Enquanto Sterling se sentava pacientemente dentro da carruagem, ele envolvia o corpo trêmulo de Faye em sua capa quente, protegendo-a do clima úmido de Hartesk (A estação do outono.) Embora a carruagem os abrigasse, ainda estava frio. Enquanto esperava por Merrick chegar, o Duque não pôde deixar de notar uma garrafa prateada brilhante deixada por um dos homens.
Ele pegou o recipiente e retirou a rolha com um estalo suave, liberando uma doce fragrância que preencheu suas narinas. O rico aroma do brandy de pera, seu favorito, trouxe uma sensação de conforto. Ao dar um gole, o líquido suave e aveludado escorreu por sua garganta, deixando uma sensação quente no peito. As notas sutis de pera dançavam na ponta de sua língua, e ele saboreava cada gota, aproveitando o momento de calma no meio do caos da noite.
O corpo frágil de Faye se contorcia em seus braços. Ele ouviu ela murmurar algo que soava como um protesto contra ele segurá-la. Sterling olhou para baixo e viu que seus olhos estavam bem fechados. Ele não estava amusado com essa reviravolta.
Ele sentiu o peso da exaustão em seus ombros enquanto encostava a cabeça no assento. Essa em seus braços era problema demais. Talvez seria melhor desafiar a ordem do Rei e encarar as chances de guerra.
Ele entendia de guerra, mas mulheres eram complicadas. Ele sabia pouco sobre elas e nunca se envolveu em cortejá-las. Seus deveres como Duque e no campo de batalha o mantinham ocupado na maior parte do tempo.
Ouvir Faye ofegar e saber que ela estava gravemente doente apenas adicionava ao seu cansaço. Sterling fechou os olhos, tentando encontrar um momento de descanso.
——
Pouco depois, houve uma batida forte na porta da carruagem, um som que o trouxe de volta ao presente. Ele observou a maçaneta girar e ouviu um clique suave enquanto a porta lentamente rangia ao abrir. Faye estremeceu sob a capa por causa da brisa fresca da noite que inundava o compartimento da carruagem. Ela tossiu incontrolavelmente. Sterling percebeu isso e se endireitou, preocupado com o que estava acontecendo.
"Boa noite, comandante, os homens disseram que o senhor pediu para falar comigo?"
Quando Merrick entrou na carruagem, seus olhos pousaram nos braços do Duque, que estavam firmemente envoltos em uma mulher que parecia estar em condição crítica.
A visão dela fez sua testa franzir de preocupação. Sua respiração estava irregular e superficial, como se ela lutasse para puxar o ar. A cor havia drenado de seu rosto, deixando-a pálida e frágil. Seus lábios estavam tingidos com um tom profundo de roxo. Apenas as maçãs de suas bochechas mostravam cor, e estavam rosa brilhante.
Merrick expressou grande preocupação ao ver a condição deteriorante da mulher.
"Comandante, precisamos chegar à próxima cidade. Rapidamente. O tempo está se esgotando para sua noiva. Precisamos encontrar um curandeiro ou médico para tratá-la, ou temo que ela não sobreviverá até o amanhecer."
Sterling perguntou, "Por que você acha que eu te chamei aqui? Sua filha não sofre de pulmão de fogo? Como você a trata quando ela está doente?"
A expressão de Merrick azedou enquanto ele balançava a cabeça desaprovadoramente para Sterling.
"Serei direto. Você nunca teve uma esposa ou filha para cuidar e se preocupar, então você não entenderia. Não tratamos a condição da minha filha, pois pode piorar ou até matá-la. Chamamos o curandeiro, que tem o conhecimento. Eu não sei como fazer isso. Precisamos partir agora."
Merrick foi estender a mão através da carruagem para tocar a testa de Faye, mas antes que pudesse, Sterling bateu em seu braço, impedindo-o.
"Não! Tenha cuidado para não tocá-la," ele alertou.
Merrick transmitiu sua preocupação. "Eu posso ver ela tremendo e suas bochechas estão avermelhadas. É um sinal. Ela pode estar com febre."
Sterling franziu a testa com as palavras de Merrick. A única coisa que ele sabia sobre febres de seus dias no campo de batalha — se não tratadas, poderiam matar.
Merrick levantou-se, curvado na carruagem, preparando-se para sair. Ele se virou e falou com o Duque.
"Espere aqui com ela, comandante, eu vou avisar as tropas que estamos partindo e voltar com algo que pode ajudar na febre de sua esposa."
Ele ouviu o vice-comandante gritar para os outros cavaleiros se prepararem para viajar. Alguns resmungaram e reclamaram sobre os perigos de atravessar essa área à noite na chuva. Merrick foi rápido em controlar os homens e calar suas reclamações.
"Parem de resmungar! A esposa do Duque está mal. Devemos nos apressar para Easthaven."
Ouvindo essa notícia perturbadora, o grupo de homens caiu em um estado de silêncio. O único som era o farfalhar do couro e os cascos suaves dos cavalos na lama. Todos observaram enquanto Merrick emergia das sombras. Em sua mão, ele segurava um cantil de água e um pequeno pacote de papel. A atmosfera ao redor estava tensa.
Os olhos dos homens seguiam cada movimento de Merrick enquanto ele retornava à carruagem com o cantil e o pacote. Eles observaram Sterling receber o pacote e cheirá-lo. Os cavaleiros que estavam assistindo todos assumiram que eram ervas curativas para a esposa do Duque.
"Despeje isso na água e faça ela beber. Ela provavelmente vai lutar contra você, já que tem um gosto extremamente amargo. No entanto, acredito que reduzirá a febre dela o suficiente até chegarmos em Easthaven."
O som de um cavalo relinchando interrompeu suas instruções.
O Duque encarou Merrick severamente.
"Acho que isso significa que devemos partir."
Merrick respondeu.
"Com certeza, comandante."
Sterling observava pela janela da carruagem enquanto os homens montavam seus cavalos. Em instantes, a ordem para partir foi dada, e o resto do grupo seguiu o exemplo. O único som que se ouvia era o dos cascos batendo contra a terra enquanto partiam na direção de Easthaven.
À medida que a carruagem avançava, Sterling fazia como Merrick instruíra e preparava o remédio para Faye. Quando ele abriu o pacote de pergaminho, um potente odor de erva amarga atingiu suas narinas. Seu nariz se enrugou com o cheiro. Ele despejou o conteúdo no cantil de água e observou lentamente dissolver.
Ele acomodou Faye em seus braços, depois a sacudiu gentilmente, chamando-a pelo novo apelido que havia dado. Sua voz era sarcástica enquanto falava.
"Acorde, minha doce borboleta. Merrick, o cavaleiro valente, diz que você tem que beber isso."
Os olhos de Faye se abriram lentamente. O branco estava vermelho e injetado. Seu olhar vidrado o encarava, e ela lutava para se soltar de seu firme aperto, quase derramando o elixir em ambos.
Sterling deu a Faye um olhar de desdém.
"O que há, borboleta? Viu algo do seu passado que reconhece? Agora se acalme e fique quieta. Tome seu remédio como a boa menina que eu sei que você é."
Faye tentou desesperadamente se afastar de Sterling e não beber a água com ervas.
No entanto, foi inútil. Ele apenas a restringiu mais e forçou sua boca a se abrir, despejando a água amarga dentro dela. Faye engasgou e espirrou. Cuspiu o líquido azedo de seus lábios. Ela só conseguiu beber metade do remédio. O resto escorria por seu queixo e peito.
Os olhos carmesins de Sterling encaravam Faye enquanto ele a advertia firmemente, tentando mantê-la quieta.
"Pare de lutar contra mim, pequena. Eu odiaria machucar alguém tão delicada quanto você."
Na sua advertência severa, ela parou de lutar e ficou mole. Sterling olhou para baixo para ver que ela havia perdido a consciência mais uma vez.
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