corpo inconsciente não se mexia.
Sterling percebeu um sentimento de frustração entre as bestas escamosas vermelhas que pairavam sobre sua noiva roubada. Ele observou quando uma delas tentou tocá-la e foi repelida por alguma força invisível. Era tão poderosa que jogou a criatura a dez pés de distância. Sterling assistiu enquanto o corpo dela se chocava contra uma árvore enorme do lado oposto da clareira.
O bosque ao redor estava rapidamente escurecendo. Havia pouco tempo a perder, o sol logo desapareceria, e havia coisas piores na mata do que os Osvol.
Sterling desamarrou sua capa e a deixou escorregar dos ombros. Ele desembainhou sua espada de maneira especialista e furtiva para não alertar os monstros de sua presença. Então, em menos de um piscar de olhos, Sterling avançou para o centro da clareira.
A floresta estava fracamente iluminada, e o pequeno bando de Osvol não teve chance contra a aura da espada de Sterling. Conforme ele balançava sua imensa lâmina flamejante, um brilho vermelho-brilhante iluminava a área ao redor deles. O som de seus movimentos rápidos ecoava pelas árvores, e os demônios assobiavam e gritavam de terror à vista dele. Eles tentavam atacar o Duque com suas garras afiadas como navalhas, apenas para encontrar seu fim na ponta de sua espada mortal.
O cheiro de carne queimada preenchia o ar enquanto sua lâmina cortava sem esforço pelas criaturas bestiais, deixando para trás um rastro de fumaça e cinzas. A cada golpe, a lâmina de Sterling criava uma rajada de vento quente que roçava a pele de Faye, fazendo seus olhos se abrirem e ver o que estava acontecendo diante dela. Ela observava enquanto os demônios caíam ao redor deles, um após o outro, com gritos ensurdecedores.
——
Enquanto Sterling lutava com os Osvol, Faye jazia imóvel no chão, lutando por sua vida. Seus pulmões ardiam a cada inalação excruciante, como se ela estivesse ofegando por ar debaixo d'água. As palmas das mãos de Faye doíam dolorosamente onde ela havia apertado firmemente. As unhas cravadas na carne macia a faziam sangrar.
Seu corpo estava gelado, coberto pela mistura arenosa de sangue, sujeira e suor frio. Ela forçava seus olhos embaçados em direção ao cavaleiro imponente, assistindo enquanto ele girava sua lâmina e dividia os monstros ao meio. O sabor metálico do sangue preenchia suas narinas, misturando-se ao cheiro acre de fumaça e carne queimada.
A luta terminou antes mesmo de começar.
Uma vez que o confronto com os demônios se acalmou e houve a certeza de que não estavam mais em perigo, Sterling correu ao lado de Faye e ajoelhou-se diante dela. Ele estendeu a mão para tocá-la e sentiu a energia intensamente incomum que era como uma barreira protetora.
Ele notou sua compleição fantasmagórica e a fragilidade de seu corpo. O cheiro pútrido de doença e suor emanava dela, fazendo seu nariz franzir de nojo.
Enquanto ele avaliava seu estado deplorável, suas sobrancelhas se franziram, criando vincos profundos em sua testa. O silêncio só foi quebrado pelo som de sua respiração ofegante, que parecia piorar a cada momento que passava. Seu coração estranhamente afundou ao ver a cena diante dele, e uma confusa sensação de tristeza tomou conta de Sterling. Ele não entendia por que deveria sentir pena dessa garota piedosa diante dele.
Quando seu olhar sombrio encontrou os olhos azuis dela, ele sentiu a tensão da barreira diminuir. Ele se inclinou mais perto e perguntou,
"Você consegue falar?"
Um pequeno balançar de cabeça transmitiu sua incapacidade de fazê-lo.
Após ela responder, Sterling a encarou com raiva.
"Não acredito que você me desobedeceu, minha pequena borboleta elusiva. Pensei ter te dito que era muito perigoso e para ficar na carruagem. Agora, olhe o problema que você causou."
A boca de Faye se abriu. Ela estava chocada com sua repreensão indignada. Ali estava ela, morrendo diante de seus olhos, e ele não estava preocupado com ela. A atitude fria e distante do homem fazia parecer que ele estava fazendo tudo ao seu alcance para torná-la miserável e afastá-la. Faye temia que o abismo não dito entre eles nunca fosse remendado.
Ela observava a armadura de Sterling enquanto ele se inclinava para pegá-la em seus braços. Foi então que seus olhos cansados caíram sobre o design ornado gravado em sua couraça. Ela conhecia bem aquela gravação.
Era a mesma imagem que ela viu no dia em que seu pai foi assassinado diante dela e de sua mãe por outro Paladino de uma terra estranha.
O corpo inteiro de Faye tremia, e seus olhos se arregalaram. Ela estava incrédula enquanto tentava desesperadamente protestar contra Sterling tocando-a. Ela tentou se afastar do poderoso cavaleiro que estava prestes a envolvê-la em seus braços.
Ela gaguejou algumas palavras incoerentes através de suas respirações ofegantes.
"E-E-Eu eu-eu …"
A tensão do que estava vendo e de sua condição atual era mais do que Faye podia suportar. Seu corpo cedeu e desabou, e sua mente deslizou para a inconsciência sem que Faye pronunciasse outra palavra.
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