As dores de cabeça, o cansaço geral. Sua dificuldade em focar. Sua perda de interesse nas coisas cotidianas normais. Até a comida agora tinha gosto de papelão. Coisas que costumavam ser um grande impulsionador de humor agora só serviam para deprimi-lo ainda mais. E quando não estava se sentindo mal, Derek estava com raiva.
E não apenas uma raiva comum por coisas que irritariam qualquer um. Coisas como os esquemas intermináveis de seu tio, pessoas rudes, crianças malcriadas, motoristas mal-educados cortando-o no trânsito. Essas coisas, Derek entenderia se ficasse com raiva, mas agora as menores coisas eram suficientes para deixá-lo furioso.
Uma pessoa sorrindo para ele em cumprimento. O vento de repente levantando algumas folhas durante um passeio pelos jardins do solar. Portas fechando, portas abrindo! O céu estar azul demais! O sol brilhante demais! Mesmo apenas pensando nessas coisas fazia sua frequência cardíaca aumentar.
Incapaz de confiar em si mesmo, Derek passou a evitar sua mãe. Se ele estourasse com ela, não teria como ela não perceber que algo estava errado. Mesmo com todos os cremes para olhos que usava para evitar olheiras, ela saberia que ele não estava dormindo.
Então ele começou a evitá-la ativamente. Chegando em casa quando sabia que ela estava fora ou dormindo. Ele estava nessa há uma semana agora, e tinha certeza de que ela sabia que algo estava acontecendo. Mas, contanto que ela não suspeitasse que ele estava com dificuldade para dormir, então ele estava bem.
Mas havia outra pessoa importante em sua vida (mesmo que ele não quisesse admitir), e essa pessoa ele não podia evitar, sua Assistente Pessoal.
Na maior parte do tempo, ele a manteve afastada do pior de seu humor irritadiço, guardando toda a gritaria e palavrões para quando ela não estava por perto. Contanto que ele não estourasse com ela, ele tinha a situação sob controle.
...Derek acabou estourando com ela.
"Você está tentando ser demitida, Senhorita Molson?" Uma parte distante dele estava implorando para ele parar, sair da sala, mas tudo o que ele conseguia fazer era ficar lá enquanto sua boca tomava as decisões por ele.
"Não, Sr. Haven," Ela respondeu, sem se encolher e olhando diretamente nos olhos dele. Seu coração se apertou ao ser chamado de 'Sr. Haven', ela nunca o chamava assim. Mas sua boca tinha vontade própria.
"Então por que eu acabei de ter que fazer uma apresentação para um cliente importante e slides importantes do meu trabalho estavam faltando!" Ele não pretendia gritar a última parte, mas gritou de qualquer maneira.
"É completamente minha culpa, Sr. Haven, eu devo ter excluído eles sem perceber," Derek quis gritar, consigo mesmo e com ela. Não era toda a culpa dela, ele deveria ter verificado se tudo estava em ordem antes da reunião.
Além disso, não foi um completo desastre. Quando ele percebeu que faltavam slides, ele desviou a atenção das pessoas das projeções, e ela manipulou a situação por trás. Arrumando tudo sem que uma única alma percebesse que estavam à beira de um desastre.
Ela demonstrou uma calma sob pressão que muitos executivos seniores não possuíam, mas mesmo com tudo isso, tudo o que Derek via era quão mal as coisas poderiam ter ido.
Não era uma bagunça flamejante, tudo estava bem. Melhor que bem, o cliente tinha assinado com eles na hora.
Mas Derek não conseguia fazer sua raiva entender isso. E não ajudava o fato de que, em vez de se posicionar como ele estava acostumado a vê-la fazer, Emily estava apenas parada ali e aguentando. Um olhar distante nos olhos dela.
Ela não tinha o direito de parecer tão cansada. Tão derrotada, não quando ela conseguia dormir todas as noites, e isso o deixava ainda mais irritado.
Com medo de dizer coisas das quais não poderia se retratar, Derek apontou para a porta. Ordenando que ela saísse sem dizer uma palavra. Ela foi silenciosamente, seus passos mais lentos que o usual, seu pequeno corpo balançando a cada movimento.
Ela estava doente? Era por isso que ela havia cometido um erro tão fora do comum?
Ele tinha acabado de gritar com alguém que estava ficando doente?
Com a culpa roendo-o, Derek andava pelo escritório um pouco, então ele se sentou novamente e girou na cadeira. Ele girou uma vez, duas vezes, então parou e pegou o telefone.
Era uma questão simples de encontrar o contato certo e discar.
"Alô, eu gostaria de marcar uma consulta…" Ele começou.
Até o final da ligação, Derek havia marcado uma consulta que ele sabia que ao final, lhe seria prescrito exatamente o que ele vinha evitando o tempo todo.
Comprimidos para dormir.